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sábado, 31 de outubro de 2015

Maxwell Aurélien James fotografou Esmoriz (texto de Ana Marques Maia)


Portugal e Espanha: uma bizarra península 



Ponto de partida: Burgundy, França. Destino: Esmoriz, Portugal. Missão: fotografar incessantemente. O fotógrafo francês Maxwell Aurélien James partiu em Junho deste ano, em motociclo, e seguiu viagem optando pelo caminho mais longo e mais lento, ao longo da costa sul da Península Ibérica, passando por Barcelona, Marbella, Faro, Zambujeira do Mar, Lisboa, Nazaré, Rio Meão e finalmente Esmoriz, num total de 7000 kilómetros, sempre por estradas secundárias. "Viajo para poder conhecer pessoas reais através da fotografia", disse o fotógrafo ao P3. O projecto "Spain & Portugal by bike", estreia absoluta do fotógrafo em termos de publicações, documenta então o seu percurso desde o sudoeste francês até ao destino português, descrevendo os locais e pessoas com que se cruzou. Pelo caminho, comenta, "a sensação de liberdade foi aumentanto dentro de mim". "Tinha tudo aquilo de que precisava: câmaras, filme, uma tenda, um saco-cama e dinheiro de bolso para qualquer eventualidade. O que poderia melhorar?" Durante esses três meses e meio "estava a viver uma 'vida fixe', finalmente, nada de sonhos, apenas a VIDA". "Estava a documentar da forma mais espontâea possível, sem pensar no resultado, sem pressão e com muita paixão." E Maxwell apaixonou-se verdadeiramente por Portugal. "É um país incrível com uma enorme riqueza humana. Conheci pessoas muito abertas e simples, amigos verdadeiros com uma identidade latina muito forte." "[Os portugueses] valorizam mais o seu tempo do que outros europeus", garante. "Lembro-me de todas as pessoas com quem me cruzei. A senhora idosa com o telefone na mão, por exemplo, conheci em Esmoriz no mês e meio que passei na cidade. Todas as quartas-feiras, ela colocava uma banca no mercado que ficava abaixo do apartamento onde vivi, junto ao mar. Tentava sempre vender-me qualquer coisa, miniaturas da Kinder, carrinhos, batatas... Naquele dia estavam 35 graus e ela vestia aquele casaco enquanto tentava vender-me aquele telefone que vemos na imagem. Que cenário de filme fantástico!" Outra pessoa, em Esmoriz, resolveu levá-lo até ao seu ginásio privado. "Ele era um pescador, o irmão mais velho de nove rapazes, um homem pobre mas feliz, que não precisava de muita coisa. Construíu um ginásio num quarto e fez com as próprias mãos todos os aparelhos. Foi interessante ver como estava orgulhoso do que tinha realizado." Maxwell Aurélien James prepara uma exposição em Lisboa, para o próximo ano, sobre o universo das motas, projecto que realizou também durante esta viagem. 


Ana Marques Maia


Foto da autoria de Maxwell Aurélien James e Texto da autoria de Ana Marques Maia

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