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sexta-feira, 1 de maio de 2020

Em diálogo com Sérgio Vicente Prata


À conversa com um convidado especial
5 Perguntas de Rotina, 5 Respostas de Quarentena
Entrevista Publicada Originalmente na Página da Comissão de Melhoramentos de Esmoriz


Hoje é dia de falarmos com Sérgio Vicente Prata, Presidente da Junta de Freguesia de Cortegaça. Vamos tentar saber como ele tem encarado este contexto adverso provocado pela propagação do COVID-19.


1 – Olá Sr. Presidente Sérgio Vicente Prata. Que impacto sentiu quando foi decretado o Estado de Quarentena no concelho de Ovar? A Cerca Sanitária foi mesmo necessária para conter os focos de propagação de COVID-19? 📌

R: Olá a todos, a privação da liberdade seja qual for o formato, é algo que causa incómodo, que não desejamos e contra o qual lutamos enquanto seres sociais. O decretar do estado de quarentena no concelho de Ovar teve em primeiro lugar um impacto difícil de digerir por aqueles que, como eu, enquanto decisor politico, preferem sempre decidir algo, que sabe que só trará consequências positivas para as pessoas.
No meu entender a cerca sanitária foi positiva e necessária numa fase em que era desconhecido o vírus e a sua forma de atuação, era também desconhecido o estado em que o concelho se encontrava, mas em que já se sabia da forte possibilidade da existência de uma contaminação comunitária ativa.
A contenção e a localização dos principais focos de contaminação foram o grande resultado da cerca, o valor acrescentado que ela trouxe foi o de podermos agora estar melhor preparados em termos de equipamentos, infraestruturas e meios de combate à pandemia.



2 – Apesar de ser a localidade com menos infectados no concelho (16 ao todo), a Junta de Freguesia de Cortegaça está a preparar algum plano em especial para lidar com as consequências do COVID-19? 📌

R: A batalha contra o vírus no concelho de Ovar conduziu a uma contenção geográfica popularmente conhecida por "cerca", fruto da presença de uma contaminação comunitária.
Foi encarada com uma estratégia dinâmica e com uma forte presença operacional no terreno, através do gabinete de Crise, que revelou bons resultados, no controlo da contaminação.
A Junta de Freguesia de Cortegaça ainda antes de ser decretada a cerca sanitária, elaborou o seu plano de contingência, além da aquisição de meios de proteção individual, implementou medidas de restrição coletiva. A redução do período de atendimento, o encerramento dos equipamentos públicos, como por exemplo, o cemitério, entre outros, executamos ainda campanhas de sensibilização através da rádio, das redes sociais e do site da Junta. Procuramos acompanhar os nossos empresários, dando-lhes apoio naquilo que estava ao nosso alcance, procurando ser a voz, das suas reivindicações junto do Gabinete de Crise.
No plano "pós-cerca", ou em estado de emergência, entendemos que devemos continuar a implementar o plano de contingência, as medidas de prevenção recomendadas pela DGS, como o uso obrigatório das máscaras, faremos gradualmente a reversão das medidas restritivas de acordo com o evoluir da situação.
Contudo o que é certo e isso tenho de realçar, é que, o comportamento de cada um é decisivo para vencermos esta batalha.



3 – Aproxima-se a época balnear. Acredita que a vila de Cortegaça conseguirá desfrutar de um Verão normal? As receitas dos comerciantes e demais responsáveis da restauração não serão afectadas? 📌

R: Penso que nenhum país, município ou freguesia terá a disponibilidade de desfrutar de um verão “normal”, desde logo prevê-se a diminuição do fluxo turístico, bem como o receio que ainda pairará nos portugueses relativamente à pandemia, enquanto não se encontrar uma solução médica capaz de anular os seus efeitos no ser humano.
Quanto às receitas creio que todas as áreas económicas serão afetadas por esta situação, naturalmente a área da restauração será mais afetada quer por ser a que proporciona mais convívio entre as pessoas e ao que indica ele ainda será limitado durante mais algum tempo, mas também, porque será com certeza o ultimo setor onde serão levantadas as restrições.



4 – E os eventos festivos veraneantes em Cortegaça estarão em risco? 📌

R: Sim, estão em risco, quer pelo efeito da necessidade de não se expor as pessoas a uma maior possibilidade de contágio, quer pelos efeitos da própria lei, quer estejamos num estado de emergência, quer num estado de calamidade.
Há ainda outro fator que põe em risco os eventos de verão que tem haver com a sua operacionalidade, como deve compreender nos anos anteriores a preparação, a programação, os contatos necessários à sua realização já estavam todos realizados e acordados por esta altura, logo o tempo para se iniciar todo este procedimento já esgotou de forma a que fosse possível realizar estes eventos, com a qualidade e a segurança com que habitualmente se fazem. Digo assim que os eventos de junho, julho e agosto, dificilmente se realizarão em 2020.



5 – Acredita que a vila irá dar a volta por cima e ressurgir com mais força? 📌

R: Cortegaça é uma vila fortemente empreendedora, com uma grande dinâmica empresarial, cultural, desportiva e social. As bases de todas estas empresas, organizações e associações, são fortes e robustas, as pessoas que as dirigem são resilientes, demonstram um forte carácter de resistência, por isso estamos confiantes no futuro, como sempre estivemos.
Mas deixe-me dizer-lhe, sou dos que defende e acredita na iniciativa privada, como motor económico e de desenvolvimento das sociedades e das comunidades, contudo em tempos de crise o papel do estado/governo/câmaras, é fundamental no alavancar das economias, nacionais e locais.
Urge voltar aos eixos, é urgente a retoma das nossa vidas, tenho ouvido dizer que não há economia saudável sem pessoas saudáveis, eu prefiro acreditar e defender que não há pessoas saudáveis, sem uma economia, forte, pujante, competitiva, inovadora e de sucesso, de forma a proporcionar ás pessoas, aqueles que são os seus direitos primários, como o acesso à saúde de qualidade, o acesso à educação plena, o acesso ao emprego e ao trabalho, a capacidade de gerir o seu próprio negocio, o acesso ao desporto, à cultura, ao lazer, no fundo que proporcione melhor qualidade de vida.
Há uns anos num período de crise que assolou Portugal alguém dizia: "há mais vida para além da crise", agora é tempo de dizer:

"Há mais vida, para além do Covid".

Obrigado
Sérgio Vicente





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