Aqui há uns dias atrás, aplaudi o consenso partidário em redor da abolição, ou pelo menos, do corte nas subvenções vitalícias destinadas a antigos políticos. É uma medida que espero que vá para a frente, apesar das declarações pouco conseguidas de Manuel Alegre que falou numa campanha contra os políticos, o que não parece corresponder à verdade. Os sacrifícios devem ser para todos.
Ontem, ficamos a saber que afinal o corte nas pensões de sobrevivência acumuladas só ocorrerá em situações cujo rendimento supere os 2000 euros (400 contos na moeda antiga). Se os cortes começassem na ordem dos 500 ou 600 euros (como muitos disseram por aí, inclusive eu - faço uma mea culpa), aí sim, eu descarregaria mais um rol de duras críticas, pois há quem tenha as suas despesas e a dos seus familiares (filhos e netos) que necessitam igualmente de apoio nestes tempos muito complicados.
Mas a partir do momento em que os cortes serão apenas aplicados em 3,5 % dos pensionistas que auferem uma verba superior a 2000 euros (na junção das suas pensões), eu só posso concluir pelo realismo e equilíbrio da postura tomada. Por favor, desculpem-me, mas eu nem sei se o termo pensões de sobrevivência deveria condizer com verbas tão elevadas. Todos temos de contribuir. É verdade que pode estar em causa o princípio de confiança e a inconstitucionalidade da medida, mas esta é das menos más que poderiam surgir. Aceito este corte, pois é evidente que é necessário equilibrar as contas, cada vez mais difíceis, da Segurança Social. Os sacrifícios devem ser repartidos por todos. Por isso, eu não consigo compreender a oposição parlamentar que veio falar em roubo e desonestidade, depois da declaração de Paulo Portas. Sinceramente, não sei o que é que eles queriam. Repito, a medida não é tão má como pintam. Poderia ser muito pior! Ninguém vai passar fome com esta acção governativa, quer passe ou não no Tribunal Constitucional.
Agora sim, existem outras injustiças, essas bem mais graves, que empobrecerão os portugueses. É aí que a oposição deve canalizar as suas energias. Falo em concreto das portagens nas Ex-Scut (estabelecidas sem serem asseguradas alternativas decentes para os utentes - quando é que revogam esta medida injusta?), da elevada carga fiscal ou da mais recente polémica em torno do aumento da taxa audiovisual (na conta de electricidade) para financiar a reestruturação da RTP. Por falar nisso, hoje o Correio da Manhã refere que existem 31 profissionais deste Canal que ganham mais do que o Presidente da República (este vence 6523 euros mensais). Estamos perante verbas que, em alguns casos, atingem o dobro deste vencimento. E depois querem o quê? Que culpa têm os portugueses desta gestão irrealista?
Isto sim, revolta-me profundamente! Afinal, há ainda muito dinheiro para estragar em mimos!
Imagem nº 1 - Paulo Portas teve um dos momentos mais aceitáveis neste Domingo Passado, garantindo que os cortes na TSU serão apenas aplicados nos rendimentos mais elevados.
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