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terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Conto da autoria da esmorizense Ana Roxo

Lorelei e as suas desejadas flores

Era uma vez, a bonita Lorelei, que beijava o Reno.


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Lorelei era um vale enorme, uma ninfa cuja beleza encantava todos.
Situada a 120 m acima do nível do mar, Lorelei possuía uma beleza de encantar!
Todos se apaixonavam por esta musa alemã, que se estendia pela montanha fora, exalando beleza, perfume e magia.
Lorelei, tinha um sonho,que era um dia, um amado lhe conseguir oferecer a impossível flor azul. 
Essa era a flor do sonho, do mistério, do infinito, da utopia e fazia sonhar Lorelei e sentir a sua magia.


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Já o jovem poeta medieval Heinrich von Ofterdingen, procurava por esta maravilhosa e misteriosa flor, também símbolo do amor.
A flor azul, era sinónimo de nostalgia, era considerada impossível de alcançar, era logo do domínio do irreal, do impossível, da ficção…
Mas à nossa linda musa, essa flor mistério, tocava-lhe no coração.
Era a flor do romantismo, foi-lhe dada a conhecer pelo seu amigo Novalis, criador de Heinrich von Ofterdingen e um poeta alemão que ela amava de coração.
Queria que ele lhe trouxesse a flor azul, como prova do seu amor. 
Novalis, também amava Lorelei, ficava encantado com a sua beleza que abraçava o Reno. Era a sua musa, que o inspirava.
Mas Lorelei era apenas um monte, mas na imaginação deles, ela tornava-se uma bela mulher todas as noites de Lua cheia.

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Nessa noites, ela visitava Novalis, mas ele ainda não tinha trazido consigo a mágica e impossível flor azul.

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Na natureza, era difícil encontrar uma flor com esta cor. Normalmente, a cor azul se misturava com a roxa, todavia, Lorelei, não perdia a esperança.
Ele, consegui levar-lhe uma outra flor que ela desejava, que não era azul, era de um branco nobre, profundo, flor da família do dente-de-leão, que também lhe tinha prendido o coração.
Essa flor bela, inatingível, lendária, era a famosa Edelveis, que se podia encontrar nos Alpes: região da França, Itália, Suíça, Jugoslávia e Áustria. Diz a lenda que é uma flor nascida das lágrimas de uma virgem que chorou por amor.
Rezam as lendas da Áustria um Edelveis, representa uma prova de amor. O amante, teria de buscar a linda flor para sua amada, mas arriscando um percurso íngreme e só amando muito, se podia arriscar dessa maneira.
Edelveis era a flor sublime do mais divino amor, a flor talismã do amor supremo.
Mas a mãe de todas as lendas é esta e reza assim:

