Páginas

domingo, 30 de agosto de 2020

Recordando o Ti’Telmo


Recordando o Ti’Telmo 


O Ti'Telmo, mais conhecido por Telmo Pinho Grosso, foi um dos verdadeiros lobos do mar, o barqueiro exímio da Arte Xávega de Esmoriz. Infelizmente, já cá não está entre nós, mas o seu legado permanece nas memórias descritivas de todos nós.

Graças a ele e a vários pescadores da nossa terra, seriam servidas nas mesas de várias casas e restaurantes as melhores sardinhas, carapaus, robalos, solhas, peixes-aranhas, cavalas, etc.

Sabemos ainda que escreveu alguns versos que integraram os seus poemas e fados. 

Deixamos um deles que reflecte as aflições vividas em alto mar, quando se procurava garantir o sustento da comunidade diante de ondas e correntes terríveis, e em alturas, em que só a intercessão divina era a derradeira esperança para abençoar a coragem destes homens que ajudaram a erguer uma terra durante décadas, honrando uma tradição de séculos! 



O MAR

(Poema da autoria de Ti'Telmo)


Pescador, velho lobo do mar

Que pedes para te levar

Com saudades de te ver

Porque não te posso esquecer

No tempo que eu andava

Em cima de ti navegando

Trabalhando e chorando

E te pedia por amor

Ó mar não sejas traidor!



O céu azul revoltado

Enraivecido pelo vendaval

O tempo não pode acalmar.

O que fazes lobo do mar?

Ó Deus peço-vos rezando

Que o tempo vá acalmando

E que o céu fique claro

Para eu poder navegar 

Que eu não posso mais chorar

Ó mar não sejas traidor!



Já não vejo espuma branca

Das tuas enormes vagas

Já tenho as velas rotas

Já não tenho forças nos braços

E não vejo o tempo de abrandar

Ó Deus, como hei-de passar?

Os mastros já caíram ao mar

Está-se tudo a despedaçar

E eu ficarei sem vida

Ó mar não sejas traidor!



Agora navegamos devagar

Sem nada poder arranjar

Com tudo desmantelado

E tudo esfarrapado

E o barco moribundo

São medalhas deste mundo

Que nós podemos ganhar

Enquanto não há calmaria

É trabalhar de noite e de dia

Ó mar não sejas traidor!






Imagem retirada algures do Google

Micaela Pinto estreou romance

Micaela Pinto é uma jovem esmorizense nascida em 1996, e está, neste momento, a frequentar o último ano de Licenciatura em Teatro na Escola Superior de Educação de Coimbra. Ao longo da sua juventude, chegou a representar no elenco dos Arautos, onde conquistaria o gosto pelo palco. 
Micaela publicou agora um novo romance “O Rapaz do Carrossel” pela Chiado Editora, evidenciando igualmente um talento especial para a escrita. A autora descreve-se como uma “sonhadora nata que acredita que o Amor é o que sustenta a vida” e que adora escrever sobre aquilo que a constrói e a desconstrói, tentando emprestar, em simultâneo, novos pensamentos e formas de observar a realidade.






Hélder Reis publica novo livro

“Nação Valente” é a nova obra de Hélder Reis, apresentador televisivo esmorizense que representa a RTP. Trata-se de um livro onde são elencados os principais mitos, lendas e lugares curiosos de Portugal. Hélder Reis fala-nos de gente valente e heróica que marcou a nossa história, dá-nos a conhecer objectos que ainda hoje nos contam uma estória empolgante e as tradições populares que nos tornam únicos.
Trata-se de uma viagem cultural pelo nosso país em que o leitor fica a conhecer a magia e mística de muitos recantos. O livro foi oficialmente lançado em Julho de 2020, tendo sido chancelado pela “Editorial Planeta”. 






