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segunda-feira, 26 de maio de 2014

O que há a reter destas eleições europeias (2014)


1- Vitória Pírrica do PS e Descalabro do PSD & CDS


O Partido Socialista, encabeçado por Francisco Assis, reuniu 31, 4% dos votos, batendo Paulo Rangel, cabeça de lista da coligação Aliança Portugal que obteve 27, 7 % dos votos. O PS elegerá 7 eurodeputados, mais um do que a dita coligação que se ficará pelos 6 representantes.
Os resultados não mentem - os partidos do Arco Central perderam, em termos percentuais, vários votos. O Partido Socialista esteve longe de alcançar uma vantagem folgada (esta deveria traduzir-se num avanço mínimo de 5% ou até bem mais do que isto) e venceu pela margem mínima (apenas 3,5% de diferença). Os discursos excessivamente triunfalistas de Francisco Assis, Manuel Alegre e António José Seguro caíram em saco roto. António Costa, que decidiu esperar pelos resultados finais, não hesitou em discordar, assegurando que se tratava duma vitória perniciosa, ou melhor, que soube a pouco... Efectivamente, fica a sensação de que o Partido Socialista deveria ter feito muito melhor.
Os partidos governamentais ainda têm menos motivos para sorrir, já que foi uma das derrotas mais humilhantes da coligação de direita. Pagaram talvez a factura pelas políticas nefastas de austeridade excessiva. É um aviso para que diminuam, o mais depressa possível, a carga tributária sobre os portugueses, caso contrário, não poderão ganhar uma maior margem de apoio.




Imagem nº 1 - Francisco Assis (PS) venceu as eleições, embora por números aparentemente escassos.



2- Os Partidos Sensação - CDU e MPT


 A CDU apresentou um candidato jovem - João Ferreira com um discurso interessante que seguramente foi argumento suficiente para cativar algum eleitorado. Foi uma aposta ganha e os 12, 6% alcançados irão permitir aos comunistas elegerem 2 eurodeputados.
Mas a grande surpresa da noite foi o Partido da Terra que através do seu cabeça de lista, o imparável Marinho Pinto, alcançou pouco mais de 7% dos votos, tendo suplantado a lista do Bloco de Esquerda (encabeçada por Marisa Matias) que só reuniu 4,5 % da votação final. Mas ambos elegerão apenas um eurodeputado (embora o MPT ainda possa vir a ter mais um).
Refira-se que Marinho Pinto ganhou muitos votos face ao seu perfil frontal, destemido e directo. Não hesita em denunciar as irregularidades e as debilidades do Sistema. Talvez, a sua entrada no Parlamento Europeu possa servir para agitar um pouco as águas, já que nos últimos anos, este órgão consultivo mais parecia uma Sauna dormente, propriedade duma sra. dada pelo nome de Ângela!



Imagem nº 2 - Marinho Pinto (MPT) poderá ser uma mais-valia no Parlamento Europeu, defendendo os interesses nacionais.




3 - A Abstenção Monumental


66% dos Portugueses elegíveis não votaram nestas eleições europeias. Seguramente que não foi por falta de informação, já que ao contrário das anteriores edições, houve muito tempo de antena para a propaganda eleitoral bem como se apresentaram, nos respectivos meios de comunicação, as novidades de cada candidatura. 
Talvez, os lusitanos de hoje já não acreditem no projecto europeu, não é que sejam contra a União Europeia, mas porque simplesmente não se revêem no actual rumo. Não há solidariedade, não há coesão, e normalmente são os países da periferia que arcam com as consequências mais duras. Há um sentimento de impotência face aos interesses germânicos, e ninguém se esquece dos últimos anos em que Berlim exigiu mais austeridade para o país.
Para além disso, o Parlamento Europeu é apenas um órgão consultivo, aonde os eurodeputados realizam relatórios e usufruem de inúmeras regalias, e por isso, é um organismo com pouco poder, quando comparado com a Comissão Europeia, essa sim poderosa, e que até foi liderada por um português e de nada isso nos valeu! Por outro lado, os portugueses começaram a fartar-se igualmente dos projectos dos nossos partidos nacionais...
O descontentamento com o projecto europeu não pode ser visto só a partir dos números da abstenção. Em Portugal, se juntarmos os votos brancos e nulos, quase chegamos aos 10% (isto é, uma em cada dez pessoas que votaram, não seleccionaram qualquer uma das alternativas visíveis). Lá fora, o extremismo ganhou força na França, Dinamarca e Grécia, tratando-se de facções nacionalistas e anti-europeístas.
A forma de pensar a Europa precisa de ser reformulada porque muitos dos seus puros ideais (tão bem defendidos por um dos seus afamados mentores - Robert Schuman) estão hoje a ser deturpados. Não se pode proteger alguns países, sufocando os outros! Tem que existir equidade e uma verdadeira união, na acepção da palavra!
Certo é que, neste momento, o pessimismo começa a apoderar-se dos destinos europeus, a crise poderá vir para ficar, e é nestas alturas que emergem os totalitarismos que não respeitam os direitos humanos!



