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quarta-feira, 26 de julho de 2017

Harleys Davidson trouxeram inspiração à cidade

Como é já apanágio, a Comissão de Melhoramentos de Esmoriz e a Porto Chapter voltaram a organizar o evento "Harley Não se Esgota", o qual decorreu neste passado domingo, dia 23 de Julho. A edição referente ao ano de 2017 contou com a participação de mais de meia centena de motards que eram então proprietários da célebre marca norte-americana Harley Davidson. É importante salientar que o número de aderentes não foi tão expressivo face às derradeiras edições dos anos anteriores, visto que naquele dia decorreria igualmente uma concentração de motards em Faro, o que decerto retirou algum protagonismo ao evento que decorreria em Esmoriz. Ainda assim, o evento pautou-se novamente pelo sucesso.
A concentração deu-se bem cedo pela manhã na rejuvenescida Praça dos Combatentes do Ultramar de Esmoriz. Naquele ponto de encontro, ouviram-se os primeiros discursos. Agostinho Fardilha, Presidente da Comissão de Melhoramentos de Esmoriz, agradeceu a presença dos motards, explicou o trajecto e o programa do evento e fez votos para que "este dia fosse repleto de boas recordações". Por seu turno, António Bebiano, Presidente da Junta de Freguesia de Esmoriz, valorizou a iniciativa empreendida, realçando que Esmoriz tem muitos cartões-de-visita para oferecer, desejando que os participantes se sintam mais motivados a visitarem a cidade no futuro.  
Além dos discursos, temos de realçar um outro detalhe - a presença de uma antiquíssima moto Harley Davidson, datada de 1942 (isto é, dos tempos da 2ª Guerra Mundial), ladeada por bandeiras norte-americanas (tendo em conta a sua origem), e que se achava à entrada do Hotel La Fontaine. Esta mesma moto seria depois transportada para a Avenida Joaquim Oliveira e Silva, onde acabaria por ficar exibida à frente do palco do concerto que se realizaria da parte da tarde.


















Depois da concentração junto à nova praça de Esmoriz, seguiu-se a visita à empresa Jacinto Marques Oliveira Sucrs. Lda que se dedica à construção de veículos de combate a incêndios. Esta firma esmorizense consegue exportar 80% da sua produção. Ali os motards e demais organizadores puderam conhecer as suas multifacetadas instalações industriais, nomeadamente os pavilhões de produção de super-estruturas, de pintura, de manutenção e de projectos, o laboratório de tecnologia automóvel (onde se procede à verificação e homologação dos veículos de forma a certificar-se do cumprimento rigoroso dos requisitos), gabinetes administrativos e toda uma diversidade de viaturas de combate a incêndios que deverá ser "escoada" para países como França, Omã, Camarões, Uruguai, Chile, Dubai, Jordânia, etc.
O veículo Lusitano, avaliado em meio milhão de euros, foi aquele que mais terá impressionado os visitantes que se deixaram cativar pelo seu design moderno e pela sua capacidade de albergar 8 mil litros de água, atingindo os 80 km em apenas 26 segundos. Ficámos ainda a saber que esta empresa trabalha com todos os instrumentos metálicos - alumínio, aço, inox, carvão, latão. Por outro lado, a empresa Jacinto é a única fábrica no mundo que produz cisternas em que os compartimentos são todos soldados, garantindo assim outra fiabilidade ao sistema. A empresa é ainda alvo frequente de controlos de qualidade, visto que há muitos critérios a serem cumpridos visto que os veículos se destinam às missões exigentes da Protecção Civil. Por exemplo, há testes rígidos de resistência que são feitos às cabines das viaturas, de forma a que estas não cedam posteriormente nos piores cenários. Foram ainda apresentados projectos em 2D e 3D de futuros veículos que deverão ser construídos nos próximos tempos. Jacinto Oliveira não tem dúvidas - é no "departamento de projectos" que a empresa terá de crescer mais no futuro. Além da venda dos veículos, é entregue às entidades compradoras, os respectivos manuais dos carros que são redigidos nas línguas vernáculas dos países de destino. Por outras palavras, a empresa Jacinto tem apostado na qualidade e na internacionalização, não deixando de premiar e motivar os seus funcionários quando os prazos de entrega de veículos são integralmente cumpridos. 
Os motards ficaram impressionados com a dimensão e a própria visão institucional da empresa, e desfrutaram ainda de alguns aperitivos que ali foram servidos (sumos, vinhos, miniaturas de bolos, fiambre, queijo, regueifa...).
































































