terça-feira, 25 de agosto de 2020

Esmoriz precisa de mais grandes obras

Olhando para os três últimos presidentes da autarquia de Ovar, houve efectivamente algumas obras relevantes na nossa cidade e que não podem ser ignoradas. 
Armando França apoiou a criação dos Monumentos consagrados à Arte Xávega (escultura de Rui Anahory) na Avenida Joaquim Oliveira e Silva, e ao Viajante (projecto de Faria Pires) na rotunda de Gondesende, tendo ainda impulsionado a construção do parque de lazer nas imediações da Praia da Barrinha (já agora, um aparte: não percebemos porque é que Armando França não foi convidado para a cerimónia solene do Dia do Município - pensamos que foi um erro que deveria merecer uma reflexão interna porque todos os antigos líderes da edilidade devem ter sempre o seu lugar reservado na cerimónia. 
Manuel Oliveira foi responsável pela criação do Parque Ambiental do Buçaquinho (espaço que é hoje visto como um dos ex-libris naturais mais atractivos do país, o que confirma a boa visão da equipa autárquica daquele tempo), pela requalificação bem-sucedida das Avenidas da Praia e dos Correios e pela adjudicação das obras da Barrinha de Esmoriz (que tiveram continuidade no mandato do seu sucessor). Também se empenhou na resolução da situação do Esmoriztur, embora as inevitáveis burocracias em torno do processo tivessem tornado os avanços mais lentos. No entanto, os dois mandatos de Manuel Oliveira foram essenciais para que a cidade de Esmoriz crescesse tanto ao nível ambiental como naquilo que concerne à modernização das principais artérias urbanas. 
Salvador Malheiro, actual Presidente da Câmara Municipal de Ovar, apostou na criação da Ciclovia do Atlântico entre Esmoriz e o Furadouro, inaugurou o Bairro Habitacional da Boa Esperança (para acolher famílias vareiras que tinham as suas casas ameaçadas pelo mar), requalificou a Praça dos Combatentes do Ultramar e uma parte considerável da rede urbana da área nascente da cidade, além de estar empenhado em devolver finalmente o Esmoriztur à população, pesem os atrasos sucessivos nas obras de requalificação deste edifício cultural. 
Na Junta de Freguesia de Esmoriz, as grandes apostas do actual executivo liderado por António Bebiano consistiram principalmente na criação da Universidade Sénior de Esmoriz e de Gabinetes de Apoio Psicossocial e de Inserção Profissional, sendo ainda de realçar a dinamização festiva do Arraial da Barrinha. 
E até aqui tudo bem - foram todas elas obras importantes!
No entanto, desde inícios de 2018 que assistimos a um declínio do investimento municipal na cidade e a junta de freguesia local também não dispõe dos meios financeiros e humanos para operar milagres. A pandemia pode ser uma desculpa bastante aceitável para o condicionamento do investimento no actual ano de 2020, mas a verdade é que a estagnação dos projectos ambiciosos relativos à nossa cidade já aparentava ser uma realidade nos dois anos anteriores à propagação do Coronavírus.
E que "grandes obras" poderiam ser então efectuadas em Esmoriz a breve ou médio prazo? Podemos citar alguns projectos de considerável potencial: a criação do Museu da Tanoaria, a reabilitação da Escola Secundária de Esmoriz (embora este dossier seja tutelado directamente pelo Ministério da Educação), uma nova vaga de desassoreamento da Barrinha de Esmoriz, a reabilitação e modernização do Palacete dos Castanheiros, a instalação de um centro interpretativo para a Necrópole de Gondesende, o estabelecimento de uma rede conservada de palheiros (e promover visitas guiadas) agregando os contributos da Arte Xávega, a colocação de um quebra-mar que trave o avanço marítimo, etc.
Contudo, existem também "pequenas" ideias que podem singrar e fazer a diferença para melhor: a criação do estatuto "Esmoriz - praia de excelência da região" (através de outdoors e cartazes exibidos na cidade), a introdução de sinalizadores nas zonas limítrofes da freguesia de boas vindas em cinco línguas (português, inglês, francês, italiano e alemão) a quem nos visita, sintetizando por imagens os principais pontos de interesse da urbe (com os símbolos que tradicionalmente ilustram: monumentos, mar, lagoa, praia e floresta), a obtenção do galardão de "Capital Portuguesa da Tanoaria" junto das entidades oficiais, a manutenção da aposta no Posto de Turismo (pelo menos, durante a época balnear), a criação de um site completo sobre a cidade (em português e com versão opcional em inglês) que elenque todos os seus pontos de interesse, a introdução de pequenas placas identificativas em espaços de relevância histórica (Pia dos Cavalos, antiga casa de Florbela Espanca, antigos edifícios da Guarda Fiscal e da Guarda Florestal, etc).
Através da imaginação dos mais diversos cidadãos, novas ideias poderão surgir - porque a nossa cidade não deve apenas suprir as lacunas mais emergentes, mas também deve saber reinventar-se a cada dia, de forma a actualizar-se perante os novos tempos. 
Não podemos pois cair em cenários de indefinição porque o vazio de ideias é o que mais nos preocupa.



Praia de Esmoriz - Ovar | All About Portugal

Imagem meramente exemplificativa retirada de: https://www.allaboutportugal.pt/pt/ovar/praias/praia-de-esmoriz

Centro de Assistência Social de Esmoriz aposta na melhoria das condições para os seus utentes

O Centro de Dia para os mais Idosos está a ser intervencionado, ao nível da limpeza, por parte do Centro de Assistência Social de Esmoriz, de forma a cumprir as normais gerais da DGS e garantir uma qualidade de vida digna e segura aos seus utentes.
César Silva, novo Presidente da Direcção da mencionada IPSS, prometeu novidades para breve, demonstrando já um forte empenho nos primeiros tempos do seu mandato.

 

Câmara Municipal de Ovar amplia oferta dos livros de fichas ao Primeiro Ciclo

 

Ano Lectivo 2020/2021


Para o ano letivo 2020/2021, a Câmara Municipal de Ovar vai ampliar o programa de oferta dos livros de fichas de apoio a todos os alunos do 1º ciclo das escolas do Município, contemplando todos os livros de fichas de apoio ao estudo de acordo com o ano de escolaridade. Através desta medida, o programa municipal complementa o governamental, garantindo, desta forma, a oferta da totalidade dos livros e fichas escolares a todos os alunos matriculados nas escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico em Ovar.
O programa apresenta ainda uma outra novidade para este ano letivo, uma vez que o processo de aquisição de livros será efetuado digitalmente, otimizando a plataforma de gestão escolar municipal. Assim, os encarregados de educação receberão, via SMS, um código, que terão de apresentar numa papelaria aderente ao Programa de Oferta dos Livros Escolares da autarquia.
Recorde-se que esta é uma medida de investimento na Educação no nosso município, com um valor aproximado de 65 mil euros, que promove a igualdade de oportunidades no acesso das nossas crianças à educação, independentemente das suas condições económicas, contribuindo ainda para a fixação dos respetivos agregados familiares no nosso território.




CMOvar amplia oferta dos livros de fichas ao 1ºCEB

domingo, 23 de agosto de 2020

Adérito Ferreira expôs seus trabalhos na Torreira

Adérito Ferreira expôs os seus trabalhos fotográficos sobre a Praia de Esmoriz e a Afurada na "Exposição Colectiva 60 X 60 em 2020" que teve lugar na Galeria Municipal da Torreira (Murtosa). Na inauguração, Adérito fez-se acompanhar do seu filho e da namorada deste, tendo merecido elogios da parte de alguns dos visitantes que enalteceram a qualidade das suas imagens exibidas.
Adérito esteve ainda recentemente na televisão, mais concretamente no programa de reportagem "Olhá Festa" que é difundido na parte final do telejornal da noite da SIC, onde promoveu, em nome da Confraria Gastronómica do Concelho de Ovar, o pão de ló de Ovar (como ex-libris) e o peixe-aranha (prato típico de Esmoriz).




quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Câmara Oculta LX

Nesta passada quinta-feira, dia 19 de Agosto, celebrou-se o Dia Mundial da Fotografia. 
Desta feita, decidimos realçar, nesta rubrica, a praça localizada junto ao Monumento da Arte Xávega em Esmoriz, sendo que, ao longe, podemos observar a extensa Avenida e Ponte Fernando Raimundo Rodrigues, uma das principais artérias urbanas da cidade. 
E as garbosas palmeiras que observamos nesta fotografia conferem uma ornamentalidade natural à nossa terra.

