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terça-feira, 19 de novembro de 2013

Correio do Leitor - Prof. Albertino Ferreira aborda o poder de compra concelhio no Distrito de Aveiro

É em São João da Madeira que se vive melhor no distrito de Aveiro


O Instituto Nacional de Estatística acaba de publicar o Estudo Sobre o Poder de Compra Concelhio, cujos dados reportam ao ano de 2011. 
Não são abrangidos, por isso, os anos de 2012 e de 2013, período de particular desassossego e sofrimento para a maioria dos portugueses.
Independentemente desse facto, que é inevitável dado o processo de recolha e tratamento das estatísticas, as informações apresentadas são relevantes, permitindo obter uma ideia sobre o nível de riqueza e, consequentemente, da qualidade de vida dos portugueses nos diferentes pontos do país.
De entre todos os municípios, este artigo irá focar-se nos dezanove que constituem o distrito de Aveiro.
Desde logo, a primeira grande evidência que ressalta é a de que somente em dois – São João da Madeira e Aveiro – o poder de compra dos cidadãos supera a média nacional, à qual é atribuído o valor de 100.
Em todos os outros é inferior. Com a agravante de Sever do Vouga, Vagos, Murtosa, Arouca e Castelo de Paiva se encontrarem na metade inferior da lista das 308 sub-regiões estudadas, isto é, situam-se entre as mais pobres do País; sublinhado que é particularmente forte para Arouca e Castelo de Paiva.
Como escrevi acima, é em São João da Madeira que se regista o melhor nível de vida no distrito, encontrando-se em 8.º lugar a nível nacional. No entanto, o seu poder de compra representa apenas 59,88% do Poder de Compra per capita do concelho de Lisboa, o mais desenvolvido, o que constitui uma demonstração da grandeza das desigualdades regionais no nosso país,
A posição melhora relativamente ao Porto (80,33%) e é quase idêntica à de Coimbra (98,61%).
No extremo oposto, é dramático o panorama de Castelo de Paiva, com o poder de compra da sua população a não chegar, sequer, aos 30% do seu congénere lisboeta.
De uma forma geral, a qualidade de vida em todo o distrito, medida pelo Indicador do Poder de Compra, está muito distante do que melhor já se vive em Portugal. 
No mesmo sentido, são grandes as disparidades no interior do distrito.
Espinho, por exemplo, embora seja o terceiro melhor no quadro distrital, regista um nível de vida inferior em 30,21 pontos percentuais ao de São João da Madeira. 
De 2000 a 2011
O INE aconselha prudência nas comparações ao longo de tempo – particularmente importantes para se aferir do sentido da evolução – uma vez que existem diferenças no modo como é calculado o poder de compra per capita nas versões anteriores do EPCC, o que torna menos fiável a sua comparação.
Essa dificuldade pode ser obviada em parte, sugere o INE, pelo recurso à ordenação das unidades territoriais segundo o valor do respetivo índice.
Procedendo-se dessa forma, são imediatamente visíveis as mudanças no poder de compra concelhio nas sete versões do Estudo desde o ano 2000. 
Em relação a esse ano, em 2011, num movimento de altos e baixos, doze concelhos perdem posições, dois mantêm – Aveiro e Arouca – e cinco sobem de lugar –Ílhavo, Ovar, Mealhada, Vale de Cambra e Estarreja. 
Só por si, esta dinâmica poderia provocar a conclusão de que o panorama concelhio global teria ficado pior. Todavia, não sendo de descartar essa asserção, outros dados sugerem (ver pontos 3 e 4 abaixo) de que o que se terá antes passado foi que outros municípios evolucionaram mais favoravelmente do que a maioria do distrito de Aveiro.
Assim, no todo distrital podem extrair-se algumas linhas de força:
1 – Os três concelhos com maior nível de riqueza são sempre Aveiro, Espinho e São João da Madeira, embora com alteração das posições entre si.
Apenas eles registam um poder de compra superior à média nacional, salvo Espinho em 2011.
3 –É significativo o fosso de todos os municípios para o mais desenvolvido do país, embora se verifique a tendência para uma melhoria em todos eles.
4 – A desigualdade ao nível da riqueza entre as dezanove sub-regiões do distrito é relevante e mantém-se, observando-se, contudo, um ligeiro atenuar das diferenças, o que é quase geral. 
5 – São João da Madeira afirma-se em 2011 como o mais favorável para se viver, o que já tinha sucedido em duas outras ocasiões anteriores, em 2002 e em 2000.
6 – Na cauda da tabela distrital mantêm-se Arouca e Castelo de Paiva como os mais pobres do distrito e, também, dos mais pobres do país.
Em conclusão, os números parecem sugerir algum progresso, embora mais lento do que em outras unidades territoriais.
Infelizmente, a magnitude das diferenças é de tal ordem que torna evidente que se perpetuarão por muito tempo se não forem tomadas medidas enérgicas para as combater.




Tabela 1



Na Tabela 1 encontram-se os valores assumidos pelo IpC nas sete versões do EPCC desde 2000. Como se indicou, o INE recomenda cautela na comparação entre os valores do indicador ao longo do tempo.



Tabela 2




Na Tabela 2 é indicado o lugar que cada concelho ocupa na lista dos 308 municípios do país (306 em 2000). Logicamente, quanto menores forem os números, melhor a posição. Neste quadro está patente uma situação deveras irregular, com a maioria dos concelhos a posicionarem-se pior em 2011 relativamente a 2000.



Tabela 3





Na Tabela 3 compara-se o poder de compra em cada concelho com o de Lisboa. Como se constata, todos os concelhos se aproximaram do nível de Lisboa, embora num movimento irregular. 



Tabela 4





A Tabela 4 mede o poder de compra de cada concelho em relação ao de Aveiro, por ser o que contém a capital do distrito e também por ter assumido os melhores valores na maioria das observações realizadas.



Gráfico 1







O Gráfico 1 visualiza os dados da Tabela 3.



Gráfico 2





O Gráfico 2, pela sua parte, reflecte os valores da Tabela 4.



Esmoriz, 17 de Novembro de 2013
Albertino Ferreira




Nota: Carregar em cima das tabelas e gráficos para visualizar melhor cada caso!


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