Como alguns esmorizenses já tiveram oportunidade de presenciar, têm decorrido obras de dinamização no SC Esmoriz. Em primeiro lugar, tenho que dar o braço a torcer e prestar o meu reconhecimento ao Sr. Presidente José Vasconcelos por algumas iniciativas entretanto alcançadas (bar do clube, parque infantil, embelezamento natural das partes laterais ao recinto das camadas jovens). É o homem certo na instituição certa. Aliás, o Presidente até ajuda nas obras, dando assim um excelente exemplo.
Todavia, foram observadas máquinas a derrubar árvores e vegetação em redor dos campos de formação, assemelhando-se quase a uma "limpeza maciça". Tal postura não terá agradado a algumas associações ambientais e até moradores próximos.
De facto, a direcção do SC Esmoriz estará já a actuar numa zona já considerada protegida pela Rede Natura (assim definida desde 2000 - protege a Barrinha e todo o seu meio envolvente), sem o consentimento de nenhuma organização ambiental.
O Presidente José Vasconcelos alega o mau estado em que se encontravam esses espaços que não têm qualquer tipo de manutenção (aqui aponta o dedo à inércia da Junta de Freguesia), relembra que foram sobretudo Austrálias a serem eliminadas (isto é, árvores infestantes), argumenta ainda que as crianças se podiam magoar quando iam buscar as bolas fora do recinto e lamenta por fim o desaparecimento de dezenas de bolas por ano, o que causava sempre algum dano ao clube. Os dirigentes do SC Esmoriz referem ainda que estão a fazer serviço comunitário gratuito!
É claro que compreendemos as boas intenções dos responsáveis por esta instituição histórica da nossa terra, mas alegadamente a sua actuação estará desenquadrada das determinações legais pré-estabelecidas.
Entretanto, o Presidente José Vasconcelos apresentou um documento em sua defesa em que a Junta de Freguesia de Esmoriz cedeu todo o terreno em questão ao clube, o qual passamos a citar:
FREGUESIA DE ESMORIZ
Contribuinte nº 507836510
3885-517 Esmoriz
DECLARAÇÃO
Alcides Cardoso Alves, Presidente da Junta de Freguesia de Esmoriz, no uso do poder que a lei lhe confere, declara que o terreno onde estão implementados o Estádio do Sporting Clube de Esmoriz, assim como os Campos de Treinos para a formação, com uma área aproximada de 21 000 m2, é pertença desta Autarquia, tendo o referido Clube direito de superfície pelo período de 50 anos.
Mais declara que a Junta de Freguesia de Esmoriz autoriza o arrelvamento dos campos de treinos com vista à substituição do piso de terra batida em relva natural ou artificial.
Esmoriz/Secretaria da Junta, 21 de Abril de 2009
(Segue-se a assinatura do Presidente da Junta de Freguesia - Alcides Alves)
De acordo com a Dra. Jéssica Ramos (no Site InfoEscola - Brasil), o Direito de Superfície proporciona a possibilidade de plantar, realizar semeaduras ou edificar em terreno de propriedade alheia. Assim sendo, e se tal definição se mantiver no direito português, então o SC Esmoriz tem um documento que lhe autoriza, directa ou indirectamente, a usufruir, como assim o entender, daqueles espaços.
O problema é que o Sr. Presidente da Junta da altura, Alcides Alves, esqueceu-se dum pormenor - terá cedido direitos numa área protegida (desde 2000 - Rede Natura) e, a ser verdade, as pessoas perguntam - Com que direito fez isso? Quem é que lhe cedeu essa autorização? Até pode ter tido boas intenções, mas agiu de forma pouco cautelosa. Gostaríamos de conhecer a versão do ex-Presidente da Junta, agora visado nesta questão de difícil resolução.
Por seu turno, Arménio Moreira, Presidente do Movimento Cívico Pró-Barrinha (Associação com sede em Esmoriz que procura defender a Barrinha e o seu meio envolvente), demonstrou estar surpreendido visto que nunca foi informado de nada...