 

 


Foto da autoria de Sara Ribeiro ("Photo Luz")

Electrão disponibilizado pelos Bombeiros Voluntários de Esmoriz

Os Bombeiros Voluntários de Esmoriz aderiram ao Projecto "Quartel Electrão", disponibilizando agora um equipamento apropriado para a colocação de pilhas, lâmpadas, electrodomésticos e outros objectos similares que podem ser assim deixados ali pelos cidadãos.
Todos os resíduos elétricos serão encaminhados pelos Bombeiros Voluntários Esmoriz para reciclagem, favorecendo assim a sustentabilidade ambiental. 
O "Electrão" encontra-se nas imediações do Quartel.
 
 
 
 
 
Direitos da Foto - Grupo de Comunicação e Imagem dos BVE

Chuva = Inundação na Avenida Infante D. Henrique

Durante esta noite/madrugada, houve alguma chuva. Felizmente, não foi muita porque se assim fosse a inundação teria sido bem maior e os danos materiais nas habitações voltariam a ser consideráveis. A pronta intervenção dos bombeiros voluntários de Esmoriz, munidos dos meios/equipamentos de desobstrução, evitou também males maiores.
No entanto, já ninguém entende a reincidência interminável destas ocorrências. Os cidadãos queixam-se de que isto não tem fim à vista mas parece que estão todos a falar para a parede, e o problema continua por resolver. 
Já nos disseram que se isto acontecesse no Furadouro ou no centro de Ovar, tinha sido imediatamente resolvido! Será que essas pessoas terão razão? 
No Inverno, continuam ocorrer entre 10 a 15 inundações nesta zona da rotunda da Avenida Infante D. Henrique, no lugar da Praia de Esmoriz.



 
Direitos da Foto - Grupo de Comunicação e Imagem dos BVE

Sporting Clube de Esmoriz inicia época oficial em Alvarenga

Já foi divulgado o calendário desportivo da próxima temporada do Campeonato SABSEG ou Divisão de Elite de Aveiro, onde o Sporting Clube de Esmoriz é uma das equipas incluídas. A equipa orientada por Miguel Correia já sabe que irá disputar o primeiro jogo oficial no reduto do Alvarenga, turma que ascendeu de divisão inferior e que promete ser um adversário complicado. A primeira jornada decorrerá a 13 de Setembro.
Na segunda jornada, prevista para 20 de Setembro, o Sporting Clube de Esmoriz receberá o União de Lamas, partida que promete ser um bom jogo de futebol, enquanto que, na terceira jornada (a 27 de Setembro), a turma esmorizense vai ao terreno do São Vicente Pereira.
Recorde-se que a prova será dividida em duas zonas, norte e sul, com 11 equipas cada (e 1 com uma equipa a folgar a cada jornada).
Confira o calendário das três primeiras jornadas:




Direitos de Imagem: Associação de Futebol de Aveiro

domingo, 16 de agosto de 2020

Pérolas Históricas XX - A lenda do nome do Lugar da Boavista

 

Para suportar a sua própria história, cada um acrescenta-lhe um pouco de lenda.


Marcel Jouhandeau
Romancista e Novelista Francês
(1888-1979)


Em Esmoriz, existe um lugar que é designado de Boavista. Chamam-no assim porque está numa posição a nascente, numa ligeira inclinação topográfica, a qual permite aos seus moradores observar de longe a Barrinha de Esmoriz e o mar. Daí o nome de Boavista, por permitir vários miradouros de excelência. Naquele lugar, seriam oriundos dois grandes esmorizenses que deram cartas nas letras: António Maria (poeta e historiador) e Aires de Amorim (padre e autor da monografia de Esmoriz). Também a Nossa Senhora Capela da Penha é o principal cartão de visita do lugar, sendo um dos templos mais antigos de Esmoriz e até do concelho de Ovar.
No entanto, se, por um lado, sabemos como nasceu o nome deste lugar (isto é, o que levou à sua designação toponímica), por outro, desconhecemos quando isso começou.
Para esse efeito, nasceu inclusivamente uma lenda que tende a reivindicar as origens antigas do nome deste sítio. Foi, por exemplo, citada num projecto escolar bastante interessante desenvolvido por alunos e que já foi inclusivamente divulgada por alguns anciãos da terra:


"Os cruzados, guerreiros cristãos, oriundos do Norte da Europa, por aqui passaram, via terrestre e marítima, dirigindo-se do Porto a Lisboa, a caminho da Terra Santa. Certo é que alguns, por razões estratégicas e de observação e até de saúde, neste local de Boa Vista demoraram, dada a sua excepcional elevação e visibilidade para controlo das vias marítimas e terrestres e mesmo da Barrinha que nessa altura dava a acesso a navios. Decorria o reinado de D. Afonso Henriques. Neste local de eleição, pois a Capelinha da Penha, confinada de início apenas à actual sacristia do Norte, que ainda conversa o lagedo e janela seteira primitivos. E porque nessas hostes predominavam gauleses, compreensivamente lhe deram um título de origem francesa: Nossa Senhora da Penha. E o local continuou sentinela vigilante através dos tempos, pois de ali se alertavam as populações contra as incursões dos piratas e de "moiros na costa". Em 1345, conforme inscrição absolutamente legível, no cimo da portada frontal da capela, foi-lhe acrescentado o restante edifício para construir o templo que é de admitir seria a primeira Igreja de Esmoriz. E no período das Descobertas, os esmorizenses prometeram e levaram a cabo o mais rico e artístico altar em talha renascença que há por aqui, com um conjunto de imagens de incalculável valor. É este conjunto de requinte que mais caracteriza a vetusta e ridente Capelinha." (Projecto Escolar desenvolvido por professores e alunos na Escola Florbela Espanca entre 2005/2006).


