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quarta-feira, 31 de julho de 2019

Esmoriz inspira poema "Périplo Cronológico"

No âmbito da apresentação do Roteiro Turístico de Esmoriz promovido pela Comissão de Melhoramentos de Esmoriz, realizou-se, em simultâneo, um sarau cultural, onde houve momentos reservados para concertos e declamação de poesia.
Um dos textos mais belos foi lido, de forma intercalada, por Eva Estrela e Pedro Henriques, autores da construção do mesmo. 
Sem mais delongas, passaremos agora a citá-lo:


"Périplo Cronológico por Esmoriz"


Eis que sinto o escalavrar de uma saudade, em ímpeto entusiasmado, doce e inquieto a borbulhar profundamente cá dentro…
Neste lugar em que os pés todos contentes me adivinham o inconsciente encalço pela generosa e apreciada liberdade… Passo a passo vou caminhando, correndo como água do rio ou como a grande Lagoa desaguando no mar… Vou, distraída entre as flores selvagens nascidas dos muros, dos campos abandonados e de outros cultivados misturados entre as casas…
Hoje, é um lindo dia para um passeio!...E sem me dar conta, nesta terra, feita de presença certa, como um fiel companheiro que sempre me aguarda… encontro-me já em olhar perdido pelo encanto e a imensidão onde os meus pés se concluíram, encontro-me em frente ao mar!
Lá longe, o ténue azul do céu, o nascer do sol dominando as águas e um passadiço significando encontro!...
E eu que por aqui deambulava em recordação, convido-te a dares-me a mão, para a mais bela passeata poética da nossa cidade em emoção e palavras…


Queria ter uma máquina do tempo,
Visitar o antigo Porto Medieval,
Barcos soprados pelo vento,
Humildes pescadores em nossa terra,
Protagonistas também do nosso Portugal.

Garças reais, águias, falcões,
Gaivotas a vaguear!?
E tu procurando comigo, búzios e conchinhas
Brincando em frente ao mar!...


Barrinha, nostalgia em igual,
Perdoa-me o esquecimento,
Por não ser digna e velar
Em tua beleza Plural!


E as dezenas de palheiros!?
Moradias dos anciões,
Valorosos Lobos do mar,
congregando esforços em seus sonhos pioneiros,
ofereciam alimento,
em labor tão salutar


Vem!!... dessa máquina do tempo até ao presente...


O vento sopra,
Eu tenho sede de mar!
Comovida e molhada pelas ondas,
murmúrios, segredos me beijam a pele,
e a maresia se liberta
como anjos pelo ar!


Redes mergulham em areias finas,
as caixeiras repartiam o peixe em suas sinas,
após extenuante arrasto...
A Arte Xávega é orfã,
mas firme e presente  como um mastro,
o nosso monumento do Rui Anahori,
não a abandona, sem padrasto!


Bolas rebolam entre azul no céu e amarelo do sol,
Superam com distinção, as redes intermédias,
é desta terra a mítica universidade do Voleibol,
que escalando ao estrelato, assume rédeas!


Por tempo medieval,
em registo nas inquirições de D. Dinis,
rezava já a nossa história,
E o Pedro vai encantado,
rememorando Esmoriz...


E ao longe,
escutemos a perene música,
percussão de um tanoeiro,
munido em seu frenético malho,
vedava barris, 
ocultando vinho mensageiro!


Deflorando a ideia que me deu o vinho!
E porque não passarmos nós,
também pelo Buçaquinho!?


Piqueniques se repartem,
junto ás suas seis lagoas,
sementes, girassóis e camarinhas...


Plantas com e sem flor,
amalgamadas em deliciosos momentos,
À  amizade lhe intensificam beleza e  sabor,
inebriadas entre  paz e silêncio,
feitas em mais sentimentos!...


E a capela da Penha!?
breve princesa escondida,
vestida em sua talha dourada!?
digna de ser condecorada
Quando lhe abrimos a Porta.
nos espreita em seu sumptuoso altar,
de tão linda e graciosa,
é digna de coroar!...


"Boca a saber a sol, a fruta , a mel,
Sou a charneca a abrir em flor"...
Recitando Florbela Espanca,
Pois em sua passagem pela nossa terra,
nos avolumou mais o lugar em poético louvor!


E agora é hora de ir embora 
Presenciar o mágico por do Sol,
Vamos!...
Sentarmo-nos na namoradeira,
Posando em fotografias,
eternizando  momentos de Esmoriz,
Para uma vida inteira!


Eva Estrela / Pedro Henriques




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