4- Resultados em Esmoriz


O Partido Socialista venceu em todas as freguesias do Concelho de Ovar. No caso concreto de Esmoriz, o PS conseguiu uma vantagem de cerca de 5% diante da coligação PSD & CDS. O terceiro classificado foi o Partido da Terra que quase alcançou 10%, resultado que prova que há muitos esmorizenses que acreditam nas qualidades do ex-bastonário da Ordem dos Advogados.
As três secções de votos, criadas meritoriamente, pela Junta de Freguesia de Esmoriz, em Gondesende, nos Castanheiros e na Praia, não foram suficientes para travar a fantasmagórica abstenção que aqui se cifrou nos 63% (embora menos 3% do que a média nacional que se situou nos 66%).



Imagem nº 3 - Resultados verificados para a Cidade de Esmoriz.
Retirada da Página Oficial do OvarNews no Facebook
(Carregar em cima para visualizar melhor)
                                                   Veja-se ainda: http://www.eleicoes.mj.pt/



Imagem nº 4 - Lino Osvaldo Jorge foi o primeiro cidadão a votar na nova Secção de Voto em Gondesende, por volta das 8 horas da manhã.




5 - Ilações a tirar para as próximas legislativas


A abstenção promete ser elevada no próximo ano, embora não tão vincada como nestas eleições europeias. O descrédito no sector político é enorme. Pelo que constatamos ainda, o governo que for eleito em 2015, muito dificilmente conseguirá uma maioria absoluta... E um cenário de coligação entre PSD, CDS... e PS poderá não ser assim tão hipotético como muitos poderão julgar.
A CDU deverá aumentar a sua percentagem de voto nas legislativas, e o BE, apesar da derrota de ontem, poderá recuperar um pouco e impor-se como uma alternativa mais sólida.
Certo é que quanto ao vencedor, o PS ainda não poderá lançar foguetes, pois a vantagem foi mínima, isto já para não falar que a enorme abstenção impede-nos de retirar grandes conclusões.
Mas algo parece ter ficado provado nestas eleições, PS, PSD e CDS estão mais fracos em termos de popularidade. 40% dos eleitores não votaram nestas 2 listas, mas sim noutras... E não podemos ainda ignorar os quase 10% que não votaram em nenhuma das alternativas apresentadas.
Nas presidenciais, será a imagem e o perfil de cada candidato que irá fazer a diferença, isto mais do que o partido que venham a representar.


Actualização - De acordo com notícias desta Segunda-Feira, ficaram ainda 4 mandatos por atribuir, sendo que o PS (passará ter 8 eurodeputados), o PSD (contará com 7 representantes), a CDU (elegerá 3 elementos) e o MPT (colocará 2 membros) tiveram a oportunidade de eleger mais um eurodeputado. O BE manteve apenas o seu único representante que será Marisa Matias.

Um comentário:

  1. Faltavam apurar mais 4 mandatos. O PS (8), PSD (7), CDU (3) e MPT (2) conseguiram ter direito a mais um eurodeputado, segundo acabou de apurar a TVI nesta Segunda-Feira à noite!

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