Em primeiro lugar, esta lenda tem algum fundo de veracidade, embora não seja de todo confiável porque há imprecisões.
Começando por aquilo que achamos ser credível ou verdadeiro, sabemos efectivamente, em primeiro lugar, que os cruzados estiveram em contacto com a região litoral portuguesa (nos limites até então dominados pelo reino) no âmbito da Segunda Cruzada (1147-1149). Efectivamente, a queda de Edessa (1144), estado cruzado do Oriente, obrigou o Papa Eugénio III e o pregador Bernardo de Claraval a promoverem uma nova expedição militar à Terra Santa, de forma a proteger as conquistas da Primeira Cruzada (1095-1099). Ao longo da jornada marítima, vários navios cruzados oriundos do Norte da Europa, acabaram por naturalmente percorrer a costa litoral galega e portuguesa, e foi aí que o nosso rei D. Afonso Henriques procurou entrar em contacto, através de intermediários, com muitos dos seus capitães e líderes de forma a visar a conquista da cidade de Lisboa, o que veio a suceder-se então no ano de 1147, conferindo um novo impulso à Reconquista Portuguesa. Muitos destes cruzados estrangeiros eram normandos, ingleses, flamengos (Flandres), escoceses e germanos. Como é lógico, o primeiro grande ponto de contacto deu-se no Porto com o bispo local D. Pedro Pitões, sendo que posteriormente os cruzados avançariam pelo litoral até Lisboa, onde já estaria o soberano português acampado nas imediações para dar início ao cerco. Ao longo deste percurso marítimo, é provável que os cruzados fizessem algumas paragens para se reabastecerem ou descansarem. O cronista e cruzado inglês Osberno que relatou esta empresa bélica dá-nos a entender que tal se sucedeu, embora não tenha elencado o nome de muitos dos lugares onde se verificaram tais paragens. 
De acordo com a lenda, também é verdade que a Barrinha de Esmoriz tinha dimensões superiores àquelas que hoje conhecemos. Suspeita-se que, no século X, estendia-se desde Silvalde até Cortegaça, com a sua mancha lagunar a concentrar-se essencialmente entre Esmoriz e Paramos. O seu caudal era infinitamente mais expressivo. Por isso, estavam reunidas condições para que pequenas e médias embarcações navegassem no seu leito, dois séculos depois. 
As inquirições de D. Dinis (1288) também confirmam a presença de um porto medieval que permitiria a ancoragem de barcos. No entanto, não sabemos se este equipamento já existira cerca de 150 anos antes, quando reinava em Portugal o fundador da Dinastia - D. Afonso Henriques, o grande responsável pela conquista de Lisboa. Se o mesmo já existisse, seria tentador alegar que alguns dos 164 navios que compunham a frota cruzada teriam ali parado até porque na região entre Porto e Aveiro, os portos existentes contavam-se pelos dedos das mãos. 
No entanto, nada disto prova-nos que foram os cruzados, mesmo que estivessem estacionados em Esmoriz (possivelmente uma modesta aldeia piscatória naqueles tempos), que baptizaram um dos lugares a nascente como seria o caso do sítio da Boavista. E aqui entramos nos argumentos que tornam esta história, não como um dado científico adquirido, mas antes como um mito ou uma lenda. 
Apesar de podermos supor uma paragem dos cruzados na Barrinha e nalguns pontos de Esmoriz e Paramos, a verdade é que não há nenhum documento concreto da época que confirme expressamente essa teoria. 
Ao contrário do que é indicado na lenda em cima, a Capela da Penha não existia antes da chegada dos cruzados como também o seu culto não seria sequer fundado por estes. A inscrição cronológica que erradamente foi efectuada por um escriba/artista seiscentista, dado que, conforme Aires de Amorim afirma na sua monografia "Esmoriz e a sua História", o templo não foi restaurado em 1345, mas sim em 1645 pelo abade João de Pinho. De qualquer das formas, as duas datas são bem posteriores à expedição do ano de 1147 que permitirá a conquista de Lisboa. Além disso, o culto de Nossa Senhora da Penha de França não teve origens propriamente em França, mas sim numa serra designada "Penha de França", então situada na província de Salamanca (Espanha), onde o monge Simão Vela encontrou uma imagem antiga de Nossa Senhora, após uma visão milagrosa que teve. Além disso, é importante relatar que este culto propriamente dito nasce apenas a partir do século XV.
Em Esmoriz, o culto de Nossa Senhora da Penha remonta aos inícios do século XVII, embora sob a forma original de ermida. Assim sendo, é muito posterior aos tempos da Segunda Cruzada e da Conquista de Lisboa.
De acordo com o Padre Aires de Amorim, a primeira referência documental ao lugar da Boavista em Esmoriz surge apenas em 1677. É provável que as origens deste nome sejam já anteriores, contudo é improvável que remontem ao já longínquo século XII. 
Apesar de se achar envolta de lendas, o lugar da Boavista congrega sim a ilustre capela de Nossa Senhora da Penha (com o seu belo altar de talha dourada e cujo culto remonta então ao século XVII) e ainda um magnífico miradouro que permite contemplar a beleza natural e genuína do mar e até da Barrinha de Esmoriz.





