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terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Cusco Esmorizense na Companhia do Pedro e do Zé


No passado sábado, o Na Companhia do Pedro e do Zé teve um programa bastante especial e muito diferente do habitual. Ao estilo dos nossos parceiros aqui da Day Light, foram primeiramente enviadas as questões, recebidas as respostas e então durante as duas horas o Pedro e o Zé leram para os seus ouvintes, seguindo-se sempre de um pequeno comentário às respostas do convidado.

Mas afinal, quem foi o convidado?! Foi o tão virtualmente conhecido: Cusco Esmorizense.

Em seguida, apresenta-se então a entrevista:


1 – Como surgiu esta «personagem»? 

Bem, a história é algo longa mas especial. Como sempre demonstrei curiosidade em conhecer a evolução e o passado da localidade em que vivia, e todos os seus demais monumentos, decidi realizar artigos para que todos ficassem a conhecer um pouco sobre o nosso património. Se repararem os nossos primeiros textos são maioritariamente culturais, e só depois é que entram em cena, e com força, os temas políticos, sociais e desportivos. É claro que já mandava alguns textos para o Jornal A Voz de Esmoriz, mas queria escrever muito sobre a terra, e por isso, criei uma personagem – o Cusco de Esmoriz, autor dum blog bairrista. É claro que, pelo meio, tenho de reconhecer que o meu amigo Rui Monteiro, com quem andava de bicicleta desde Esmoriz até Espinho, ajudou-me a encorajar a criar uma página na qual colocasse à disposição os meus conhecimentos. Quanto ao nome do blog, tinha de colocar algo simples mas que fosse apelativo. E claro que a maior parte das pessoas (não digo todas!) gosta de cusquices, pronto ficou assim decidido, e decerto que baralhou a cabeça de muita gente, que queriam encontrar o Cusco, mas muitas vezes, nas personagens mais improváveis. Essa foi a magia do nosso blog. O Cusco gerou uma curiosidade extrema nos habitantes que o queriam identificar, mas que muitas vezes, ficavam ainda mais baralhados. Houve mesmo quem pensasse que seria antes uma mulher. Mas esta personagem, embora que anónima, nunca foi criada para perseguir ou atacar pessoas em concreto. Procuramos sempre manter o equilíbrio e o mínimo de seriedade ou imparcialidade.


2 – Está em conversa com alguém que não conhece a Cidade de Esmoriz... Que palavras utiliza?

Barrinha de Esmoriz e Tanoaria.
A primeira porque constitui o maior sistema lagunar do Norte do País, informação que foi recentemente avançada num artigo noticioso do jornal «O Público». A sua biodiversidade, sobretudo a nível de aves e vegetação, é algo de notável. Já para não falar da sua história (teve um porto medieval, foi disputada por famílias nobres que negavam os interesses do povo na lagoa) e do seu potencial turístico que entretanto desapareceu com a poluição industrial e doméstica.
Por seu turno, a Tanoaria é uma indústria que conheceu vários artífices em Esmoriz, salvo o erro, já a partir dos séculos XVIII e XIX. No século XX, instalaram-se mesmo algumas indústrias em Esmoriz. É actualmente uma actividade em extinção devido à escassez de aprendizes, mas ainda recordada com boa memória pelos filhos desta terra. Foi pois uma actividade complementar para que se construíssem barris, vasilhames e pipas para albergar o famosíssimo vinho do Porto entre outros conceituados produtos.


3 – Quais as principais ferramentas que utiliza para se manter informado sobre a atualidade da nossa Cidade? 

Tenho pessoas que fazem parte duma «Irmandade» (não, não é uma seita como aquela da praia do Meco, por isso, podem estar descansados, aqui as finalidades são as melhores), ou falando mais a sério, duma equipa que procura promover a terra no exterior. Claro que não poderei divulgar o nome dessas pessoas, algumas delas notáveis pelo seu trabalho, embora nenhuma delas esteja ligada ao sector político. Elas continuam a telefonar-me e a enviar e-mails com regularidade e, por isso, consigo estar minimamente a par do que se passa. Evidentemente, também consulto as páginas electrónicas da Comissão de Melhoramentos no Facebook, os jornais digitais do OvarNews e do Diário de Aveiro, e claro que de três em três meses, costumo ir uma vez a Esmoriz para ver o que se passa. Mas confesso que não é nada fácil assegurar os serviços informativos, quando me encontro a uma elevada distância, pois isso impede-me de conseguir saber todas as incidências, contudo lá me vou remediando com o que puder obter.


