As mais recentes edições das eleições autárquicas tiveram de conviver com um fenómeno recente - o peso das redes sociais no centro das decisões locais. Se há dez anos este problema praticamente não se colocava, agora passou a ser uma realidade inequívoca.
Presidentes de Câmara e candidatos adversários começaram a tirar naturalmente proveito das mesmas, de forma a conseguirem a chegar a um maior número de pessoas. Felizmente, o combate nas redes sociais é mais justo e equitativo do que aquele que se vislumbra nas ruas e nos centros de acção propagandística terrena.
Todos os candidatos podem ter uma página própria onde podem veicular os seus projectos e a sua lista eleitoral. E nisso, o aparecimento das redes sociais foi uma mais-valia porque todos dispõem aqui praticamente dos mesmos argumentos. Podem até investir algum dinheiro (não muito!) na divulgação da sua página, de forma a alcançarem mais seguidores. Na esfera terrena, a realidade é outra - os candidatos dos partidos dominantes têm acesso a uma excelente maquia de financiamento, podendo exibir mais e maiores cartazes, realizar mais apresentações ao vivo do programa, dispor de mais carros propagandísticos e até distribuir mais flyers pelas comunidades.
No entanto, as redes sociais, mesmo oferecendo condições mais "igualitárias, não podem ser utilizadas de uma forma abusiva. Por exemplo, deve-se respeitar os três dias de reflexão que antecedem o dia da votação final, algo que nem sempre acontece.
Infelizmente, esta época é propícia para o aparecimento de utilizadores, com identidades falsas, para de forma subtil tentarem favorecer ou prejudicar a imagem de um determinado candidato. No entanto, nem toda a crítica que provém de fonte anónima deve ser descredibilizada, se a mesma for acompanhada de provas (nomeadamente de fotografias e documentos) que devem ser motivo de consideração por parte dos eleitores. Mas aqui é preciso discernir entre o fanatismo e o bom-senso desses mesmos utilizadores que se escudam num pretenso anonimato. Por vezes, esses utilizadores fazem o papel que os jornalistas locais não fazem, revelando coragem, quando a crítica é certeira e se paute pelos moldes básicos da boa educação.
Por outro lado, o utilizador das redes sociais deve inteirar-se dos programas de todas as listas, sem deixar-se levar por correntes comprometidas de influência porque estas também existem de forma mais dissimulada. Não devemos votar no campeão político das redes sociais, mas sim naquele que achamos ter mais capacidade para exercer a causa pública.
É necessário saber utilizar a internet, não como uma fonte da verdade absoluta (pois ela será sempre utilizada de forma bastante parcial pelos intercolutores partidários), mas como um meio que disponibiliza bastante informação aos cidadãos.
Saber distinguir o trigo do joio é fundamental!
Imagem nº 1 - As redes sociais conhecem hoje um impacto tremendo na vida política, algo impensável há dez ou quinze anos atrás.
Retirada de: http://carolina-afonso.net/
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