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segunda-feira, 28 de março de 2016

Existem condições para que a Barrinha albergue um cais flutuante?

O projecto da Sociedade Pólis Litoral da Ria de Aveiro (já aprovado) prevê a criação de um cais flutuante na Barrinha de Esmoriz. A ideia de todos voltarmos a visionar barcos a navegar pela Barrinha é algo que certamente nos agrada. No entanto, este capítulo suscita da nossa parte algumas interrogações. 
Em primeiro lugar, e como já havíamos aqui mencionado, é necessário que a dragagem ou as acções de desassoreamento alcancem êxitos inequívocos. Neste preciso momento, pensamos que o actual caudal da lagoa está longe de alcançar os níveis mínimos de profundidade que seriam necessários para materializar a realidade que esboçamos no parágrafo inicial.
Em segundo lugar, é necessário avaliar a localização e a dimensão do cais. O mesmo deverá situar-se numa posição que não seja vulnerável para a avifauna residente ou migratória. As suas proporções devem ser modestas, tendo em conta a pequena-média dimensão da lagoa.
Em terceiro lugar, não faz muito sentido criar um cais, se a pesca no lugar continuar a ser desaconselhada, tendo em conta a permanente contaminação das águas. Ou seja, o cais seria sempre para pequenas embarcações de lazer ou desportivas, e ainda assim, a circulação destas seria igualmente condicionada pela abertura/fecho da ligação lagunar ao mar. Arménio Moreira, Presidente do Movimento Cívico Pró-Barrinha, tem toda a razão do seu lado quando afirma que é necessário neutralizar as fontes poluentes. Enquanto isso não acontecer, temos de ser pragmáticos - não haverá banhos humanos nem actividades piscatórias para ninguém!
Apesar de todas estas condicionantes, não somos contra a construção do cais, até porque já existiu um no passado que transportava pessoas desde a estação de Esmoriz até à praia local. No entanto, e em abono da verdade, a realidade desses tempos era outra. Em suma, achamos que as acções devem ser bem ponderadas e executadas para que o cais seja um investimento sólido e integrador, sem colocar em causa a biodiversidade envolvente ou até a pequena "comunidade piscícola" que ainda subsiste na lagoa, apesar da ameaça da poluição.

 

Imagem nº 1 - Exemplo de um pequeno cais.
 Retirada de: aquaspace.pt

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