Imagem nº  1 - A Capela da Penha de França no lugar da Boavista em Esmoriz.
Direitos da Imagem: Nossa autoria





Imagem nº 2 - Exemplo de um porto medieval sito num lago.





Imagem nº 3 - O cerco de Lisboa (1147) com a presença das forças portuguesas e cruzados estrangeiros.
Direitos da Imagem: Roque Gameiro (autor da pintura)

quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Florindo Pinto publica novo trabalho

O antigo Presidente da Comissão de Melhoramentos de Esmoriz, Florindo Pinto, publicou o mais recente trabalho "Partiram para a Outra Morada", o qual elenca as pessoas que faleceram e foram sepultadas em Esmoriz no decurso dos últimos vinte anos (2000-2020).
O autor relembra que fez várias visitas ao cemitério, pesquisou em bases de arquivos mais recentes, registou datas do que estava gravado nas sepulturas e pediu dados a quem pudesse ajudar na sua investigação. 
O estudo reúne os nomes, a idade de falecimento e as datas (de nascimento e óbito) de 850 homens e 754 mulheres. 
Conforme Florindo remata no seu estudo: "A vida é o espaço temporal que a morte nos concede".
Recorde-se que o autor já tinha compilado, numa investigação anterior, os maiores pensamentos da Humanidade, projecto audacioso que inclusivamente justificou alguns elogios da parte dos leitores que ficaram agradados de ler afirmações marcantes da nossa história, cultura e filosofia. 




Polo UAB de Nova Santa Rosa recebe Pós de Gestão Pública Municipal ...

Imagem meramente exemplificativa 

Forte adesão à Praia

A Praia de Esmoriz contou hoje com uma afluência muito grande, isto depois de alguns dias nublados. A ausência de rajadas de vento, a presença evidente do calor e a conjugação de um mar calmo contribuíram para que milhares se dirigissem ao nosso areal e ali permanecessem por bastante tempo. A lotação da Praia da Barrinha esteve perto dos limites, o que comprova uma adesão gigantesca.
Recorde-se que o mês de Agosto é uma época de férias, pelo que não estamos surpreendidos com esta realidade, apesar de, neste ano, enfrentarmos um novo risco - o da pandemia do COVID-19.














 

terça-feira, 11 de agosto de 2020

2 casos activos de COVID-19 no concelho de Ovar

Neste momento, só existem 2 casos de COVID-19 no concelho de Ovar. O balanço foi feito há pouco por Salvador Malheiro, Presidente da Câmara Municipal de Ovar. 
Trata-se de uma estatística muito interessante, tendo em conta que felizmente não houve um agravamento considerável do número de infectados durante a actual época balnear, o que é um claro sinal de que as pessoas moradoras no concelho (bem como aquelas que nos visitam) estão a seguir as recomendações emanadas pela Direcção Geral de Saúde.



Região Centro registou esta semana 75 novos casos de covid-19 ...

Contentores necessitam de manutenção

O estado dos contentores na Avenida Joaquim Oliveira e Silva, na Praia de Esmoriz, é um bocado assustador e merece uma atenção cuidada das entidades públicas locais. Os contentores encontram-se deslocados, e abarrotados com lixo, pelo que o serviço de recolha deveria efectuar-se de uma forma mais assídua ou permanente, sobretudo no decurso da actual época balnear.


 

Município de Ovar promove debate sobre importância do Associativismo Jovem


Tertúlia organizada pela autarquia foi transmitida online no Facebook Ovar Jovem e contou com Vice-Presidente da Federação Nacional de Associações de Jovens

Através do seu Serviço de Juventude, a Câmara Municipal de Ovar deu continuidade ao ciclo de “Talks de Juventude” com a realização, esta sexta-feira, 31 de julho, de uma tertúlia dedicada ao Associativismo Jovem, cujo propósito, refere Ruben Ferreira, Vereador da Juventude da autarquia, foi “abordar a importância das associações juvenis como fator de desenvolvimento dos jovens, assim como incentivar os jovens a participarem mais no Associativismo”.
Sob o mote “O Associativismo Jovem serve para alguma coisa?” a iniciativa decorreu no Bar do Centro de Arte de Ovar, tendo como oradores Cátia Camisão (Vice-Presidente da FNAJ - Federação Nacional de Associações de Jovens), José Barge (ex-Tesoureiro da Associação Académica de Coimbra) e Fernando Marques (membro da Direção da CRECOR).
Através de uma interação descontraída e informal, os jovens oradores na Talk traçaram o panorama do associativismo juvenil a nível local e nacional, abordaram os desafios que as Associações enfrentam, e apresentaram possíveis soluções para fomentar a participação dos jovens no associativismo.
“Estamos a implementar uma estratégia de proximidade, dando destaque às Associações Juvenis do concelho”, afirma Ruben Ferreira, Vereador da Juventude da autarquia, realçando que o evento se realizou de forma presencial e digital. “Cumprimos todos os cuidados de segurança para os jovens que quiseram assistir presencialmente ao evento e, além disso, ainda o transmitimos no Facebook «Ovar Jovem» para que qualquer pessoa pudesse assistir. Connosco, nenhum jovem fica excluído de participar” assegura Ruben Ferreira.
O evento foi avaliado de forma bastante positiva pelos participantes, com 60% a considerarem que a iniciativa “Correspondeu às Expectativas” e 40% a considerarem que “Excedeu as Expectativas”.
A cargo do Serviço de Juventude da Câmara Municipal de Ovar, o Ciclo de “Talks de Juventude”, iniciado em junho de 2020, decorrerá ao longo do ano, no bar do Centro de Arte de Ovar, com transmissão no Facebook em www.facebook.com/ovarjovem.