Agora as árvores e a vegetação que até conferiam algum sentido estético, estão a pagar a factura... É triste, mesmo que seja para proporcionar um espaço mais organizado.
Assim sendo, temos aqui mais um embróglio à boa maneira esmorizense. Esperemos que as coisas ainda possam ser resolvidas a bem...
Imagem nº 1 - Um terceiro campo de treinos está a nascer, mas será uma iniciativa legítima, derrubando a vegetação que aí se encontrava?
Foto da Equipa de Reportagem das Cusquices
Imagem nº 2 - Algumas árvores já pagaram um preço bem caro por causa da insensatez dos homens.
Foto da Equipa de Reportagem das Cusquices
Imagem nº 3 - Mais do mesmo...
Foto da Equipa de Reportagem das Cusquices
Imagem nº 4 - De novo a degradação ambiental por detrás dos campos de formação.
Foto da Equipa de Reportagem das Cusquices
Imagem nº 5 - Dá pena ver a vegetação neste estado!
Foto da Equipa de Reportagem das Cusquices
PS1: Esta reportagem só foi possível graças ao empenho de todos os elementos da Irmandade das Cusquices - Cusco de Esmoriz, Casagrande, Barrinhólogo, Senhora da Cafeína e Moralista. Todos eles contribuíram discretamente com alguma coisa - fotos, inquirição de moradores da zona, dirigentes do clube...
Adenda: A resolução desta questão passa também por conhecer bem a área delimitada pelo documento transcrito, de forma a verificar se a mesma se cinge apenas aos campos de formação (nem mais um metro) ou a um terreno bem mais amplo...
isto é crime e dá prisão.
ResponderExcluirOxalá que não cheguemos a esse ponto... Espero sim é que haja uma maior sensibilização para evitar de novo este tipo de situações. É preciso que políticos e dirigentes desportivos tenham noção do que estão a fazer.
ExcluirA última coisa que eu quero é criar problemas ao clube da minha terra (no qual actuei durante as camadas jovens) e à Junta de Freguesia.
Mas a verdade tem que ser revelada! Existem determinações legais a serem respeitadas!
Cumprimentos
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ResponderExcluirA questão que importa aqui extrair - a área dos 21 000 m2 engloba apenas os campos de formação ou apanha mais terreno traseiro ou lateral???? É importante saber bem esses limites para determinar se este documento atesta ou não a versão de defesa dos representantes do clube.
ResponderExcluirDe qualquer das formas, não queremos que ninguém saia severamente prejudicado com esta história. Apenas desejamos mais respeito, independentemente dos responsáveis. Sim, a Natureza é um bem essencial que devemos preservar. Como alguém já disse, NÃO SE DEVE CORTAR AUSTRÁLIAS COM RECURSO A MÁQUINAS, pois está comprovado cientificamente que se o fizerem, não a conseguem eliminar definitivamente. Há meios técnicos muito mais eficazes. Mas eu não quero insistir mais neste assunto. Oxalá que tudo se resolva a bem!
Cumprimentos a todos e espero que compreendam as razões deste texto.
Não tenham duvidas que esse ato vai sair caro ao S C Esmoriz. Não porque tenham prejudicado o ambiente ou coisa parecida, mas é uma boa oportunidade para os burocratas do ambiente, que em condições normais não levantam a retaguarda da cadeira para defender a Barrinha, mostrarem que estão "atentos", só quem não conhece essa gente poderia pensar o contrário.
ResponderExcluirCompreendo a sua posição. É verdade que as Organizações Ambientais que têm algum poder, só se lembram de intervir neste tipo de situações - Sobretudo as de fora da localidade que são logo aquelas que têm mais capacidade e poder de investimento, nada fizeram pela Barrinha. Concordo inteiramente!
ExcluirTodavia, é importante salientar um pormenor - as primeiras denúncias terão partido de moradores/meros cidadãos e não das referidas associações ambientais. E depois é claro que, com o tempo, o assunto espalhou-se...
Oxalá que seja possível chegar a um bom porto.
Cumprimentos