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quarta-feira, 12 de outubro de 2016

"No Cãocelho de Ovar para os pombos espantar" - Conto humorístico de Ana Roxo


AS NOVAS AVENTURAS DO CÃO VICENTE

NO CÃOCELHO DE OVAR PARA OS POMBOS ESPANTAR


E, eis que nesta cãotracena da vida - agora no cãocelho de Ovar a morar, encãotramos novamente -  o inenarrável, o incãofundível, o incãopreendido, o cão(vencido), o incãotornável, o incãocebível, o impertinente, o incãonstante, o cãonana (conana na linguagem dos Homens) - o Cão Vicente: o cão aldrabão, mentiroso, prepotente e deprimente que queria ser presidente.
Depois do seu périplo pelo país, este ser, criatura cãonina assentou arraiais no cãocelho  de Ovar, digno território da emocão, do Cãornaval, um cãocelho sempre a bombar.
 Para se sentir mais perto do Altíssimo foi morar para ao pé da igreja matriz, vizinho do cemitério, em Ovar e não em Esmoriz. Foi a sua tia que decidiu morar ali, a sua velha tia que ia para a praia do Furadouro mostrar as banhas em triquíni. No início, foi a cãotragosto; mas depois pensou com os seus botões que era bom viver ali: a vista era incãomum, os vizinhos muito tranquilos e nada cãoflituosos e iria pagar menos IMI.
 Mas, claro que este cão iria fazer das suas: nem nos vale a pena entrarmos em cãojunturas! Sabemos de antecão, (antemão na linguagem dos seres de duas pernas humanos), que o Cão Vicente, em algum lado, faz sempre das suas: tenta chegar ao poder com as suas cãostantes falcãotruas.  
Meteu-se naquela cãobeça  que queria ser presidente: começou pela Cãofraria do Pão-de-Ló, a ver se destituía quem lá trabalhava cão afinco sem cãocessão e sem dó!
A ideia de ser presidente não lhe saía daquela cãobeça  de cãodrilha - queria até ser presidente da câmara depois de ser da cãofraria.
Então, achou, que o melhor modo de cãoquistar tal lugar - seria fazer parte da oposicão - só fazia e queria coisas do arco da velha, este cãofragoso cão. Ele até morava perto do malfadado cine-teatro que ruiu e ainda bem que não matou ninguém, nem o seu pior inimigo, que seria qualquer gato! Depois da demolicão parcial, ficou com uns vizinhos alados que ficaram desalojados. E, ele criticou muito esta  parcial demolicão, mas ele nunca estava bem cão nada, por isso, não é de admirar -sem primeiro ver e saber e para depois cãostatar.
Ui, quanto aos pombos, eram ainda mais porcos do que ele - verdadeiros aviões cão torpedeiros. Já eram uma praga em Ovar - em muitos sítios acabavam por defecar. Os pombos não têm GPS incorporado; por isso, desde o bom, ao mau, do mais amigo, ao mais reles, eles cagam em todas as carolas que lhe fazem oposicão!
Na cãosota do Cão Vicente é que era um verdadeiro centro de ataque terrorista pombalino; porém, cãotado dele - este descãocertante ser viperino!
-  Ora, Cão Vicente, mas os pombos também queriam pagar menos IMI  -  foi esse, o motivo de quererem morar perto de ti! Junto a uma ETAR, nem pensar - ainda morriam todos asfixiados pelo mau cheirar!  Então, nada melhor, que para menos pagar, irem perto do cemitério morar! Sim, porque o maluco, o cãodenável Cão Vicente queria tentar quando fosse para a câmara que pagasse IMI, todo o ser vivente e senciente! Lógico, que sendo da oposicão, tudo o que era feito quase nada lhe agradava; ou mesmo nada, mas ninguém o levava a sério, pois só fazia cãostantemente trapalhada!
Descãotente igualmente com os pombos cãogões, pediu reunião camarária, para lhes propor uma ideia, digamos assim, algo louca e cãotrária! Afinal, que ideia torta era essa deste ser que mais parecia um boneco das Caldas - ah, pois, queria os pombos do cãocelho todos de fraldas!
 Claro, está que a câmara achou um disparate: pombos cão fraldas, atraídos com pão-de-ló - acharam logo que ele estava cada vez mais totó! Cãoquanto, mesmo assim, avançou cão esta ideia e obrigou a velha tia a fazer e coser fraldas durante meses -  o dia e a noite inteira!
Obviamente que era preciso arranjar uma solucão; todavia, esta ideia louca e cãofrangedora, não!
Até o seu arqui - inimigo FalCão, pensou em ajudar, já que ele era bom em pombos, dispersar. Mas só queria ajudar porque uma pomba não lhe deu troco - foi essa a vingança deste também reles bicharoco!
cãotinuava o cão a cãoleccionar inimigos mesmo na oposicão - mas afinal, quem iria, querer na câmara aquele ser cão chulé,  cão cérebro cãotraproducente e um grande aldrabão?!
Até nas praias do cãocelho fazia das suas artimanhas e cãoscuvilhices  - pena, que não olhasse por ele abaixo, este mestre das trambiquices! 
Sempre a querer cãoquistar do mesmo modo as doces donzelas, com cãotigas de burlista, este cão oposicionista!
Claro que seria preciso malhar neste ser descãotente, ignorante, ultrajante ser de quatro patas e que sabia latir, mandá-lo trabalhar numa ETAR. Lá poderia bulir de forma cãostante. Ele já fazia literalmente, ou não, matéria fecal da sua vida de coisas loucas...agora, iria, trabalhar todos os dias, nesta perfumada indústria como há poucas.
Aprende, Cão Vicente, dizia-lhe depois a sua velha, experiente e ajuizada tia para ele não cãotinuar a levar vida reles e deprimente, pois, nem na cãodeia alguma vez seria presidente! 



Ana Roxo
Poetisa e Prosadora Esmorizense




Texto e imagem retirados de: http://anjosdaminhainspiracao.blogspot.pt/

Um comentário:

  1. O Cão Vicente é uma figura criada pela escritora para abordar a realidade nacional e local, sem visar ninguém em concreto. O seu jogo de palavras é um cartão de visita a ter em conta.

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