Município de Ovar promove debate sobre a importância do Associativismo Jovem

Direitos da Foto - Câmara Municipal de Ovar

Medidas Necessárias

O Grupo Coração Vareiro elencou algumas das medidas que serão necessárias aplicar no concelho de Ovar, e em particular, na cidade de Esmoriz.  Algumas delas são as seguintes:


  • Requalificação da Barrinha de Esmoriz. Uma das maiores lagoas da zona norte e centro do País tem sido “vítima” da poluição industrial e doméstica, além de que apresenta níveis preocupantes de assoreamento. É preciso salvar este ex-libris com uma nova mega-operação que se centre definitivamente no cerne do problema.
  • Reabilitação do Esmoriztur. É um dos principais polos culturais do concelho de Ovar, estando já encerrado desde 2009. Apesar de ter sido intervencionado muito recentemente, as obras estão paradas. O Cine-Teatro de Ovar também merece ser recuperado.
  • Requalificação da Escola Secundária de Esmoriz. O edifício conta com cerca de três décadas de existência sem ter sido alvo de obras estruturais. Neste momento, apresenta vários sinais de degradação e cenários de insalubridade. Para quando a sua recuperação?..
  • Política de protecção dos palheiros e da Arte Xávega. Duas tradições do povo vareiro que caíram muito num abandono generalizado e que necessitam de ser reavivadas.
  • Intervenção na EN 109. É uma estrada que, no seu percurso do concelho de Ovar, apresenta vários problemas ao nível da segurança, pelo que se exige uma solução imediata.
  • Protecção contra o avanço marítimo. Os pontos litorais mais vulneráveis do Furadouro, Cortegaça e Esmoriz estão a ser acossados na época do Inverno. Abordou-se a hipótese de se construírem quebra-mares, mas quando é que a estratégia será colocada em prática?
  • Recuperar o Vela Areinho e o espaço envolvente do abandono actual.



PSD questiona governo sobre requalificação da Secundária de ...

Imagem nº 1 - A reabilitação da Escola Secundária de Esmoriz é vista como um procedimento que requer tratamento urgente.
Direitos: Terra Nova (Site)

quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Piscina dos BVE reabre no final de Agosto

A Piscina dos Bombeiros Voluntários de Esmoriz irá reabrir a 31 de Agosto, estando previstas as modalidades de natação, hidro-ginástica, hidro-sénior e regime livre. Mas haverão ainda outras novidades, nomeadamente as aulas de Aqua Bike, Aqua Floatboard, Aqua Circuit e Aqua Total. 
A inscrição poderá ser feita através de uma das seguintes formas:

  • Telefones: 910580512 / 911917001
  • E-Mail: piscina@bvesmoriz.pt
  • Presencial: Secretaria da Piscina.

Como é lógico, serão observadas as regras de segurança em vigor. 
Quem desejar utilizar a piscina, está igualmente a ajudar os Bombeiros Voluntários de Esmoriz que muito fizeram no combate à pandemia do COVID-19 no concelho de Ovar e que actualmente asseguram a vigilância das praias, além de combaterem incêndios pelo país afora.  








Esmoriz Ginásio Clube escolheu melhor equipa do século XXI

No decurso do mês de Junho, o Esmoriz Ginásio Clube procurou sondar os cibernautas para que pudessem escolher a melhor equipa do século XXI até ao momento. Registaram-se milhares de votos (as publicações alcançaram mesmo um total de 45 mil pessoas) e seria assim formulada a seguinte equipa ideal: Filipe Cruz (líbero), Idner Martins, Fernando Mari, Miguel Maia, Roberto Reis, Nélson Brizida e Hugo Gaspar. Como suplentes ficariam: Tiago Violas, Alexandre Ferreira, Eurico Peixoto, Kléber Oliveira, Diogo Cavaleiro, Rui Monteiro e Hugo Ribeiro. 
O Esmoriz Ginásio Clube agradeceu a participação de todos, e deixou clara a intenção de continuar a escrever páginas douradas dentro de campo, esperando que os próximos 20 anos sejam ainda melhores do que os que estão agora a terminar.


Direitos da Foto: EGC (Página de Facebook)


Sporting Clube de Esmoriz prepara o futuro

Além de já ter anunciado alguns reforços para a próxima temporada, o Sporting Clube de Esmoriz está agora a concentrar os seus esforços na melhoria das suas infra-estruturas e instalações. A pintura e requalificação das bancadas e o tratamento adequado do relvado do Estádio da Barrinha foram já assegurados, emprestando assim outro aspecto, bem mais atractivo ou apelativo. Todavia, a entidade desportiva pretende promover outras intervenções no futuro, embora sejam as mesmas reveladas a seu tempo.
Os dirigentes do Sporting Clube de Esmoriz reuniram-se recentemente com Salvador Malheiro, Presidente da Câmara Municipal de Ovar, momento que permitiu a troca de impressões e a comunicação dos planos futuros da instituição. 
O Sporting Clube de Esmoriz assinalou ainda no passado dia 26 de Junho o seu 88º aniversário (a instituição tinha sido fundada em 1932), marco que não poderia passar igualmente despercebido neste nosso artigo.
Ao nível da construção do plantel da próxima temporada, estão já assegurados os seguintes reforços: Miguel Loureiro (defesa-central que era habitual titular no FC Pedroso), Diogo Rodrigues (defesa que militava nos juniores do CD Feirense), Pedro Cardoso (defesa que alinhava no Gondim Maia), Pipa (defesa que representava as cores do Canedo), Mustapha Usman (médio proveniente do Ovarense), Rafa (extremo que provém do Sporting Clube de Arcozelo), Luís Soares (avançado oriundo dos juniores do Lourosa) e de Edu Ferreira (avançado que estava nos sub-23 do Estoril Praia). Também alguns ex-juniores terão a oportunidade de se mostrarem no plantel principal de forma a ver se convencem o técnico Miguel Correia. 
O Sporting Clube de Esmoriz apostará assim na prata da casa sem descurar também as boas aquisições que são necessárias para garantir um bom equilíbrio do plantel.
O objectivo da próxima temporada passará certamente por garantir, num primeiro momento, uma manutenção tranquila, e numa segunda etapa, caso seja possível, almejar os lugares cimeiros e, quem sabe, sonhar com uma eventual promoção.
Todavia, para alcançar tais êxitos, jogadores, técnicos e dirigentes sabem que terão de trabalhar bastante, esperando igualmente um forte e incondicional apoio dos sócios e adeptos do Sporting Clube de Esmoriz.
Só com a união e empenho de todos, será possível atingir os grandes patamares e momentos desportivos únicos.