4 – Começam a ser as pessoas a ir ao encontro do Cusco para que algo seja falado/debatido/divulgado?

Inicialmente, era difícil atrair a participação de pessoas no blog. Aliás, nos primeiros 3 meses, as visitas eram ainda tímidas e claro que a dimensão inicial não atraía muitos leitores. Claro que criei uma página de facebook, coloquei mesmo comentários em páginas de jornais electrónicos para que pudesse divulgar o meu novo site, e só assim, comecei a ganhar maior notoriedade. E a partir desse momento, um maior número de leitores enviou-me artigos de opinião sobre assuntos diversos, até alguns partidos políticos enviaram mesmo comunicados, e claro que outros visitantes sugeriram-me igualmente ideias em privado sobre questões que consideravam primordiais para a cidade. Mas o blog pretende ser isso mesmo, um centro de debate de novas propostas que visem melhorar a nossa terra.


5 – Enquanto programa de Rádio que somos e perante todos os nossos eventos, sentimos por parte da população de Esmoriz algum desinteresse nas atividades da Terra. Concorda que em Esmoriz se vive o ditado «Santos da Porta não fazem milagres»?

Pelo que me apercebi nos 20 anos que aí vivi ( e espero voltar a Esmoriz e ficar muito tempo), parece-me que nem todos sentem o amor à camisola, isto é, à terra na qual residem. É claro que me é impossível quantificar o número de pessoas que se encaixam nesse perfil, mas que parecem estar em número elevado, penso que restam poucas dúvidas. O melhor caso é mesmo o desinteresse em torno da Barrinha de Esmoriz. Acho que no passado, existiam mais defensores natos da sua causa, hoje a lagoa encontra-se praticamente no esquecimento geral, e sem uma mobilização popular de alto nível (o que não tem acontecido!), a sua reabilitação torna-se ainda muito mais complicada. É necessário que se sensibilizem as pessoas, nomeadamente os mais jovens, a gostarem verdadeiramente de Esmoriz e da Barrinha. Esse trabalho tem de ser feito pela Junta com novas actividades de lazer e cultura, de forma a que se contrarie esta nefasta tendência que não nos beneficia.


6 – Olhando ainda ao facto de ser uma pessoa que se interessa pela atualidade e pelos feitos da Terra, que sugestão pode dar aos nossos ouvintes para que se interessem por aquilo que é feito na nossa Cidade?

Uma cidade melhor deveria interessar a todos nós esmorizenses, tanto aos mais atentos ou cuscos, como àqueles menos curiosos. A nossa participação é fundamental, só assim podemos alertar e deixar recomendações para que se resolvam muitos dos problemas da terra. Evidentemente, que uma boa participação exige conhecimento pleno da actualidade informativa. Por isso, os esmorizenses têm de estar atentos e participar activamente na defesa dos interesses da sua terra. Só assim é que ela pode andar para a frente…


7 – Um trabalho completamente por amor a Esmoriz, alguma vez sentiu que estava a pesquisar para ninguém? 

Quantas e quantas vezes… Sobretudo ao início, questionava-me se valeria a pena apostar a sério neste projecto, dado que as visitas ainda não eram muitas. Pensei mesmo que poderia ser tudo em vão, mas hoje tenho plena noção de que tudo resultou através de muita insistência e esforço. Não basta ter potencial, é preciso pois trabalhar, e investir muito tempo para sermos bem sucedidos.


8 – Já foi considerado o «Esmorizense que mais brilhou» no ano de 2012... Sente-se uma pessoa famosa?

Fiquei muito grato pelo reconhecimento dos nossos leitores. Famoso talvez não seja ainda. Infelizmente, neste país, os famosos são as pseudo-estrelas da casa dos degredos e a nova cantora que agora desafina por aí numa freguesia vizinha. Em Portugal, a cultura não é valorizada tanto quanto devia. Apesar disso, sinto que o meu trabalho é reconhecido pelo povo esmorizense, e isso é para mim, um grande motivo de orgulho. Agradeço a eles toda a confiança que depositaram em mim, e espero continuar a honrar os compromissos para com eles.


