A tradição do teatro em Esmoriz é algo antiga, visto que já na década de 1940 existiam colectividades que se dedicavam a esta actividade – são os casos do Grupo Familiar Recreativo de Esmoriz e o Orfeão de Esmoriz. Na década de 80, tivemos ainda conhecimento da presença do Grupo Cénico dos Bombeiros Voluntários de Esmoriz e ainda do Grupo Teatro Girassol. Estes foram os primeiros herdeiros “esmorizenses” do legado de Gil Vicente, considerado um dos fundadores e dinamizadores do Teatro em Portugal. Evidentemente, muitos destes grupos amadores desapareceriam, mesmo quando asseguravam, com o máximo de esforço e concentração, as suas iniciativas. Estes artistas da nossa terra já exibiam as suas qualidades noutras terras, nomeadamente havia grupos que se deslocaram até Anadia.
Imagem nº 1 - Folhetos de espectáculos de colectividades esmorizenses antigas que já se dedicavam à arte teatral.
Foto da minha autoria
No dia 30 de Junho de 1992, começava um novo projecto que procurava manter toda esta tradição – o Grupo de Teatro Renascer, fundado por quatro personalidades: o Prof. Álvaro Cristina Amaral (falecido em 1999), João Marinheiro, João Gomes e Rui Gomes (este último também já cá não está entre nós). Este grupo de teatro integra inclusive o núcleo muito restrito de colectividades que estiveram por detrás da fundação da ANTA – Associação Nacional de Teatro de Amadores. Apesar de vários momentos de impasse, a instituição acabaria por conhecer uma notória difusão, transformando-se mais tarde na Federação Nacional de Teatro, processo que contou sempre com o apoio incondicional do Grupo de Teatro Renascer.
O primeiro fórum permanente de teatro, a nível nacional, foi realizado em Esmoriz (em Janeiro de 2008), e desde esse momento até então, este modelo de evento nunca mais cessou, percorrendo o país inteiro.
Imagem nº 2 - O Professor Álvaro Cristina Amaral foi um dos fundadores, a sua herança cultural é recordada na colectividade com um grande carinho.
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O Grupo de Teatro Renascer já organizou 14 festivais de teatro em Esmoriz (o primeiro festival aconteceu no ano de 2000, e agora está a caminho da 15ª edição que decorrerá em 2014 ), apresentando peças novas (De Beren e Lúthien, Era uma vez um Dragão, Era uma vez o Galo Zinho e Sem Saída, estas as mais recentes), convidando outras colectividades de outras regiões do país e ainda trazendo personalidades incontornáveis deste sector: Ruy de Carvalho, João de Carvalho, Odete Santos, Carlos Alberto da Conceição Rodrigues, Leandro Vale, Júlio Cardoso, Alfredo Correia, Almeno Gonçalves, Maria João Abreu, Irene Cruz, António Capelo, Óscar Branco, Joaquim Nicolau, entre outros. A adesão tem sido significativa e o reconhecimento tornou-se numa realidade, embora talvez mais visível no exterior de Esmoriz. Aliás, o intercâmbio cultural é o meio ao qual recorrem para atrair novos grupos à nossa cidade. Por outras palavras, o Grupo percorre e actua em qualquer parte do país a convite de outras colectividades, e depois ao entrar em contacto com estas, também elabora o seu próprio pedido para que venham igualmente apresentar as suas peças aqui.
É necessário ainda salientar que esta colectividade organizou vários espectáculos solidários realizados em hospitais e centros sociais, arrancando sorrisos, gargalhadas e muitas emoções àqueles que são alvo fácil da crise ou do azar na saúde. Sem dúvida, um gesto nobre.
A sua primeira de várias actuações realizadas fora de Esmoriz decorreu em 1995 (isto é, três anos depois da fundação) em Manteigas.
