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domingo, 1 de agosto de 2021

Como atrair mais gente para o concelho de Ovar seria um bom tema de debate (Opinião)

O concelho de Ovar perdeu população relativamente a 2011, isto de acordo com os censos de 2021. É justo realçar perante o leitor que a perda se situou apenas em pouco mais de 400 habitantes. Por outras palavras, há dez anos viviam 55 398 habitantes no município vareiro, mas agora só foram documentados 54 976 habitantes.
Relativamente aos resultados por freguesia, Esmoriz passa a ter 11 933 habitantes. Apesar de ficar aquém da pretensão dos 15 mil habitantes, a verdade é que, mesmo assim, se torna a única freguesia do concelho que cresce, ganhando quase 400 residentes face a 2011 (tinha 11 448 habitantes há dez anos), o que representa um crescimento de 4,2%. No entanto, é a única freguesia a crescer em termos de população no município vareiro. Infelizmente, todas as outras freguesias terão perdido habitantes. Cortegaça passa a ter 3744 habitantes (queda de 2,4%), Maceda conta agora com 3386 habitantes (quebra de 3,8%), Válega tem 6471 residentes (menos 5,2%) e a União de Freguesias de Ovar passa a ter 29 442 habitantes (-1,1% face a 2011).
Na verdade, o rescaldo não é animador, apesar da tendência negativa ter sido mais expressiva, a nível nacional. Se Ovar registou uma quebra de 0,8%, o país sofreu perdas na ordem dos 2% (menos 214 mil habitantes em Portugal).
No entanto, isso não pode demover-nos de retirar ilações. Ao contrário do que muitos de nós pensávamos, não se confirmou a ideia de que o concelho estava a ganhar residentes, e até, no caso de Esmoriz, constatámos essa realidade. Apesar de ter crescido ligeiramente, a verdade é que a história de já termos quinze mil habitantes, alimentada por muita gente, não se confirmou, e a cidade nem sequer chegou ao pedestal dos 12 mil habitantes. Não era este o crescimento que ambicionávamos, e por isso, sentimos um sabor agridoce, porque acreditávamos que o aumento iria ser mais substancial.
É preciso reflectir, e mais do que perdermos o tempo em quezílias políticas que, na maior parte das vezes, não nos levam a lado nenhum, é necessário que fervilhem ideias, projectos e depois medidas que sejam apelativas para atrair mais pessoas a viverem no concelho de Ovar. Podemos sugerir aqui algumas possibilidades. Apesar da redução recente do IMI (de 0,37 para 0,35%), acreditamos que a autarquia poderá baixar ainda mais esta taxa, aproximando-se dos 0,30% (percentagem mínima da cobrança). Não sei se o que vou propor a seguir é possível, mas poderia oferecer-se isenção de IMI, nos primeiros dois ou três anos, para casais jovens (até aos 35 anos) ou idosos que viessem viver para o concelho, mas lá está - não sei se isto é aplicável em termos de enquadramento legal. Além disso, é fundamental adoptar uma nova política para as casas devolutas, favorecendo o seu reaproveitamento e reutilização. Por outro lado, a ideia de se atrair um polo universitário para o concelho vareiro já foi sugerida anteriormente, e também tem potencial para se constatar como um elo de ligação, sobretudo para com a juventude. O mesmo podemos dizer com a criação de novos equipamentos desportivos e de lazer. A ampliação das zonas industriais e a criação de centralidades urbanas poderão também favorecer os mais diversos focos de interesse. A criação de mais parques infantis, lares e jardins públicos também podem contribuir para a fixação e serão garantias de uma melhor qualidade de vida. Como é lógico, a aposta na publicidade das potencialidades, tradições e festivais do concelho tem de ser feita em força, não só dentro do concelho, mas também no exterior. O concelho de Ovar tem muita coisa para oferecer: carnaval, gastronomia, natureza, festivais de Verão, monumentos, tanoaria, cordoaria, arte xávega, praias... É fundamental que o concelho participe e se represente em várias iniciativas nacionais, desde o Minho até ao Algarve.
Como é lógico, há muitas mais ideias que podem ser propostas, e é isso que espero do próximo debate eleitoral - que se fale deste dossier. Devemos reconhecer o que foi bem feito, mas também sugerir novas ideias, de forma a serem potenciadas pelo próximo executivo, seja ele qual for. Cada época eleitoral, é sempre uma reflexão.
Também em Esmoriz não se deve baixar os braços porque, apesar de algumas iniciativas interessantes verificadas na última década, não nos podemos contentar em ganhar 400 habitantes em cada decénio porque só assim chegaremos aos quinze mil, no ano 2100, isto é, daqui a oitenta anos. Não vale a pena retirar disto "ganhos" políticos em campanha, tanto por aqueles que lideram como por aqueles que se opõem (esse não é o caminho para a solução), o que necessitamos sim é de mais projectos e ideias que façam a diferença, e todas as listas que vão às eleições têm capacidade para o fazer - só assim, é que poderemos ter um bom debate.





Créditos da Imagem: Conceitos.com

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