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quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Pensar o Esmoriztur do além-interregno

O início das obras de recuperação do Esmoriztur é, sem dúvida, uma excelente notícia para toda a comunidade local. Mérito indiscutível dos actuais executivos da Câmara Municipal de Ovar e da Junta de Freguesia de Esmoriz (pela sua vontade e empenho), como de alguns quadrantes da oposição que pressionaram, nos últimos anos, para que essa reabilitação se tornasse realidade. 
O Esmoriztur foi oficialmente encerrado em 2008, embora na altura já estivesse em declínio. Desde essa data até hoje, passaram-se dez anos de abandono e de inércia política. As promessas sucediam-se, as burocracias também não ajudavam, e claro, só agora foi possível adjudicar e começar oficialmente a empreitada.
É uma obra, sem dúvida, primordial para a cidade, mas não se pense que bastará a reconstrução do edifício para que o Esmoriztur renasça e desempenhe um papel vital na vida cultural da cidade. 
O espaço que, terá uma capacidade total para mais de 500 lugares, terá de ser gerido com um elevado grau de exigência, senão corremos o risco de ver a maior parte dos espectáculos a ocupar quando muito, um quinto ou um sexto da lotação total do auditório.
Os tempos mudaram. Ao contrário de algumas décadas atrás, as tecnologias (leia-se redes sociais e acesso ao mundo digital) constituem hoje um concorrente feroz a qualquer espaço recreativo tradicional. Hoje já não é preciso sair de casa para se visionar um bom filme ou uma excelente peça de teatro. E infelizmente as novas gerações começam a ser muito incentivadas nesse sentido.  
Se efectivamente desejamos que o Esmoriztur seja o principal polo cultural do concelho e um dos maiores a nível distrital, é necessário ter noção desta realidade algo adversa pelo que as entidades públicas que se propuserem a gerir este espaço, repleto de potencial, terão que apostar num programa ambicioso, convidando vultos ou grupos de renome das áreas da música, do teatro ou das demais artes. É preciso também apostar mais na ligação ao público, e aqui penso que seria uma mais-valia envolver o Agrupamento de Escolas de Esmoriz/Ovar-Norte (por exemplo, os seus alunos poderiam ter descontos nos bilhetes dos espectáculos, ou até organizarem algumas actividades). Além de tudo isto, poderia ser elaborado um pequeno roteiro impresso para cada mês, e seria igualmente bem pensada a criação de um site (devidamente divulgado) para que todas as actividades a decorrer no Esmoriztur fossem do rápido conhecimento das comunidades de todo o concelho. 
Como é óbvio, também as incansáveis colectividades da nossa terra serão chamadas a realizar um papel fundamental em todo este processo, procurando assim proporcionar grandes espectáculos aos espectadores. É imperioso envolve-las também, e ajudá-las a atingir as suas metas sonhadas. 
É essencial ter o Esmoriztur de volta, e logo com as melhores condições físicas/logísticas dos tempos modernos (não esquecer, neste ponto, também a necessidade de intervir em algumas das zonas de estacionamento localizadas em redor), mas terá de haver, em simultâneo, um plano de gestão que esteja à altura do seu passado glorioso e que faça com que aquele edifício, então requalificado, volte a ser verdadeiramente um chamariz cultural para muita gente. 



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