Em domingo de 22ª jornada do Campeonato Safina, o SC Esmoriz deslocou-se à casa do GD Milheiroense na tentativa de retomar o caminho das vitórias em jogos de campeonato. Numa tarde bastante chuvosa, a bênção veio mesmo da chuva de golos com que os dois emblemas presentearam os adeptos do futebol. O Esmoriz até começou a perder, mas acabou com uma vitória justa de 4-2 perante um Milheiroense que vendeu caros os 3 pontos, apesar de ser apenas o 16º da tabela classificativa.
Primeiro tempo de Vando, segundo tempo de Koneh
Ainda com algumas ausências forçadas nas hostes esmorizenses, Narciso Ratinho teve de escalar um 11 com algumas alterações em relação a habituais equipas titulares de Campeonato Safina. João Borges retomou a posição na baliza após o jogo de Taça da semana passada; quarteto defensivo com Tiago Ferreira na direita, Luis Seijas na esquerda e Agenor e Ricardo Correia pelo centro; no meio campo, o habitual trio foi composto por Diogo Russo a fechar, com Júlio Coronel e Pedro Godinho na frente; já o ataque teve o tridente do costume, Koneh e Fred nas alas, Vando como ponta de lança. Jogaram ainda Jeff, Ruca e Couto, utilizados a partir do banco de suplentes.
O SC Esmoriz pegou no jogo desde o apito inicial. Assumindo todas as despesas do jogo, rapidamente o encontro registou uma única toada: Esmoriz a atacar, Milheiroense a defender e a procurar sair no contra golpe.
Num relvado em que a bola circulava com rapidez mas que tinha algumas zonas alagadas, a turma esmorizense também procurou chegar ao ataque com passes longos vindos de trás. Vando acabou por ser o maior visado nessas situações, aproveitando o seu forte jogo aéreo para servir os colegas que apareciam a tentar ganhar segundas bolas.
No entanto, a estratégia do Milheiroense foi a primeira a dar frutos. Aos 19′, num lance de contra-ataque, os comandados de Marco Abreu conseguiram ganhar uma grande penalidade. Uma falta de Agenor no vértice esquerdo da grande área do SCE levou a que o castigo máximo fosse assinalado.
E, na conversão, o capitão da casa, Marcelo, não perdoou. João Borges ainda adivinhou o lado, mas a bola foi colocada à malha lateral e só parou quando se alojou na rede esmorizense. Contra as expetativas da assistência, o Milheiroense liderava o marcador.
Só que o Esmoriz não perdeu o norte e nunca parou de procurar o golo. Depois de alguns lances que ameaçaram a baliza de Bruno Silva, o empate apareceu mesmo ao minuto 29. Foi Vando o autor do golo, rematando de primeira e com precisão após assistência de Coronel.
Vando estava mesmo a ser o melhor jogador em campo. Nota-se que está com uma grande confiança e é bastante voluntarioso, não se escondendo do jogo e aproveitando o seu fulgor físico. Para além disso, tem marcado com frequência e valido pontos ao clube da Barrinha.
No entanto, não foi o número 9 quem concretizou a reviravolta no marcador. Foi ao minuto 38 que surgiu o nome do capitão, Pedro Godinho. Na cobrança de um livre direto, ainda a uns bons 25 metros da baliza do Milheiroense, o centro campista aplicou forte pontapé que ainda ganhou um desvio na barreira e traiu o guarda-redes da casa. Estava feito o 2-1 e o Esmoriz partia para o intervalo com uma vantagem no placard após ter tido o calafrio de começar a perder.
No segundo tempo, apesar de algumas iniciativas do Milheiroense (principalmente por Quirino que, desde que saiu da Barrinha, se impôs como uma referência dos de Milheirós), o domínio do SCE continuou a ser total. Quem tivesse perdido a primeira parte, apostaria que era o Esmoriz que estava a correr atrás do resultado. Por isso, o terceiro golo dos visitantes esteve sempre mais próximo de aparecer do que o contrário.
Ibrahim Koneh assumiu-se, nesta fase, como um elemento crucial do SC Esmoriz. Fazendo esquecer os problemas físicos que o têm acompanhado ao longo da temporada, o camaronês fez gato-sapato da defensiva contrária por diversas vezes. Aproveitou, sobretudo, a sua enorme velocidade para transportar a bola em situações em que o Milheiroense estava descompensado.
E foi precisamente assim que conseguiu ganhar uma grande penalidade, a segunda do encontro. Depois de passar por dois jogadores adversários, o africano, já dentro da área, ainda tentou fintar o guarda-redes Bruno Silva. Teria conseguido caso o guardião não tivesse feito falta na saída aos pés do atacante. Um penalti justíssimo e que acabou por ser convertido, precisamente, por Koneh. O 12º do extremo na campeonato, um dos melhores marcadores da prova.
O Esmoriz perdeu alguma concentração com o aparente golo da tranquilidade. Aproveitou o Milheiroense para se aproximar da baliza de Borges. Sem grande critério, a verdade é que os homens da casa foram ganhando alguns cantos e livres laterais. E foi numa dessas bolas paradas que voltaram a reentrar no jogo com pouco menos de 10 minutos para jogar. Quirino bateu um livre descaído no lado direito, a bola viajou até ao coração da área e só parou mesmo dentro da baliza do Esmoriz. Um auto-golo, pois o esférico ainda desviou num defensor, mas com a marca e influência do veteraníssimo Quirino.
O SC Esmoriz acordou para a realidade e voltou a impor-se no jogo. E, já com Ruca e Couto em campo (Jeff tinha entrado a meio do segundo tempo), os comandados de Narciso Ratinho ainda viriam a alargar a sua vantagem para dois golos.
Num livre direto cobrado de forma exemplar por Ricardo Correia, o jogo ficou selado aos 87′. Não havia nada que o guarda-redes, Bruno Silva, pudesse fazer porque, embora não tenha sido um remate forte, foi colocado rasteiro ao poste esquerdo da baliza do Milheiroense.
Terminava assim, e pouco depois, um jogo de 93 minutos de intenso futebol. Contra o que se podia esperar olhando às condições climatéricas em que se jogou este Milheiroense-Esmoriz, a partida foi de bom futebol, ritmo elevado e muitos golos para amostra.
Uma vitória moralizadora para o SC Esmoriz e que mantém incólumes as aspirações dos da Barrinha no Campeonato Safina.
Jornada 22 sem nenhuma surpresa
Em jornada chuvosa, podiam esperar-se escorregadelas vindas de outros campos. Mas ninguém, nos principais perseguidores à liderança da classificação, vacilou.
O líder, SC Espinho, ganhou tranquilamente com 2 golos sem resposta na Mealhada. O Beira-Mar sofreu um pouco mais, mas venceu em Romariz por 2-1. Já o Lamas, único dos clubes do Top 4 que jogava em casa, venceu o Paivense por 3-1 com o golo da tranquilidade a surgir apenas na compensação.
Por isso, os Tigres do Espinho permanecem na liderança da prova. Somam 49 pontos, contra os mesmos 49 do SC Esmoriz, 45 do Beira-Mar e 44 do União de Lamas.
Crónica da autoria de Pedro Silva
(Site: Juízo de Bancada, visite: http://juizodebancada.pt/)
Foto - Juízo de Bancada
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