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sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Entrevistas com Memória X

Florindo Pinto é o nosso convidado especial deste mês de Agosto, tendo sido até então uma das personalidades mais atentas ao actual estado da cidade de Esmoriz.
Foi presidente da Comissão de Melhoramentos de Esmoriz, entre 2000 e 2009, naquele que se tornou num dos maiores mandatos dentro daquela instituição. Dinamizou o Jornal e a Rádio Voz de Esmoriz, durante quase uma década.
Foi ainda fundador do Malho Tanoeiro, publicação que também conheceu difusão na cidade.
Apesar dos seus 79 anos de idade, Florindo continua a ser um homem participativo nas causas da cidade, demonstrando sempre um olhar crítico. Neste mês de Agosto, o Malho voltou a sair na praça pública. 



1 - Olá Florindo. A publicação do Malho voltou a sair às ruas, após uma interrupção de vários meses. O que o motivou o regresso do seu jornal?

R: Por que, coisas há, que merecem ser ditas e descritas, para serem ouvidas e ficarem escritas.



2- Elencou muitas lacunas por suprir na cidade. Acredita que os autarcas irão atender às suas reivindicações?

R: Claro que não, até por que não reivindico. O que sempre tenho feito é o lembrar; o dever, a obrigação, daqueles que devem servir e não se servir.



3- Continua empenhado em reforçar o slogan de “Esmoriz a concelho”. Acredita que a cidade poderá um dia voltar a merecer a oportunidade de almejar tal estatuto? 

R: Esmoriz concelho, esteve “ali à porta”. A tal porta foi, então, fechada. Os esmorizenses, podem “apontar o dedo acusador” a dois autarcas. Um, nascido em Esmoriz e a um outro, que até cá chegou, vindo lá das bandas de Santa Valha. 
A cidade merece e o almejar o “tal estatuto”, não pode deixar de ser alimentado. Os “migueis de vasconcelos”, que por cá andam, devem ser denunciados e corridos dos cargos que mais melhor podem decidir. Dar “vivas a Ovar”, em Esmoriz, é insultar a cidade e as suas gentes. 



4- Se Esmoriz fosse concelho, defenderia um município com freguesia única (tal como acontece com São João de Madeira) ou enveredaria por uma fórmula agregadora de mais freguesias (ascensão de Gondesende que passaria de lugar a freguesia e/ou pela anexação de vilas vizinhas)?

R: A decisão sempre caberia a Lisboa. Venha ele, a sua composição, é de somenos importância.
Gondesende, freguesia!!! Aquele que foi um lugar de grande importância no desenvolvimento da freguesia, está envelhecido e, como em algumas outras situações da vida, foi simplesmente abandonado e mal tratado.



5- Acredita que um potencial município de Esmoriz conseguiria ser auto-suficiente?

R: Sempre dissemos que sim. Alguns ignorantes, dizem, que não. Outros, menos esclarecidos, duvidam. Quem de mim discorda, que se explique.
Por que será que os exploradores, os colonizadores, que dizem e fazem “para Esmoriz quanto pior melhor”, não facilitam o atingir desse estatuto?
Procurem saber o montante dos nossos impostos e concluam. Vão milhões e chegam tostões.



6- Ao longo das últimas décadas, sempre se indignou com aquilo que considera ser a pouca atenção da autarquia de Ovar em relação a Esmoriz. Continua convicto de que a nossa terra é ainda o “parente pobre” do concelho vareiro?

R: Individualizar, talvez seja egoísmo da nossa parte. Sempre sentimos, que pertencemos à “província concelhia” e que, ao longo dos tempos, a freguesia de S. Cristóvão, que agora “não existe”, foi a privilegiada. 



7- O que achou das obras de requalificação da Barrinha? Pensa que foram alcançados os objectivos desejados para este sítio ambiental?

R: Fez-se alguma coisa. Retiraram algum lixo, que colocaram em um outro local, para incomodar os banhistas.
Os quilómetros de madeira, bem podiam ter melhor aproveitamento. Uma ou outra elevação, daria a possibilidade de mais ver e deliciar o olhar, mas…
Os técnicos esqueceram o “como resolver”, em caso de necessidade médica ou de punir a criminalidade.
A “torneira poluidora”, não foi fechada, logo, o “faz que faz”, continua a ser feito e os milhões de euros, esbanjados.
A Barrinha, não deixará de continuar a ser poluída com as “promessas dos políticos”.



8- E a reabilitação em marcha do Esmoriztur?! Acredita que o espaço voltará a ser o que foi nas décadas de 80 e 90?

R: Garantidamente que não se repetirá o sucesso. Mas, ficamos a aguardar a conclusão daquilo que tem sido prometido, devido e adiado. 
E se daquela casa se fala, já foi iniciado um “processo”, que lembrará o “senhorio”, da vontade de muitos Esmorizenses, em dar o nome de ORLANDO SANTOS, ao edifício.



9- Quais serão os futuros desafios que a cidade enfrentará? Que sectores de intervenção devem ser prioritários para assegurar o seu desenvolvimento?

R: Por muito estranho que possa parecer, o grande desafio é colocar na cadeira do poder, gente que sinta o quanto vale o respirar os ares da Barrinha, não seja oportunista e não anseie ser autarca vareiro.
Com gente séria no poder, os interesses de Esmoriz estarão primeiro e o desenvolvimento será palpável e visível.



10 - Por fim, sabemos que o seu pai foi tanoeiro. E que uma das suas publicações (“O Malho”) assume, no título, uma conotação com esta actividade identificativa da cidade de Esmoriz. A criação de um museu da Tanoaria ou o empreendimento de uma campanha que visasse determinar o estatuto de Esmoriz enquanto “capital portuguesa da Tanoaria” poderiam catapultar para uma maior visibilidade desta tradição?

R: Em “conversa da treta”, autarcas defenderam a criação do Museu. A dívida, morrerá, por certo, com eles. 
Em meu poder, tenho “material”, que demorou anos a recolher e que, em verdade, em muito poderá vir a servir para perpetuar a memória dos “mártires”, que, como o meu pai, tudo deram para o dignificar dessa Arte. Poderá, digo eu, mas sinto que o tempo escasseia. Se a publicação vier a acontecer, muito será dado a conhecer, a todos aqueles que não ouviram o “bater do malho”. 



Muito obrigado, Sr. Florindo Pinto, por nos ter concedido a honra de responder ao nosso questionário.





Imagem nº 1 - Florindo Pinto aceitou o desafio de responder à nossa entrevista.





Imagem nº 2 - Florindo Pinto foi, no passado, Presidente da Comissão de Melhoramentos de Esmoriz.

2 comentários:

  1. Uma entrevista muito vaga, esperava mais deste senhor

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  2. Gostei de ler a entrevista do Senhor Florindo. Ele sabe do que fala, ele diz as coisas e não esconde nada. As pessoas por vezes podem não concordar da forma como ele diz as coisas, mas quase tudo o que ele menciona é verdade.
    Esmoriz tem potencial para muito mais, e Ovar se quer segurar a nossa terra no seu concelho, terá de investir tanto como investe na sede.
    Exposto isto, boa iniciativa vossa em entrevistar pessoas da terra.

    Cumps.
    João A.

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