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sábado, 9 de fevereiro de 2019

Regressam as operações de desassoreamento à Barrinha

Após terem sido suspensas em 2017 devido à insolvência do anterior empreiteiro, a Sociedade Polis Litoral Ria de Aveiro adjudicou há pouco tempo o concurso que daria continuidade ao processo de desassoreamento na Barrinha de Esmoriz. Dentro deste contexto, uma nova empresa, Manuel Maria de Almeida e Silva & CIA, S.A., ficará com a missão de concluir este projecto. O investimento rondará os 1,339 milhões de euros.
A parte final do desassoreamento da Barrinha será então executada em 150 dias (5 meses), de acordo com o projecto. Mas a definição do prazo levanta uma questão interessante - se forem mesmo 150 dias, e tendo em conta que a dragagem a sério começará ainda em meados ou finais Fevereiro, ou até em inícios de Março, o procedimento terá que ser suspenso porque atingirá os meses de Junho e Julho, e logo terá de ser retomado em finais de Setembro ou inícios de Outubro.
De qualquer das formas, importa que a obra comece depressa e ajude a resolver parte do problema sério de assoreamento que a lagoa tem vindo a registar ao longo dos anos. E não creio que estou a exagerar quando menciono que o assoreamento existente na Barrinha de Esmoriz é bem mais visível do que no caso complexo da ria de Aveiro (embora também concorde com uma intervenção de fundo neste sistema natural). A Barrinha de Esmoriz perdeu, no decurso das últimas décadas, muito da sua profundidade e assistiu ao estreitar das suas margens. A terra envolvente ganhou muitos metros à lagoa. O seu novo cais, estabelecido nas imediações da ponte de madeira, fará pouco sentido se as suas águas não forem minimamente navegáveis.
É certo que a empreitada irá proceder à dragagem de 272.000 metros cúbicos de sedimentos e a sua deposição por repulsão na costa, a norte do esporão norte e a sul do esporão sul, contudo continuamos a achar que o projecto (e isto não é da responsabilidade dos empreiteiros mas de quem supervisionou a intervenção) é pouco ambicioso e só deverá aliviar o estado da Barrinha por mais uma década, ou se calhar, nem isso.
Sempre o disséramos, a grande vitória das recentes obras na Barrinha foi, sem dúvida, a introdução de passadiços, uma ponte e um posto de observação da avifauna, traduzindo-se assim na sua valorização e reintegração no mapa das comunidades locais. Potenciou-se o interesse social e o seu impacto turístico, mas não se resolveu o mais fundamental, isto é, a praga da poluição e do assoreamento (este último, só será atenuado com a intervenção, não se esperando modificações muito relevantes).
Ainda assim, desejamos que as operações de desassoreamento cumpram os seus desígnios e que nos possam surpreender pela positiva, demonstrando que estávamos errados desde o primeiro momento. 





Imagem nº 1 - As tubagens já se encontram dispersas pela Praia de Esmoriz, faltando a sua ligação conjunta de forma a expelir milhares de sedimentos provenientes do fundo da lagoa.
Foto da nossa autoria

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