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sexta-feira, 12 de julho de 2013

O Olhar do Cusco in Jornal A Voz de Esmoriz

Como estou a léguas de Esmoriz City, não poderei aceder aos textos dos jornais conceituados da nossa ilustre terra. Por isso, estou impossibilitado de fazer os seus resumos durante os próximos 12 meses. Não me levem a mal os seus editores, mas a minha adversidade é real. Contudo, faço um apelo sério para que as pessoas leiam sempre as edições do Jornal "Voz de Esmoriz" e "Malho Tanoeiro" (e já agora também o "Barrinha em Foco"), de forma a manterem-se devidamente informadas sobre o real estado da cidade.
Mesmo assim, os meus artigos que saem no Jornal Voz de Esmoriz continuarão a ser transcritos posteriormente neste blog, tal como este que saiu numa das últimas edições:



O Olhar do Cusco

Um Pouco de Toponímia



Hoje, vamos falar um pouco sobre a origem dos nomes de algumas localidades inseridas na nossa região. Creio que é um tema interessante que decerto fascinará o leitor, dado que remete o mesmo para a curiosidade.
Assim sendo, começaremos a citar alguns casos:

Esmoriz – De acordo com Aires de Amorim, a sua origem remonta ao período da Reconquista Cristã, com a presumível existência dum cavaleiro chamado Ermerico. Daí surgiria a designação de “villa Ermorici”. Infelizmente, desconhecemos mais pormenores sobre este alegado nobre cristão. O nome deste cavaleiro é, indiscutivelmente, de origem germânica, e quem sabe, se o mesmo não encontrará as suas raízes no rei suevo Ermerico (409-441)?!!

Gondesende – A designação deste lugar deriva do conde D. Gundesindo Éris que terá vivido entre os séculos IX-X. Casado com Inderquina Pala, fundaria alguns mosteiros, nomeadamente o de Azevedo (S. Vicente de Pereira) e o de Sanguedo (Feira). Detinha inúmeros bens, de entre os quais, a própria vila de Esmoriz, onde ainda é recordado na toponímia.

Paços de Brandão – Encontra as suas origens em Fernão Brandão, um cavaleiro do tempo do Conde D. Henrique (séculos XI-XII). Pertencia a uma família com clara influência na região. No ISPAB (Instituto Superior de Paços de Brandão), pode ser observada, numa galeria, uma medalha dedicada a esta personalidade.

Cortegaça – Albertino Pardinhas defende que a designação desta vila (no passado, fora um concelho que viria a ser extinto no século XIX) advém do latim “corticatia”, termo que está directamente relacionado com a cortiça. Tal não seria de estranhar pois em tempos mais remotos, naquela localidade seriam visíveis diversos sobreiros, soutos e castanheiros. 

Maceda – Origem algo semelhante à de Cortegaça. Neste caso em particular, o topónimo de Maceda remonta ao adjectivo latino “matiana” (evoluiu posteriormente para “matianeta”). Talvez no período de ocupação romana, a terra possuiria inúmeras macieiras bravas e a partir desta evidência, chegaríamos à sua designação actual.

Ovar – Miguel de Oliveira lança a hipótese de o nome desta cidade derivar de Oduário (“villa de Oduarius”), um senhor cristão, embora se desconheça se terá vivido na época de domínio suevo-visigótico ou na fase da Reconquista Cristã. João Frederico Pinho explora outra hipótese, salientando a possibilidade de ter existido uma “multidão de aves palustres que punham ovos e criavam aqui”. Ovar poderia então derivar do termo “oval”, alimentando a existência dum “sítio de ovos”. Mas os estudos prosseguem…

Silvalde – Esta vila encontra as suas raízes em Sisualdo (ou Sisualdi/Sisualdus), alegadamente um nobre cristão que terá desempenhado a sua actividade num período ainda não identificado.

Paramos – Durante a Idade Média, foi uma honra/terra privilegiada. Segundo a tradição popular, os Pintos de Paramos (família aristocrata), tendo chegado ao local aprazível onde ergueram o seu nobre solar, deslumbrados pela beleza e encantos da paisagem, exclamaram: “aqui paramos!” (e daí a suposta designação da localidade). Contudo, e de acordo com Manuel de Sá, esta teoria não faz sentido, até porque existem documentos mais antigos que já referiam tal designação toponímica. Por isso, o mistério da proveniência deste curioso topónimo continua em aberto. Aceitam-se novas propostas!

Espinho – Apesar de alguma controvérsia, esta cidade poderá ter encontrado as suas raízes numa aventura “lendária” protagonizada por dois galegos que, ao virem a sua embarcação a afundar-se em alto mar, agarraram-se a uma prancha de madeira. Depois de salvos, encetaram uma discussão sobre a origem da madeira “salvadora”. Um deles dizia que era madeira de castanho, enquanto que o outro discordava - “No. Es pino” (Madeira de Pinho). Com esta afirmação de um dos galegos, temos a junção dos termos Es e pino/pinho. Todavia, também é uma teoria que não reúne consenso, pois há historiadores que defendem a existência da villa de Spino (lugar) que pertenceria a S. Félix da Marinha, durante a época Medieval.


Rio Meão – Esta freguesia deve as suas origens ao rio Medianus (isto é, Rio Mediano, do Meio, mais tarde evoluiu para Rio Meão). Trata-se dum riacho que corre entre Santa Maria da Feira e Paços de Brandão.


O estudo da toponímia é uma “arte” fascinante, mas está longe de ser uma tarefa fácil, pois tal remete-nos para a análise das origens das localidades, algo que exige um estudo rigoroso e sério. Hoje, podemos defender uma teoria, amanhã, pode surgir um novo estudo com outros elementos, propondo assim outras hipóteses. Contudo, o debate é necessário e daí a utilidade deste meu artigo.

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