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terça-feira, 25 de agosto de 2020

Esmoriz precisa de mais grandes obras

Olhando para os três últimos presidentes da autarquia de Ovar, houve efectivamente algumas obras relevantes na nossa cidade e que não podem ser ignoradas. 
Armando França apoiou a criação dos Monumentos consagrados à Arte Xávega (escultura de Rui Anahory) na Avenida Joaquim Oliveira e Silva, e ao Viajante (projecto de Faria Pires) na rotunda de Gondesende, tendo ainda impulsionado a construção do parque de lazer nas imediações da Praia da Barrinha (já agora, um aparte: não percebemos porque é que Armando França não foi convidado para a cerimónia solene do Dia do Município - pensamos que foi um erro que deveria merecer uma reflexão interna porque todos os antigos líderes da edilidade devem ter sempre o seu lugar reservado na cerimónia. 
Manuel Oliveira foi responsável pela criação do Parque Ambiental do Buçaquinho (espaço que é hoje visto como um dos ex-libris naturais mais atractivos do país, o que confirma a boa visão da equipa autárquica daquele tempo), pela requalificação bem-sucedida das Avenidas da Praia e dos Correios e pela adjudicação das obras da Barrinha de Esmoriz (que tiveram continuidade no mandato do seu sucessor). Também se empenhou na resolução da situação do Esmoriztur, embora as inevitáveis burocracias em torno do processo tivessem tornado os avanços mais lentos. No entanto, os dois mandatos de Manuel Oliveira foram essenciais para que a cidade de Esmoriz crescesse tanto ao nível ambiental como naquilo que concerne à modernização das principais artérias urbanas. 
Salvador Malheiro, actual Presidente da Câmara Municipal de Ovar, apostou na criação da Ciclovia do Atlântico entre Esmoriz e o Furadouro, inaugurou o Bairro Habitacional da Boa Esperança (para acolher famílias vareiras que tinham as suas casas ameaçadas pelo mar), requalificou a Praça dos Combatentes do Ultramar e uma parte considerável da rede urbana da área nascente da cidade, além de estar empenhado em devolver finalmente o Esmoriztur à população, pesem os atrasos sucessivos nas obras de requalificação deste edifício cultural. 
Na Junta de Freguesia de Esmoriz, as grandes apostas do actual executivo liderado por António Bebiano consistiram principalmente na criação da Universidade Sénior de Esmoriz e de Gabinetes de Apoio Psicossocial e de Inserção Profissional, sendo ainda de realçar a dinamização festiva do Arraial da Barrinha. 
E até aqui tudo bem - foram todas elas obras importantes!
No entanto, desde inícios de 2018 que assistimos a um declínio do investimento municipal na cidade e a junta de freguesia local também não dispõe dos meios financeiros e humanos para operar milagres. A pandemia pode ser uma desculpa bastante aceitável para o condicionamento do investimento no actual ano de 2020, mas a verdade é que a estagnação dos projectos ambiciosos relativos à nossa cidade já aparentava ser uma realidade nos dois anos anteriores à propagação do Coronavírus.
E que "grandes obras" poderiam ser então efectuadas em Esmoriz a breve ou médio prazo? Podemos citar alguns projectos de considerável potencial: a criação do Museu da Tanoaria, a reabilitação da Escola Secundária de Esmoriz (embora este dossier seja tutelado directamente pelo Ministério da Educação), uma nova vaga de desassoreamento da Barrinha de Esmoriz, a reabilitação e modernização do Palacete dos Castanheiros, a instalação de um centro interpretativo para a Necrópole de Gondesende, o estabelecimento de uma rede conservada de palheiros (e promover visitas guiadas) agregando os contributos da Arte Xávega, a colocação de um quebra-mar que trave o avanço marítimo, etc.
Contudo, existem também "pequenas" ideias que podem singrar e fazer a diferença para melhor: a criação do estatuto "Esmoriz - praia de excelência da região" (através de outdoors e cartazes exibidos na cidade), a introdução de sinalizadores nas zonas limítrofes da freguesia de boas vindas em cinco línguas (português, inglês, francês, italiano e alemão) a quem nos visita, sintetizando por imagens os principais pontos de interesse da urbe (com os símbolos que tradicionalmente ilustram: monumentos, mar, lagoa, praia e floresta), a obtenção do galardão de "Capital Portuguesa da Tanoaria" junto das entidades oficiais, a manutenção da aposta no Posto de Turismo (pelo menos, durante a época balnear), a criação de um site completo sobre a cidade (em português e com versão opcional em inglês) que elenque todos os seus pontos de interesse, a introdução de pequenas placas identificativas em espaços de relevância histórica (Pia dos Cavalos, antiga casa de Florbela Espanca, antigos edifícios da Guarda Fiscal e da Guarda Florestal, etc).
Através da imaginação dos mais diversos cidadãos, novas ideias poderão surgir - porque a nossa cidade não deve apenas suprir as lacunas mais emergentes, mas também deve saber reinventar-se a cada dia, de forma a actualizar-se perante os novos tempos. 
Não podemos pois cair em cenários de indefinição porque o vazio de ideias é o que mais nos preocupa.



Praia de Esmoriz - Ovar | All About Portugal

Imagem meramente exemplificativa retirada de: https://www.allaboutportugal.pt/pt/ovar/praias/praia-de-esmoriz

2 comentários:

  1. A entidade responsável por pensar Esmoriz nunca o fez com propósitos perfeitamente definidos e estruturados, apesar dos inúmeros planos estratégicos prometidos. Esmoriz cresceu e continua a crescer ao sabor de impulsos e feitos, principalmente, pelo investimento privado (primeiro faziam-se os prédios e depois as ruas e daí o desordenamento existente – a rua dos Correios é bem o exemplo do que afirma). O investimento público – do erário municipal – tem sido feito por força do investimento privado (basta lembrar o Calvário que foi a implementação de uma Zona Industrial na parte nascente) e sempre por grande empenhamento dos Presidentes de Junta. Assim, os investimentos públicos, feitos ao longo dos diferentes mandatos autárquicos pecam todos por insuficientes, (fomos e continuamos a ser contribuintes líquidos de Ovar, e feitos mais ao sabor de conveniências políticas eleitorais do que pensados em termos de estratégia de futuro (o Esmoriztur é um bom exemplo). A cidade merecia, por quem de direito, uma visão estratégica de futuro que pensasse a cidade – jovem com vícios de velhos – não para hoje, mas para amanhã. Uma cidade que pensasse o emprego – pequenas e médias empresas não poluidoras, a nascente; um centro com um comércio dinâmico e serviços públicos de proximidade e uma praia com um turismo de lazer de qualidade. Até lá teremos os investimentos que a força da Junta de Freguesia, conseguir e todos sempre mais do interesse da Câmara que da cidade.

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  2. Não esquecendo os armazéns prometidos para as embarcações ativas na cidade que saíram da sua antiga zona de pesca, que voltaram para a cidade na esperança dos tais armazéns prometidos que até hoje não existe nem um pilar feito..... todo esse material bem como (barcos tractores redes , e outro material de pesca ) se encontram ao ar livre, onde alguns já estão em estado de degradação.....
    Não esquecendo que a Arte Xávega chama bastante o turismo !!!!!!!

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