Posteriormente, os motards deixaram a empresa Jacinto e percorreram as ruas de Esmoriz e Cortegaça, conhecendo ainda uma pequena passagem pela A29, até que acabaram por estacionar as suas mágicas motos no Parque da Feira da Revenda em Esmoriz. Era pois altura de dar um passeio pelos novos passadiços da Barrinha de Esmoriz. À sua espera, estavam Rubim Almeida, botânico e professor da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, e José Marinho, geólogo, eruditos que seriam responsáveis pela realização de uma visita guiada. 
Rubim Almeida começou por sublinhar que a lagoa é protegida pela legislação muito devido à sua biodiversidade, aludindo à presença de inúmeras aves (citou o exemplo da águia sapeira) e de duas espécies de flora pouco comuns no país - a jasione lusitanica e uma pequena orquídea. Apesar de reconhecer que a poluição diminuiu um pouco nos últimos anos, Rubim defende que a água ainda não está em condições aceitáveis (contrariando as conclusões dos recentes estudos de impacto ambiental), alicerçando-se para isso nas análises frequentes de peixes dali extraídos que apresentam lesões fatais nas brânquias e nos fígados, muito por influência da presença de metais pesados no fundo da lagoa. O Professor da Faculdade de Ciências do Porto alega que a despoluição da Barrinha deveria ter sido a primeira coisa a ser feita e confessa ter sérias dúvidas de que o material utilizado na construção dos passadiços possa ser durável para os próximos anos, se não houver uma manutenção contínua. Rubim lamenta que se tenha investido tanto dinheiro em estudos ambientais, embora reconheça que, pelo menos, para já, a obra tem o mérito de fazer com que a Barrinha deixe de estar de costas viradas para a população.
Por seu turno, o geólogo José Marinho recordou que a Barrinha tem uma dimensão de 396 hectares, inserindo-se numa região com grande pressão urbanística, onde predominam espaços industriais, domésticos, agrícolas e vacarias, o que se traduz em recorrentes ameaças de poluição. A Barrinha enquadra-se ainda na percentagem de 5% de lagoas que se localizam no litoral do continente europeu. A formação da lagoa terá começado há 5 mil anos, embora há 3500 anos atrás, a nossa costa já assumiria uma proporção algo similar à actual. Marinho traçou quatro potenciais cenários para o futuro:


  1. O desaparecimento da lagoa devido ao assoreamento e sedimentação.
  2. O desaparecimento da lagoa devido ao avanço do mar.
  3. Uma Barrinha em condições agradáveis com o fim da poluição e com uma subida mais controlada das águas marítimas. Cenário mais idílico. 
  4. Uma Barrinha a manter o actual status quo apenas com intervenções de longe a longe.

Apesar destes avisos pertinentes e de se vislumbrar um diálogo assíduo entre palestrantes e convidados (uns com visões mais optimistas, enquanto outros nem por isso), os motards apreciaram o contacto com a natureza e não hesitaram em tirar uma foto em conjunto na nova ponte construída sobre a Barrinha de Esmoriz.






















Posteriormente, decorreria o almoço conjunto na esplanada do Estádio da Barrinha com visão directa sobre o relvado onde actua o Sporting Clube de Esmoriz. Ali, seriam servidos novos aperitivos, sopa e arroz de feijoada com carne. Os motards puderam conhecer as instalações do clube e visualizar a taça distrital de Aveiro recém-conquistada pelo clube. É de enaltecer a simpatia e a atenção das funcionárias do clube que receberam muito bem os visitantes.















Por fim, e da parte da tarde, decorreria a tradicional animação musical na Avenida Joaquim Oliveira e Silva, no lugar da Praia de Esmoriz. Uma vez mais, a banda Selvis Prestley fez as delícias do público, ao fazer reviver canções épicas do rei do rock and roll Elvis Presley (1935-1977). Os motards dançaram, bateram palmas e sorriram frequentemente. As suas motos expostas ao longo da avenida atraíram a atenção de muitos cidadãos que por ali se deslocaram e que também assistiram ao concerto. 
Como recordação, a Comissão de Melhoramentos de Esmoriz entregou uma lembrança a cada motard - um emblema referente ao evento em questão o qual poderá ser implementado nos trajes típicos dos próprios proprietários. 
Em jeito de balanço final, foi um dia de muita alegria e entusiasmo na cidade de Esmoriz.




























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