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quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Novo ponto de Situação na Barrinha

Conforme nos comprometemos com os nossos leitores, efectuamos uma nova visita à lagoa, de forma a inteirar-mo-nos do progresso das obras. Desta vez, saímos um pouco mais satisfeitos. Algumas partes do passadiço já podem ser visualizadas. É certo que a estrutura mais próxima do campo de futebol do Sporting Clube de Esmoriz se encontra demasiado baixa (o que deveria motivar uma reflexão), mas a verdade é que, à medida que nos vamos aproximando da lagoa, o passadiço vai aumentando de altura, chegando a ter mais de 1 metro (ou até cerca de 2 metros) de diferença em relação ao solo, e isso, sim é o que se pretende, visto que estamos a falar de uma área pantanosa que, por vezes, é ainda alvo de cheias, sobretudo na época das intempéries. 
No entanto, há outras reflexões que devemos, ainda assim, partilhar com os nossos seguidores. Em primeiro lugar, os passadiços na zona nascente parecem-me cada vez mais inviáveis no que diz respeito à sua concretização, e irei expor as três razões que legitimam este raciocínio:

  1. Trata-se de uma área super-pantanosa e de péssima aderência, e que ainda compreende linhas de água com pendor irregular. Será que um passadiço de madeira se irá aguentar muito tempo com um solo tão instável?
  2. A área nascente concentra a maior parte da avifauna residente na Barrinha. É ali que garças-reais, corvos marinhos, cegonhas e águias nidificam ou se instalam. A futura presença humana nas proximidades poderá provocar a sua migração definitiva.
  3. Privacidade das casas vizinhas. Perto da área nascente, existem moradias (sem qualquer protecção ou muro erguido para o lado da Barrinha) que poderão agora ser incomodadas pela proximidade dos passadiços que deverão passar nas traseiras desprotegidas das suas moradias. Sabemos que existem habitantes dessas casas que já demonstram alguma preocupação face a esse cenário.

Expostas estas considerações, podemos ainda afirmar que logramos observar a presença da draga e de muita maquinaria junto aos pegões da ponte. Ao contrário do que pensávamos inicialmente, os alicerces datados do século XIX não serão reaproveitados, visto que a nova ponte irá erguer-se mesmo ao lado daqueles. E deverá ser também nas imediações que surgirá um futuro cais.
Mas um cais exige um excelente trabalho de desassoreamento para que os barcos possam usufruir de índices razoáveis de navegabilidade. Pelo que testemunhámos hoje, isso é algo que ainda está longe de ser uma realidade. O assoreamento continua a atingir dimensões terríveis na zona nascente (ver a última imagem apresentada neste artigo), uma dura constatação para quem tem visitado a lagoa nos últimos dez anos. 
No entanto, e pelo que tivemos oportunidade de visualizar hoje, os trabalhos parecem estar agora a seguir um rumo interessante, dotando a lagoa de algumas ligações pedonais que decerto trarão outra acessibilidade e comodidade aos visitantes. Destaco ainda a plantação de novas árvores que se enquadram neste ecossistema, bem como a remoção de muitas espécies infestantes. A reabilitação do dique fusível também parece estar a decorrer dentro da normalidade. Pensamos que, no plano da configuração exterior, as obras irão cumprir, dentro dos possíveis, aquilo que está contemplado no projecto, e claro, em nenhum momento, pretenderemos responsabilizar a empresa que ficou com a adjudicação da obra. Só estão a concretizar aquilo que lhes foi mandatado.
Agora fico com a ideia de que quem concebeu este projecto (leia-se técnicos ambientais e demais eruditos), descurou alguns pontos e não teve em consideração algumas vicissitudes que afectam a lagoa. O trabalho de gabinete de nada vale, se não for acompanhado por uma observação prática da realidade e pelo contacto estabelecido com cidadãos experimentados nestas matérias (e com conhecimento de causa).
No nosso entender, achamos que bastava apenas efectuar um passadiço pela praia que fosse desembocar nos pegões da ponte, e daí sim, ligar àquele já existente em Paramos (claro que a ponte também seria uma mais-valia nessa comunicação pedonal). Poderia colocar-se efectivamente o posto de observação de avifauna ali bem perto, de forma a que todos pudessem mirar melhor a paisagem e a vida selvagem da lagoa.
No entanto, era escusado implementar passadiços na zona nascente, porque não só será inviável em termos de fraca aderência do solo, como ainda irá afugentar as aves que ali vivem. Por outro lado, a presença de um cais na Barrinha também só fará sentido pelas razões que já enunciamos. Sem condições para uma navegabilidade minimamente regular, e sem uma lagoa verdadeiramente despoluída (leia-se, presença de peixes contaminados), então de que é que servirá termos barcos? Neste caso em concreto, não me satisfaço com procedimentos exclusivamente decorativos. Um investimento de três ou quatro milhões de euros merece mais resultados do que isto!
A Barrinha de Esmoriz só voltará a ser Barrinha, quando acabarem com as fontes poluidoras. Já disse isso mil e uma vezes, mas continuo a barafustar contra a parede, porque prego sozinho no deserto e ninguém me ouve!
Além disso, saliento que não basta que as obras fiquem minimamente bem feitas, é pois necessária uma manutenção posterior ao mais alto nível - ou será que é para deixar os passadiços apodrecer? Ou deixaremos morrer as árvores recém-plantadas? É que ambas as situações já aconteceram aqui em Esmoriz, a primeira na zona à beira-mar (passadiços) e segunda no Campo das Vacas (as plantações realizadas em 2013 já se sumiram quase todas).
Se isto não tiver manutenção ou até mesmo alguma vigilância, será meio-caminho andado para o fiasco a médio prazo. 
A culpa não será da empresa que está a concretizar no terreno o projecto (aliás, estão a ser competentes e a cumprir o que lhes foi pedido pelo que observamos hoje no terreno, e da nossa parte merecem para já o benefício da dúvida), mas sim de quem o esboçou (com lacunas) ou, até mesmo, de quem não soube preservar, no futuro, as vantagens que dali poderão resultar para a comunidade.










































2 comentários:

  1. Olá
    Parece que sim, já se vê obra.
    Cumprs
    Augusto

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  2. Algumas questões relativamente a esta obra.

    Eu próprio e mais algumas pessoas já nos questionamos várias vezes sobre a execução desta obra. Os problemas principais da Barrinha são, neste momento dois, Poluição e Assoreamento.

    Se este projecto pretende eliminar a poluição para quê o dique fusível? Ao assumir o dique assume por consequência a continuidade da poluição.

    Desassoreamento, feito para cotas de 1995 é revertido em metade do tempo porquê? Porque não são repostas as condições antropomórficas da altura e por razões de índole geológica .

    Não é apenas o Cusco que tem alertado para as grandes deficiências deste projecto (não estou a por em causa a execução), há na net várias opiniões que chamaram a atenção para este problema.

    Se querem despoluir porque não cortam todo o caniço e limpam a poluição (essencialmente plásticos) que se encontra no meio dele?

    Qual a razão para colocar toda a areia em zona de praia quando sabemos que irá parar ao canhão da Nazaré no primeiro Inverno?

    Estas e outras perguntas deveriam ser respondidas.

    A grande mais valia deste projecto é que, finalmente, se vai fazer alguma coisa na Barrinha, mas de nada valerá se as obras não forem apenas o início do aproveitamento desta lagoa natural e se não for construído um centro interpretativo a dar apoio aos visitantes. JMarinho

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