Direitos da Foto: SC Esmoriz (Página de Facebook)

domingo, 2 de agosto de 2020

7 Sentidos entrevistou Artur Jorge Ferreira

Artur Jorge Ferreira, Primeiro Comandante dos Bombeiros Voluntários de Esmoriz e um dos heróis no combate à pandemia do COVID-19 no concelho de Ovar, foi o primeiro entrevistado do ciclo de talkshows (denominado de "7 Milhas do Atlântico") que serão doravante promovidos pela página 7 Sentidos que já conta com 3 anos de existência, servindo com o melhor da informação as comunidades de Cortegaça e das restantes localidades vizinhas. 
A primeira edição do programa realizou-se no auditório do Centro Cívico de Cortegaça, seria transmitida a partir das redes sociais e contou com a animação musical proporcionada pela banda cortegacense Black Jelly Beans.
João Lino, um dos directores deste órgão de comunicação social (Pedro Almeida é o outro responsável), conduziu o programa com boa disposição e entrevistou Artur Jorge Ferreira, Comandante dos Bombeiros Voluntários de Esmoriz (recentemente galardoado com a medalha de mérito municipal de prata), e Rui Teixeira Pinto, representante do projecto vencedor do Orçamento Participativo de 2017 - Centro de Trail Running e BTT que era alusivo a Cortegaça e cujas necessidades de uma maior aposta nas ciclovias locais justificaram o projecto. 
Relativamente à entrevista efectuada a Artur Jorge Ferreira, o comandante esmorizense começou por reconhecer a postura responsável da maior parte dos cidadãos que seguiu na generalidade as regras impostas pela Direcção Geral de Saúde e que respeitou assim o dever confinamento nos momentos mais críticos. Valorizou ainda o papel de todas as entidades que fizeram parte do Gabinete de Crise de Ovar (Bombeiros, Forças Policiais, Médicos, Exército, Força Aérea, Hospital de Ovar, Autarquia...), as quais foram determinantes para travar o contágio comunitário. 
Artur Jorge Ferreira considera que a actual corporação esmorizense é das melhores do panorama nacional, não só a nível de qualidade mas também de formação e da aquisição de equipamentos de protecção individual, frisando que a evolução tem sido evidente desde a década de 90 até aos dias de hoje. 
Salientou, por fim, que é importante saber motivar, muitas vezes, os bombeiros, sobretudo nos momentos mais difíceis, porque o trabalho de todos eles, mesmo sendo inglório nalgumas ocasiões, é fundamental para ajudar as comunidades em momentos de aflição. 




Direitos da Transmissão: Página dos 7 Sentidos (Programa "7 Milhas do Atlântico")




Imagem nº 1 - João Lino entrevista Artur Jorge Ferreira, Comandante dos BVE.
Direitos da Foto - 7 Sentidos





Imagem nº 2 - O elenco que fez parte da noite magnífica da estreia do programa "7 Milhas do Atlântico".
Direitos da Foto - 7 Sentidos

Grupo de Bandolins organizou concerto digital

O Grupo de Bandolins de Esmoriz organizou, neste passado sábado à noite, um concerto que seria transmitido em directo pelas Rádios Voz de Esmoriz e Antena Vareira. A actuação teve lugar na Escola de Artes e Ofícios de Ovar, sendo a orquestra orientada pelo Maestro Luís Sá.
De acordo com o alinhamento delineado, estes foram alguns dos temas tocados: "Plink, Plank, Plunk" (Abertura), Porfia, SemSes, Palladio, Trio em Sol menor, La Cumparsita, Recordações do Passado, Cinema Paradiso, Gabriel - Ecstasy of Gold, Medley Amélie...
A transmissão já contou com mais de 2 mil visualizações.




Direitos da Transmissão: Grupo dos Bandolins de Esmoriz, Antena Vareira e Rádio Voz de Esmoriz

Pérolas Históricas de Esmoriz XIX - A Tradição Folclórica e os Espigueiros de Esmoriz


"Cultura é o ciclo que o indivíduo percorre para chegar ao conhecimento de si próprio"


Soren Kierkegaard
Filósofo Dinamarquês 
Percursor do Existencialismo
(1813-1855)





