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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Os Quebra-Mares: o caminho da salvação ou um tiro no escuro? (Opinião)

Apesar de nestes dias encontrarmos muitos cidadãos entusiasmados com o reino da folia (parece que o Carnaval faz parar mesmo o concelho de Ovar, canalizando mesmo grande parte das energias dos seus serviços públicos locais), a verdade é que há temas mais bem importantes a ter em consideração e que não devem ser descurados. Festa é festa (e todos se devem divertir nesta pausa festiva), mas há questões que preocupam certamente toda a comunidade vareira!
O OvarNews recuperou muito recentemente uma temática bastante importante - a dos quebra-mares, reportagem que poderá ser visualizada em: http://www.ovarnews.pt/e-os-quebra-mares-destacados/. Este é um assunto bastante preocupante que volta a merecer um apontamento ou comentário da nossa parte.
Neste campo em concreto, não podemos criticar o empenho da autarquia presidida por Salvador Malheiro que tem vindo a canalizar esforços para dar uma saída a este problema, tendo apostado em alguns estudos (em parceria com a Universidade de Aveiro) e equacionando seriamente a hipótese de implementar dois quebra-mares a 150 metros da costa (um ao largo do Furadouro e outro perto da praia de Cortegaça). Por outro lado, os derradeiros governos centrais não têm feito o suficiente para abordar, de forma frontal e estrutural, a saga preocupante do avanço marítimo. É verdade que, com o governo de António Costa (e com João Pedro Matos Fernandes no Ministério do Ambiente), já houve algumas melhorias nesse sentido. Por exemplo, é já conhecido o plano de demolição de várias habitações clandestinas que contribuíam para a erosão costeira ao longo da costa portuguesa. Mas isso não chega. É preciso complementar esta iniciativa fulcral com uma estratégia mais consolidada e ambiciosa. 
É claro que o Governo Português precisa de apoios comunitários para implementar um  mega-projecto de quebras-mares (ou quem sabe, diques - uma estratégia que permitiu aos holandeses recuperar terra ao mar) ao longo da costa portuguesa, de forma a limitar ou, pelo menos, retardar o avanço do mar.
Esta é uma guerra que estamos a perder de ano para ano e que coloca em causa a nossa integridade territorial e a segurança das comunidades costeiras. A cada duas décadas, o planeta aquece 1,5 graus. A Antárctida acaba de bater um recorde inédito. No passado Domingo, as temperaturas superaram os 20 ºC positivos. Sim, leu bem. O degelo glaciar (ou derretimento das calotas polares) irá intensificar-se com o aquecimento global, e o mar vai crescer em termos dimensionais e muitas zonas costeiras vão ficar em risco de desaparecer.
Muito sinceramente, a solução dos quebra-mares pode ser útil para adiar o inevitável por mais algumas décadas, mas não acreditamos que terá a força necessária para suportar o que aí vem. Aliás, os quebra-mares já conheceram algum sucesso nalguns pontos do Mediterrâneo (onde a pressão marítima costuma ser bem mais moderada), mas falta saber se terão pujança suficiente para travar um Oceano Atlântico cada vez mais poderoso e agitado.
Caso esta estratégia avance, o Governo Português, juntamente com o apoio dos Municípios de Ovar e Vagos (e também da União Europeia), irá construir três quebra-mares ao largo das praias de Esmoriz e Cortegaça (Ovar) e Vagueira (Vagos). É um projecto orçamentado em cerca de 20 milhões que visa a implementação de barreiras construídas no mar, as quais deverão provocar o rebentar repentino e prévio das ondas antes de estas atingirem a costa. Falta determinar qual será a sua eficácia a breve e médio prazo, porque a largo prazo (a não ser que a Humanidade reverta o processo de aquecimento global ou consiga, quem sabe daqui a uns séculos, absorver ou recolher largas quantidades de água do oceano e despejá-las para fora do planeta) parece que o mar irá mesmo conquistar muita terra.



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Imagem nº 1 - Projecto de construção de dois quebra-mares na costa vareira (Cortegaça e Furadouro).

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