9 – Até quando continuar com este projecto?

Procurarei continuar este projecto até quando as minhas forças acabarem ou as adversidades da vida me travarem. Mas sinceramente, espero continuar este projecto por muito tempo, mas só o futuro dirá se isso será ou não possível.


10 – Qual a personalidade, a seu ver, que mais marcou a Cidade de Esmoriz?

Houve várias personalidades, mas destacaria duas que me marcaram mais a nível pessoal. O Pároco Fernando Campos, pela entrega e dedicação que conferiu à nossa Paróquia durante várias décadas, e evidentemente, Arménio Moreira, Presidente do Movimento Cívico Pró-Barrinha, um homem que tem dado tudo de si para reabilitar a sua amada lagoa.
Mas se falaramos em termos gerais, gostava de elogiar igualmente o grande legado do Padre Aires de Amorim que nos deixou uma excelente monografia sobre Esmoriz. Infelizmente, não tive o prazer de o conhecer.


11 – Sobre o nosso projeto...? Se existisse um fim em vista, o que nos diria para impedir tal feito?

Eu defendo que os bons projectos devem ser sempre mantidos, e como tal, se o vosso projecto estivesse em vias de terminar, iria pedir-vos para ponderar melhor e encontrar uma solução rápida para contornar essa situação chata. O vosso programa é essencial para difundir o talento jovem nas áreas da música, teatro, informação… Aliás, esse manancial de conteúdos culturais tem de ser transmitido aos ouvintes da Rádio Voz de Esmoriz, e vocês fazem-no com exemplaridade. Logo, o fim do vosso projecto acarrateria consequências negativas para os interesses informativos e culturais da cidade que são tão necessários para combater a indiferença de muitos dos nossos habitantes.


12 – Por fim: Olhando para as necessidades da população de Esmoriz (Skate Park, Museu da Tanoaria, Dinamizar ainda mais o Verão...), o que sente que está mesmo em falta na nossa Cidade? 

Eu acho que todas essas ideias são pertinentes e devem ser concretizadas. Acrescento ainda que é imperioso reabilitar já o EsmorizTur, a nossa casa da cultura. Penso ainda que serão necessárias intervenções de fundo no planeamento urbanístico, pois existem ruas num estado inadmissível e que não correspondem ao estatuto citadino da localidade. Também a reconstituição duma ponte sobre a Barrinha atrairia mais pessoas à lagoa, podendo assim fazer caminhadas (eu adoro fazê-las) e mirar a paisagem que este curso de água ainda consegue apresentar. Por fim, acho que deveríamos homenagear devidamente um grande vulto da literatura portuguesa, que viveu aqui praticamente dois anos. Falo de Florbela Espanca, uma poetisa de excelência que merecia inclusive uma estátua em sua homenagem.

O Cusco concluiu dizendo: «Agradeço o convite que me endereçaram. Foi uma honra! Quem sabe se um dia, no futuro, não estarei aí fisicamente para responder a todas as vossas questões.
Um abraço a todos vós e continuação de excelente trabalho.»

O Na Companhia espera ter feito todas as questões que querias ver respondidas... Quanto à identidade dele?! A nosso ver, só assim tem piada existir o Cusco Esmorizense.
Parabéns pelo trabalho.

A entrevista foi publicada na revista interessante da Day Light que regularmente apresenta notícias sobre a nossa região. Podem consultá-la em: http://daylight.pt/

Um comentário:

  1. Mais uma vez digo que foi uma honra ter participado neste evento. Desejo as maiores felicidades ao José Marinheiro e ao Pedro Sá, pois encabeçam um programa de qualidade e que é digno de merecer a atenção dos esmorizenses.
    A esta entrevista, gostaria ainda de acrescentar que o jornal electrónico do Malho Tanoeiro e o Boletim dos BVE foram também fontes que consultei para me manter informado.
    Por fim, e em relação à última questão, e por lapso meu, esqueci-me de referir que sempre defendi ainda uma postura enérgica para travar o avanço do mar.

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