Páginas

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

O efeito nefasto das sondagens para a Democracia

Este texto não pretende, de modo algum, o fim das sondagens que visam avaliar as intenções de voto dos portugueses. Somos sim contra a utilização excessiva das mesmas no período de campanha eleitoral, o que tem vindo a acontecer sistematicamente nos últimos 2 ou 3 meses. Todos os dias somos bombardeados com estatísticas e penso que deveria haver mais bom senso ou moderação. Mesmo sem repararmos, já todos sabemos de cor e salteado quais são as empresas/grupos que ganharam visibilidade através da realização das sondagens - Aximage, Intercampus, Universidade Católica, Eurosondagem... 
Como em tudo na vida, os exageros podem originar consequências nefastas. Neste caso em concreto, os prejuízos serão para a nossa democracia que bem precisa de se credibilizar, face ao empobrecimento geral do povo português, processo muito visível durante os últimos 10 anos.
Em primeiro lugar, as sondagens mobilizam e galvanizam os partidos que normalmente estão melhor cotados. Não vale a pena negar - é uma realidade que foi inclusive confirmada ontem pelo afamado comentador político - Marcelo Rebelo de Sousa que acredita que a coligação governamental (que lidera em quase todas as sondagens) vai ainda crescer mais nesta última semana, partindo a partir do estímulo das sondagens já conhecidas.
Por outro lado, as sondagens trazem desalento aos partidos que estão longe de alcançar o resultado que ambicionavam. Isso pode fazer com que os eleitores descontentes ou indecisos dessas forças políticas optem por votar em outras alternativas partidárias, ou até pior, podem até nem sequer comparecer às urnas (desmobilização). E parece que os partidos da esquerda mais "enérgica" já se aperceberam disso, procurando, neste caso, cativar parte do eleitorado socialista que, neste momento, parece estar em quebra, isto a, ter fé nas últimas sondagens...
Piores consequências estão reservadas para os ditos partidos minoritários que, de acordo com as últimas sondagens, poderão não conseguir eleger qualquer deputado. Além de não terem direito ao mesmo tempo de antena e ao recurso de semelhantes meios de campanha que usufruem, por exemplo, os outros restantes cinco partidos, podem inclusive perder parte do seu eleitorado que acredita que o seu partido não irá eleger ninguém (fiando-se assim nas sondagens), pelo que é preciso enveredar pela terminologia disparatada do "voto útil" em partidos com representação parlamentar, ou até mesmo nos principais concorrentes à vitória das eleições legislativas.
Será isto saudável para a democracia? Não, não achamos. Na nossa opinião, as insistentes sondagens podem ter um impacto enorme ao nível dos indecisos, e pode fazer com que estes que, até então estavam tendentes a votar em outros partidos, mudem rapidamente de ideias. 
Os portugueses têm de votar em qualidade e em consciência. No boletim de voto, estarão 16 partidos e nenhum deles merece ser beneficiado ou penalizado pelas sondagens ou pela farsa do "voto útil", mas sim pelos seus projectos políticos. Isso sim é que deveria ser debatido.
As sondagens não passam pois de números, e como já se provou nas eleições realizadas recentemente em Inglaterra e na Grécia, elas também falham... e muito!





Imagem nº 1 - Se for votar no dia 4 de Outubro, faça-o em consciência.

Nenhum comentário:

Postar um comentário