É-nos impossível determinar com precisão as origens das tradições folclóricas em Esmoriz, e até mesmo no restante país. Na Idade Média, época algo profícua em banquetes populares e festividades religiosas, é possível que alguns grupos se juntassem, de forma espontânea, para cantar e dançar. Daí teremos a tradição dos "cantares ao desafio" que hoje se equiparam às desgarradas, onde duas ou mais pessoas improvisavam, cantando ao despique e munindo-se da imaginação do momento, sendo considerado vencedor aquele que obtivesse mais aplausos do público. Também a "regueifa galega" era um desafio similar presente na Galiza e em Portugal. 
Era esta a época dos poetas e cantores trovadorescos que, com as suas cantigas de amigo, amor, escárnio e mal dizer, animavam as cortes. Nesse ambiental cultural, conjugaram-se assim várias formas de recriação artística, onde a música, a poesia e a dança se mesclavam, convergindo numa unidade harmoniosa. 
No entanto, a criação oficial dos primeiros ranchos folclóricos em Portugal remonta apenas a finais do século XIX, ou quando muito, inícios do século XX. Actualmente, é uma actividade que movimenta cerca de cem mil pessoas, milhares de eventos anuais e um total de mais de dois mil grupos. Todos eles trazem consigo melodias populares tradicionais, adoptando os seus próprios usos, trajes, danças e cantares, e representando (quase) sempre as tradições das suas terras ou regiões. Uma espécie de partilha cultural que muito valoriza o nosso país.
Vários destes grupos conciliam representações autênticas mas também algumas recriações que podem não ser profundamente genuínas mas que merecem igualmente a consideração dos espectadores. 
Em Esmoriz, a tradição folclórica parece encontrar algum eco no seu passado. Nos tempos em que fora aldeia e vila, muitas das suas gentes viviam do cultivo das suas propriedades. Alguns juntavam-se em grupos e lavravam, semeavam, sachavam e colhiam. Entre Agosto e Setembro, as cantigas intensificavam-se com as desfolhadas. Nesta altura, celebravam-se festas e romarias, essencialmente de cariz religioso, surgiam ainda os frutos maduros e o magnífico pão que era feito de farinha de milho. A sociabilização crescente e as colheitas estimulavam tais expressões culturais do povo. Mas também o mar não era esquecido porque era um dos principais temas das canções que por ali eram declamadas ou entoadas.
Em 20 de Março de 1986, nasce o Grupo de Danças e Cantares de Santa Maria de Esmoriz que viria a interpretar as danças das regiões do Douro e da Beira Litoral. De acordo com um projecto de estudo (publicado em 2006) que juntou vários alunos e duas professoras (Clara Leça e Maria Luísa Pereira), sabemos que esta colectividade detém no seu espólio cultural trajes e utensílios, de cuidada recolha, que constituem um verdadeiro museu vivo da nossa etnografia local e regional. A associação, hoje liderada por Lino Osvaldo, faz reviver o legado dos antepassados. A entidade promoveu já desfiles etnográficos (por exemplo: o Festival Folclórico da Barrinha que já está perto das 30 edições), desfolhadas recriadas, participou em procissões sagradas e ainda deu a conhecer outras tradições ricas. O grupo recebeu a medalha de mérito municipal de cobre por parte da autarquia de Ovar em 2015, tendo em conta o legado etnográfico evidenciado.
Apesar de não estar conotada directamente com o folclore, a Macaca Rambóia foi uma tradição que se vislumbrou nas décadas de 70, 80 e inícios de 90. Na carpintaria de José Alves Ferreira (pai do nosso conterrâneo Adérito Ferreira), sita em Gondesende, muitos industriais e personalidades dos mais diversos ofícios da terra se juntavam ocasionalmente para comemorar aniversários de cada um dos membros do grupo. Apesar de não existir mímica ou representação, havia lugar, ainda assim, para cantigas, fados e modas, no âmbito de um convívio que se pretendia salutar.
O amor às coisas da terra é algo que sempre foi assim preconizado.
Deixamos, por fim, uma cantiga de outros tempos que foi compilada por Aires de Amorim na sua monografia "Esmoriz e a sua História":



Quando troveja:

S. Jerónimo, santa Bárbara Virgem!
Santa Bárbara se levantou,
Seu sapatinho calçou,
Seu bordão na mão tomou,
A Senhora encontrou,
E Ela lhe perguntou:
- Onde vais, Bárbara, onde vais?
- Senhora, vou ao alto dos céus
Abrandar tanta trovoada.
Como ela lá anda armada!?...
- Ora vai, Bárbara, ora vai,
Impõe-na para monte marinho
Onde não haja boi, nem vaca,
Nem bafinho de menino. 





Imagem nº 1 - O Grupo de Danças e Cantares de Esmoriz é hoje o principal embaixador folclórico da nossa cidade.
Direitos da Foto: Comissão de Melhoramentos de Esmoriz





Os espigueiros

Como testemunhos materiais de um meio rural que outrora abundou em Esmoriz, temos os célebres espigueiros. Alguns ainda hoje se conservam na cidade. Estes equipamentos poderiam assumir um formato rectangular ou quadrangular, assentando em esteios de granito e ficando com uma altura de 2 a 3 metros relativamente ao solo. Os espigueiros serviam para guardar ou armazenar as colheitas. Também se destinavam a secar o milho e a protegê-lo de animais roedores. 
De acordo com o site VortexMag, podemos rematar a sua importância através da seguintes palavras: 


"Mais do que propriamente meros celeiros onde se guardam as espigas das quais se produzirá o pão que vai à mesa do agricultor, amassado com o suor do seu próprio rosto e benzido com a sua Fé, os espigueiros constituem verdadeiras obras de arte popular que reúnem uma elevada carga simbólica, quais sacrários onde o povo guarda o alimento para o ano inteiro e, como tal, sinalizado com a cruz que o protege e resguarda de toda a maldição. Como tal, devem ser preservados como um dos mais ricos elementos do nosso património cultural de interesse etnográfico".


Os espigueiros são efectivamente património e devem fazer-nos recordar o trabalho árduo efectuado pelas gerações anteriores nos campos porque noutros tempos, o mar dava o peixe à comunidade, enquanto os terrenos ofereciam o milho, o trigo, o centeio, os cereais e ainda uma diversidade de frutos que "matavam" também a fome dum povo humilde mas trabalhador e fiel aos seus pergaminhos.





Imagem nº 2 - Espigueiros sitos em Esmoriz.
Direitos - Projecto de Estudo: Esmoriz no Passado e no Presente. Escola Florbela EB 2/3 Florbela Espanca. 2005/2006. Dinamizado por 23 alunos e liderado pelas professoras Clara Leça e Maria Luísa Pereira 
(Agradecemos a cedência do material por parte da Associação de Amigos da Praia Velha de Esmoriz)