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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Um país virado ao contrário...

Portugal reforçou a austeridade (nos sectores dos combustíveis e da banca) porque Bruxelas assim o exigiu de modo a evitar um défice excessivo em 2016. António Costa e o seu governo tiveram que ceder bastante para agradar à Comissão Europeia que, apesar de ter validado o orçamento, continua a primar pela arrogância, não deixando de exigir novas reformas estruturais que incluam medidas duras. Chegam a ser lamentáveis algumas declarações de altos dignitários da organização que batem sempre na mesma tecla. Mas revolta-me ouvir o sr. Wolfgang Schauble, Ministro das Finanças Alemão, a insinuar que Portugal antes estava no bom caminho e que agora poderá estar a arriscar bastante o seu futuro. Curioso que nenhum ministro português ou qualquer patriota influente se dignou a vir a público para relembrar ao sr. Schauble que o país dele já foi beneficiado com perdões e margens de manobra relativamente ao défice que Berlim apresenta. É nisto que Portugal perde. No passado, já fui europeísta, mas agora confesso que me tornei eurocéptico porque este modo-de-estar dos líderes europeus é claramente antagónico a tudo aquilo que sabemos sobre a génese e fundação da União Europeia. Não vejo solidariedade nem tratamento equitativo, mas apenas vaidade e exigências claramente centralizadas que têm de ser atendidas a bem ou a mal. E no meio disto tudo, Portugal já não é sequer um país independente, no que diz respeito à área económico-financeira!
Não me intriga apenas a ingerência exagerada de Bruxelas na nossa economia, como também me indigna profundamente a história das subvenções vitalícias, cuja reposição poderá custar 18,7 milhões de euros ao Estado Português, isto é, a todos nós contribuintes. E eu pergunto - porque é que esta gente vai ser premiada? O país está cada vez mais pobre (em termos sociais), e se tivessem o mínimo de respeito pelos inúmeros sacrifícios que o povo teve de suportar nos últimos anos, declinariam esta mordomia que não deveria sequer ter lugar em tempos de profunda crise. Entristece-me o facto de ainda ninguém se ter manifestado contra esta situação. Talvez, a reposição das 35 horas na privilegiada Função Pública seja um assunto mais importante (ironia!). 
Por outro lado, a Segurança Social que nunca teve problemas em pagar as subvenções vitalícias e diversas reformas chorudas a gente poderosa, decidiu multar o Centro Paroquial de S. Martinho das Moitas (São Pedro do Sul), isto só porque a instituição se "atreveu" a ter alimentado ou auxiliado mais pobres do que tinha sido acordado previamente. A IPSS teria de pagar 6300 euros de início, embora o Ministério do Trabalho tenha reduzido a coima para 2500 euros. Este caso vergonhoso deveria indignar profundamente os portugueses. Ajudar os mais pobres é um acto de nobreza e de altruísmo. Mas não, continuamos todos na zona de conforto com uma passividade e ingenuidade atrozes, enquanto todas estas injustiças acontecem. Noutros tempos, não duvidava que o povo se juntaria e organizaria eventos para pagar a multa desta IPSS, e viria para as ruas manifestar-se contra estes escândalos. Mas hoje somos uma sombra do passado. Reflectimos a inércia que se abateu sobre o nosso país. 
Oxalá que um dia Portugal acorde deste pesadelo!
Mas pelo que tenho visto nos últimos tempos, será preciso um milagre para isto endireitar.



 






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