Foram muitos os actores respeitados que passaram por esta casa com orgulho e dedicação (alguns ainda permanecem e contribuem para transmitir um legado importante): João Gomes, Silvino Gomes, Armando Marinheiro, Francisco Pinho, Lúcia Bandeira, Cátia Assunção, Conceição Nunes, Sérgio Silva, Samuel Marinheiro, Vanessa Oliveira, Óscar Marinheiro, Fátima Ramalho, Teresa Pinho, Cristiano Sá, Joela Domingues, Emanuel Pinto e Daniela Nunes (estes dois últimos mais conotados com a vertente musical).
A colectividade já alcançou 3 finais do Concurso Nacional de Teatro organizado pela Federação Nacional de Teatro, o que contribui para a divulgação do seu trabalho. Aliás, o seu palmarés está recheado de troféus, medalhas, condecorações e menções honrosas. Destacamos com grande honra, a medalha de ouro da Cidade de Esmoriz atribuída pela Junta de Freguesia, presidida na altura por Alcides Alves, em 3 de Julho de 2005.
Imagem nº 3 - Estante com menções honrosas e condecorações atribuídas ao Renascer.
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Imagem nº 4 - Outros destaques: ao lado esquerdo, está o diploma relativo à medalha de ouro da Cidade de Esmoriz, a qual foi recebida pela colectividade em 2005.
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Imagem nº 5 - Outro armário que reúne outros feitos alcançados pelo grupo de teatro, já muito bem conhecido de Norte a Sul do País.
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O Grupo, agora liderado por João Gomes, sonha com a reabilitação do EsmorizTur (que tinha capacidade para albergar 650 pessoas!), aquela casa da cultura esmorizense, onde plateias quase inteiras aplaudiram entusiasticamente os seus espectáculos. Aliás, o Renascer garante que chegou a ter uma média de 500 espectadores que assistiam atentamente à arte teatral, um número bastante apelativo. As condições eram outras naqueles tempos, agora a colectividade tem de se cingir ao auditório da Junta de Freguesia, o qual não possui a mesma capacidade, embora seja ainda digno para a apresentação de iniciativas culturais.
O processo de rejuvenescimento do grupo foi sempre levado a sério com os mais jovens a integrar esta arte que, infelizmente, é subvalorizada em Portugal em detrimento de bizarros reality show’s que por aí circulam nas nossas televisões. Apesar das dificuldades, a colectividade mantém o seu dinamismo e talento, desejando prolongar a obra vasta encetada nos últimos 22 anos.
O teatro tem pois uma finalidade educativa viabilizada por vários géneros, nomeadamente a comédia e o drama. Os seus artistas emprestam a sua alma criativa, recordando as tradições ou os problemas sociais prementes. E o Renascer, em abono da verdade, sempre soube imprimir, com brilhantismo e eficácia, esta missão valiosa.
Poema Renasceste
(Autoria Mário Jorge em 2005)
Renasceste, ganhaste vida
Lentamente cresceste
Ganhaste maturidade
Eu não acompanhei
Os teus primeiros passos
Mas uma coisa eu sei
Com a ajuda dos meus braços
Alguma coisa te dei
Continua vai em frente
Que mais força te darei
Agrada a toda a gente
Que jamais te deixarei.
O Teatro é obra da vida
A Vida é teatro sofrido
Tu sofres na vida
O Teatro sofre contigo.
Imagem nº 5 - João Gomes (Grupo de Teatro Renascer) a desempenhar o seu papel na peça Era uma vez o Galo Zinho, no âmbito das Festividades da Cidade no ano de 2014.
Retirada de: http://www.radioavfm.net/noticias/reparraialesmoriz
Imagem nº 6 - A Equipa maravilha.
Nota - Agradecemos o manancial de informação e as informações que nos foram concedidas pelo Presidente João Gomes para a elaboração deste artigo.
A título de curiosidade, outro grupo de teatro em Esmoriz com provas dadas é constituído pelos Arautos.
Primitivo Logotipo do Grupo de Teatro Renascer.
Referências Consultadas:
- Boletim Informativo - Grupo Teatro Renascer. Coord. João Gomes. 10 edições anuais compreendidas até 2013. Esmoriz.
- http://www.teatrorenascer.com/, (Site oficial do Grupo de Teatro Renascer).
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