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quarta-feira, 30 de julho de 2014

Ainda o caso do Meco...

Hoje é noticiado o arquivamento deste caso que deu muito que falar na Comunicação Social. Sinceramente, e apesar de respeitar (bastante) a dor dos pais das seis vítimas, não esperava outro desfecho e em seguida, vou explicar porquê...
Em primeiro lugar, acredito que não existam provas que condenem João Gouveia, o ex-dux da Lusófona. Aliás, não tenho dúvidas de que ele nunca quereria que os seus 6 companheiros perecessem ali. Por isso, ninguém poderá insinuar que o resultado fatídico foi produto da real intenção do novo líder das praxes académicas. Agora quando falamos em negligência, a situação já muda de figura. É exactamente aqui que se concentra o mistério de todo este caso. Até que ponto João Gouveia impeliu os seus companheiros de se aproximarem do mar revolto àquelas horas da madrugada? O que andavam ali a fazer - a passar tempo ou a realizar um ritual arriscado de praxe? Como é que uma onda ceifa seis pessoas num só momento? João Gouveia ordenou algo que colocasse em perigo os seus colegas? É verdade que andaram a limpar provas (por exemplo na praia)? E que provas eram essas?
São estas as questões que se calhar nunca serão devidamente esclarecidas. Agora, é evidente que o relato do único sobrevivente (isto se não estivessem mais pessoas na praia) não faz muito sentido: disse que uma onda destruiu num relance a vida dos seus seis colegas e que tentou entrar no mar para os salvar, referindo que tinha saído fisicamente destroçado (mas a verdade é que, de acordo com a investigação magistral da TVI, conduzida pela Dra. Ana Leal, João Gouveia nunca chegou a entrar no hospital com sinais de hipotermia ou pré-afogamento), isto para além de muitos pormenores contados não encaixarem bem no puzzle. Mas também não podemos negar - esta é a única versão da história, quer gostemos ou não dela. Não havia mais testemunhas, ou se as havia, acabaram por se calar e evitar que o seu nome fosse envolvido neste drama. Aliás, um pacto de silêncio parece ter sido firmado no COPA. Se houve ou não ocultação de provas, isso nunca o saberemos, mas a verdade é que a investigação das autoridades se pautou, neste caso, pela passividade e demora. A Universidade Lusófona também remeteu-se ao silêncio.
Por outro lado, também não é menos verdade que as seis vítimas que faleceram naquela praia, até se podem queixar do azar, mas a principal causa do seu infortúnio foi definitivamente a falta de prudência (não eram obrigadas a estar ali sujeitas a um possível fim macabro). Mesmo assim, partilho a dor dos pais, porque é terrível perder-se um filho desta forma absurda, quando este tinha uma vida longa e promissora pela frente. É definitivamente chocante, e claro que sinto-me revoltado quando leio comentários de outras pessoas a referirem que eles só queriam ganhar protagonismo com este caso. Eles estão a sofrer e precisam do máximo de apoio para lidar com esta dura realidade.
Em jeito de síntese, não há provas sequer para levar João Gouveia a responder em tribunal, e por isso, só resta às autoridades aceitar a única tese, mesmo que pouco convincente, a do acidente sem qualquer negligência.


Meco: Processo foi arquivado, famílias vão recorrer

Imagem nº 1 - Paz às almas das seis vítimas da Praia do Meco. E desejamos muita força aos pais!

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