Está oficialmente aberto o XIX Festival de Teatro de Esmoriz, o qual é também designado como o II Festival Set'Artes visto que, neste certame cultural, agora mais abrangente, se pretende fazer alusão a várias expressões culturais tais como o teatro, o cinema, a escultura, a música, a dança, a pintura e a literatura.
Ao início, deparámo-nos com uma exposição colectiva de pintura assinada pelos artistas João Gil da Costa, Laura Bartolo, Olivia Nogueira, Alzira Relvas e Aurora Bernardo. Tais reproduções variadas remetiam-nos, de forma separada, para as formas do corpo humano, o abstraccionismo e o impacto das novas tecnologias (com a representação individual de impressoras e telemóveis).
No entanto, todos aguardavam pela entrada da Escolinha de Teatro do Renascer que iria protagonizar a estreia da peça infantil "As Máscaras da Vida". A representação fez passar a mensagem de que todos nós, sobretudo os adultos, interpretamos papéis diversos ao longo da nossa vida, fingindo emoções e sentimentos que não correspondem àquilo que vai no interior da alma. Por outras palavras, as crianças que desempenharam tais papéis, recorrendo ao uso de máscaras, desejaram, no fim, transmitir a ideia de que devemos ser quem nós somos, não escondendo o nosso estado de espírito e as nossas intenções. A peça encenada por João Gomes e Vera Gomes viria inclusive a merecer rasgados elogios da parte dos convidados especiais Heitor Lourenço e Helena Isabel. Houve ainda momentos de hip hop que intercalavam a produção teatral em questão e que nos pareceram bem conseguidos.
Seguiu-se depois o intervalo o qual se pautou por algum convívio social. Durante esse momento, procurámos contabilizar o número de pessoas que estariam no auditório do Grupo de Teatro Renascer, sito então na entrada poente da rua dos Castanheiros. Dentro deste contexto, e apesar do mau tempo, terão estado entre 100 a 120 espectadores. Contaram-nos que, ainda assim, houve desistências de última hora visto que o temporal demoveu dezenas de interessados de comparecerem, não permitindo que a sala enchesse, ao contrário do que havia acontecido nas edições de abertura dos anos anteriores. Mas quem foi, gostou do que viu e não se arrependeu certamente!
Após o intervalo, a nostalgia apoderou-se da sala, e em especial do próprio palco, tudo porque a actriz Vera Gomes efectuou uma pequena teatralização da peça "Flor Alma Espanca", tendo sido comunicado, em simultâneo, que esta reprodução teatral, baseada na inspiração textual de Leandro Vale, nunca mais será exibida pelo país devido a circunstâncias que ultrapassam a própria realidade da entidade. Rui Pedro Tavares aproveitou o momento de despedida da peça para tocar guitarra e cantar o "Amar Perdidamente", momento acompanhado, no mesmo palco, por muitos actores do Renascer que haviam integrado o elenco daquela peça (o qual era constituído por 17 actores!) então materializada para recordar a vida atribulada da poetisa Florbela Espanca (1894-1930). João Gomes, Presidente do Renascer, confidenciou-nos posteriormente que a peça "Flor Alma Espanca" teria andado em digressão por mais de cinquenta localidades ao longo dos últimos três anos, tendo sido vista por mais de 2000 espectadores. Estatísticas que não mentem sobre a importância desta peça para a afirmação da colectividade, tanto a nível regional como nacional.
A cerimónia solene juntaria na mesma mesa: João Gomes (Presidente da Direcção do Grupo de Teatro Renascer), Alcides Alves (Presidente da Assembleia do Grupo de Teatro de Renascer), António Sá (Representante da Junta de Freguesia de Esmoriz), Fátima Ramalho (Representante da Assembleia Municipal de Ovar), Alexandre Rosas (Vereador da Cultura da Câmara Municipal de Ovar), Heitor Lourenço e Helena Isabel (padrinhos do Festival e ambos com larga carreira no teatro e televisão nacionais através da participação em séries, telenovelas e filmes).
Aqui importa-nos realçar em particular as intervenções de João Gomes por este presidir à colectividade que organizou o festival bem como dos dois convidados especiais que ajudaram a abrilhantar a abertura. O líder do Renascer admitiu, de forma comovida, o bom trabalho desenvolvido pelos mais novos aquando da apresentação da peça "As Máscaras da Vida", acreditando no futuro da colectividade. Agradeceu ainda todo o empenho incansável e incondicional de toda a sua equipa para a realização deste festival e deu as boas vindas a Heitor Lourenço e Helena Isabel, cujas honradas presenças reforçam a tese de crescimento do mencionado certame cultural.
Os padrinhos do Festival não deixaram de participar na troca de elogios, tendo sido muito acarinhados e aplaudidos pela comunidade esmorizense. Helena Isabel realçou o amor puro do teatro amador (considerando o Grupo de Teatro Renascer como um exemplo a seguir) visto que ajuda, de forma descomprometida e sincera, a unir pessoas e famílias, e por isso, não deixou de elogiar estes eventos, os quais são determinantes para tirar os jovens de casa, ajudando-os a viver o teatro em vez de ficarem presos às redes sociais ou às novas tecnologias. Por sua vez, Heitor Lourenço, que já havia cá estado no ano passado, confessou que as noites vividas por si em Esmoriz fazem-no acreditar que a cultura ainda é bem tratada aqui, na nossa cidade. Heitor elogiou ainda a expressão de maturidade contida na peça "As Máscaras da Vida" e revelou que os mais novos contribuem, sem dúvida, para uma maior vitalidade da entidade organizadora do mega-evento cultural.
No final, foram entregues lembranças a todos os protagonistas. Houve também muitos cidadãos que quiseram tirar fotos com a madrinha e o padrinho do festival, dois nomes consagrados da arte da representação.
Novos espectáculos estão agendados para os fins-de-semana dos meses de Outubro e Novembro.
Segue-se agora a nossa reportagem fotográfica.
Peça "As Máscaras da Vida"
Exposição Colectiva de Pintura
Despedida da Peça Flor Alma Espanca
Cerimónia/Mesa Solene
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