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Há milhares e milhares de anos, nasceu uma montanha num planalto coberto de neve. Era uma montanha perigosa, escarpada, difícil de escalar e escorregadia, porque estava coberta de gelo e de neve. Mesmo lá no topo encontrava-se a Dama Branca» que habitava entre o gelo. Por causa de um feitiço, estava presa naquelas inacessíveis montanhas cobertas de neve
eterna. O feitiço só seria quebrado se alguém o chegasse até ela e lhe beijasse a mão.
Era impossível lá chegar, mesmo o mais destemido aventureiro, pois, as montanhas eram guardadas por pequenos duendes armados de flechas prontas a trespassar qualquer incauto aventureiro.
Mas, um dia, um belo e jovem príncipe quis tentar a sua sorte. O nome dele era Dourado. Insensível às súplicas e lágrimas do seu povo, partiu.
Quando estava prestes a atingir o pico onde se encontrava o Edelveis, parte dos rochedos da montanha caíram, precipitando-o no abismo. A linda Dama Branca , desatou a chorar quando viu o seu príncipe precipitar-se no abismo.
As lágrimas, em contacto com a gélida neve, transformavam-se numa flor. Eram flores de um branco imaculado que lembravam estrelas brancas, cujas pétalas as protegiam do frio.
As pétalas pareciam uma pintura pintada numa tela duma beleza profunda. As pétalas nasceram da fusão da dor e dos rochedos que se precipitaram montanha abaixo com o príncipe. O vento, acariciando estas flores, levou para longe sementes que foram cair sobre montanhas vizinhas e dessas, passaram depois de novas flores, para outras montanhas… até que chegou aos Alpes, embora a sua origem seja a Ásia Central..
Lorelei, sonhava com estas duas flores, não havia entendido que Novalis, não precisava de provas de amor como essas, para lhe provar o seu amor.
Mas, ele, nem se importava: Lorelei, era toda a sua vida, todo o seu coração, todo o seu amor – era a sua musa que o inspirava e, a quem ele muito amava.
Era um amor puro e inocente. Só à luz da lua cheia se podiam beijar e lançar à terra todas as promessas de amor, como sementes que se lançam para fazer nascer uma bela flor!
Nessas noites, Lorelei, que era uma montanha linda, transformava-se numa bela mulher de longos cabelos castanhos que se estendiam pelas águas do Reno. Os seus olhos verdes azulados eram a simbiose perfeita entre o verde das montanhas e o azul do Reno. O seus olhos lembravam também um espelho de lágrimas mas onde de refletia o amor. Lorelei, sofria, porque vivia um amor quase impossível – estava condenada a ser uma bela montanha,para toda a eternidade.
O que Novalis, desconhecia é que eram estas duas flores que a fariam libertar do sortilégio. Não era só por amor e nem era por capricho que ela queria as flores. Era para se libertar daquela profunda prisão de dor.
O azul celeste, o imaculado branco dessas flores inatingíveis..Seria Novalis, capaz de vencer os obstáculos e sair vitorioso? Não sucumbiria como o príncipe Dourado e ali acabaria o seu triste fado?
Não, certamente eu e o caro leitor, não queremos esse triste fim. Queremos um final feliz, onde vença o amor em detrimento da dor.
Um amor tão forte como este, jamais poderia sucumbir à derrota.
E, lá continuavam os dois amantes a se amar nas noites em que a luz daquela lua redonda e luminosa os vinha beijar.
A lua era sinónimo de sonhos, de amor, de esperança…Além disso, todos oa meses, esperavam, ansiosamente as noites de lua cheia, como duas crianças esperam ansiosamente um brinquedo que tanto queriam.
E, também como duas crianças de mãos dadas, se amavam. Contudo, andavam de braço dado com a dor e o amor. 
Amor e dor – sentimentos inseparáveis: um, complemento do outro, tais como as cores complementam a beleza de uma bela pintada à mão, com as tintas coloridas do coração.
Ai, amor tão profundo e ao mesmo tempo tão sofrido… Esperando que um tenebroso feitiço seja rompido…
Então, um dia, Novalis, enchendo-se de mais coragem, partiu à aventura: o Elmo era o coração, a armadura o amor e a espada a dor.
E, lá subiu ele para aquelas gélidas e perigosas montanhas. Havia bruxas disfarçadas, que tentavam com que Novalis não fosse bem sucedido nos seus intentos. E aqueles dias eram sofrimentos, sofrimentos…
Já muito combalido, Novalis, só obteve sucesso numa das gélidas montanhas.
Conseguiu vencer os gnomos que guardavam a agora flor branca, mas a montanha onde estava a flor azul, ele não conseguiu transpor, não conseguindo ir além da dor!
Mas será que perdeu mesmo esta batalha?
Será que sim, caro leitor?
Pois, eu digo que não, porque a fé, a esperança e a determinação, são fatores muito importantes e, como que por magia e nesse dia, ao lado da bela flor branca imaculado, crescia uma linda flor azul nascida na madrugada.
Então, ele, soltou um sorriso maior do que o mundo e o seu coração parecia que ia saltar para fora de tanta felicidade que tinha.
Pegou nas flores e segui rumo ao Reno, onde Lorelei o esperava ansiosa.
Como era noite de Lua cheia, ela correu para os seus braços e ao receber as flores, quando acordou no outro dia, já não era um monte: era uma bela mulher e seria uma mulher até ao fim dos seus dias.
No lugar onde ela habitava e onde ela tinha sido um monte, ergueu-se como que por magia um monte igual: belo e que abraçava e beijava o Reno.
Novalis e Lorelei, lançaram as mãos então para o alto e agradeceram.

O elmo e a armadura brilhavam com uma luz eterna, mas a espada partiu-se. E com ela partiu a dor, ficando o amor!



Conto da autoria de Ana Roxo

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