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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

O Cusco e as Janeiras...

Antes demais, devo elogiar a iniciativa dessas colectividades que cantam alegremente e de forma activa, enfrentando as noites frias e demonstrando os seus dotes porta-a-porta. Já os ouvi cantar e sinceramente gostei. Aliás, aqui há 3 ou 4 anos, chegávamos a dar entre 5 a 10 euros a cada grupo. Nessa altura, andava eu a estudar na Universidade e os meus pais tinham ainda trabalho.
Mas nestes três últimos anos, tudo mudou. Actualmente, estamos todos no desemprego, reflectindo o rumo a nível nacional. Muito dificilmente, alguém irá dar emprego aos meus pais, na casa dos 50 anos, e eu, um jovem recém-licenciado, perco, cada vez mais, as esperanças de dia para a dia. Será que devo seguir o conselho daquele ministro que disse que a juventude qualificada deveria emigrar porque aqui não há nada para eles? Será que o desemprego é uma oportunidade para mudarmos a nossa vida? Será que quem não deseja a filiação num determinado partido político, tem a vida muito mais dificultada? Os meus pais andaram a investir dinheiro na minha educação (propinas mais transportes/alimentação) para ser mais um jovem desempregado e para me dizerem, nas entrevistas, que tenho habilitações a mais? Sinceramente, e depois de deparar-me com estas situações, sinto-me ainda mais desanimado. Há coisas que não devem ser ditas, sobretudo por aqueles que têm a "barriga cheia" e que estão "bem na vida". 
Tudo isto para dizer - que agora a minha família não pode abrir as portas a estas colectividades, porque cada tostão conta nos nossos dias. Desculpem-me a sinceridade, isto nada tem a haver com a qualidade  reconhecida destes grupos, mas sim com a conjuntura económica actual. Todo o dinheiro e restantes bens devem ser controlados rigidamente. Já cortamos em muita coisa, até nas "esmolas" que dávamos à Igreja (antes eram 70 cêntimos por cada missa assistida, hoje já só damos cerca de 30 cêntimos - sim, já chegamos a este cúmulo!). Isto não está mesmo nada fácil e, por isso, não temos outra hipótese senão gerir rigorosamente as nossas poupanças. 
De qualquer das formas, acho que quem tiver condições económicas para o fazer (e sei que ainda há gente em Esmoriz com essas possibilidades), deve abrir as portas a estes grupos talentosos e prestar-lhes o devido reconhecimento. Como já tive oportunidade de testemunhar há 3 ou 4 anos, estamos perante gentes tradicionalmente simpáticas e alegres que se esforçam para nos animar. Alguns dos seus elementos também passam dificuldades e sentem os efeitos da crise actual. Por isso, abram as portas e se puderem, procedam à compensação dos seus interessantes serviços. É um apelo que deixo aos esmorizenses que ainda possuem uma vida estável. Aliás, esta é a minha "única forma" de conseguir "pagar" aquilo que lhes devo, fazendo uma promoção justa das suas capacidades no meu blog. Espero que tenham maior sucesso neste fim de ano!
Pode ser que com o meu novo currículo, só com o 12º ano, possa arranjar emprego e talvez um dia lhes possa abrir as portas, de forma a prestar o meu tributo às suas acções. Até lá, peço que aceitem com humildade o perdão da minha indisponibilidade! 



Imagem nº 1 - As Janeiras em Esmoriz. O Grupo de Danças e Cantares de Santa Maria de Esmoriz continua a animar a Comunidade Esmorizense. Destaque para o bom trabalho que tem sido realizado sob a direcção de Lino Osvaldo.
Fotografia de H. A. in Facebook

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