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quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Gabriela Relvas apresenta o seu novo livro

Nesta próxima sexta-feira, pelas 21:30, a apresentadora do Porto Canal, Gabriela Relvas (natural de Esmoriz), irá apresentar o seu mais recente livro "A Ilha da Formiga". A sessão de apresentação decorrerá na FNAC do Gaiashopping.
Deixamos, por fim, uma descrição técnica da sua nova obra que nos foi remetida por esta personalidade que agora tem vindo a revelar um talento especial para a escrita.



A AUTORA E O LIVRO

Estou frente a ele. O meu livro. Duzentas e vinte e duas páginas e uma capa. O coração finalmente a abrandar esta ânsia de o tocar com as mãos. O amarelo torrado como eu imaginava. O peso entre os dedos e a palma da mão. Todas as palavras que o preenchem. A aragem que vem de dentro. Vou levá-lo comigo ao café, passeá-lo. Tantos que já carreguei na mão para cafés da manhã. Nunca o meu!
Perdoem-me a vaidade. Há coisas que queremos mais do que imaginamos. Escrever é um querer constante. Uma cura que não vem de agora. Água quente nas costas, um banho, num novembro quase frio e pegajoso. Estou tão feliz! Se calhar é isto que é mesmo um sonho, o querer dar-lhe continuidade. Não deixar morrer, por precisar. Curiosidade máxima para perceber o que significa viver.
Uma vida inteira aconteceu-me enquanto escrevia. Juntei um mais um. A Ilha da Formiga, um nome extraído do café das 8 da matina, enquanto comia pão de alfarroba com azeite, que mais sabia a chocolate. Noutros cafés, outras coisas. Aconteceu-me a Helena, com a música espanta-merdas perfeita a provocar-me o ouvido. Invadiram-me Bestas, Dias de glória e de Desapego. E dias em que o amor foi Amoras. O narrador nem sempre foi preciso. Aconteceu com o tempo. O tempo tolda-nos os pensamentos ao mesmo tempo que nos põe nus.
As primeiras crónicas fazem-me corar. Coro da minha ingenuidade como também a gosto. Coro do meu aprender a falar escrevendo. Corarei da penúltima numa dentada, da última, num mergulhar de bolacha no leite. Ao saber que me vou perder, no entretanto, ainda as vivo. As últimas. Ainda estou aí. Sei-o porque me vejo agora do lado de fora da Ilha. Serviu-me como exercício e ainda serve. Que sirva aos homens de entendimento sobre as mulheres. Que sirva a mulheres tão delirantes e normais como eu. Que sirva de companhia a alguém! E que sirva para me curar das obsessões que não sabia que tinha. Ser-me-ia bastante útil eliminar a obsessão por tempo e por bolas de berlim.
Aqui na Ilha, neste chão de isolamento onde me formigam mil pensamentos trabalhadores, sou quase sempre feliz. Acredito que contar me dá tamanhos imensos, os que não tenho quando não conto. E o bom do crescer na impossibilidade de parar de crescer é isto mesmo. Ter de me contar de novo, para poder ser verdade outra vez.
Já não sou a pessoa dos 31 e a pessoa dos 35 acabou agora mesmo de rescindir contrato comigo. Ainda que a Ilha muito me seduza, isto com companhia vai melhor, especialmente quando os anos nos deixam.


A SINOPSE

Deixem-me voltar ao narrador, na tentativa de não me parecer tão eu e ficar mais à vontade para falar-me. Talvez por nada particularmente emocionante acontecer, ela, conta que aconteça. Então, à mínima oportunidade, elabora. A Ilha da Formiga estava-lhe atravessada! “Um nome cheio de potencial para ser uma vida inteira!”
Uma vida inteira aconteceu-me enquanto escrevia. Juntei um mais um. A Ilha da Formiga, um nome extraído do café das 8 da matina, enquanto comia pão de alfarroba com azeite, que mais sabia a chocolate. Noutros cafés, outras coisas. Aconteceu-me a Helena, com a música espanta-merdas perfeita a provocar-me o ouvido. Invadiram-me Bestas, Dias de glória e de Desapego. E dias em que o amor foi Amoras. O narrador nem sempre foi preciso. Aconteceu com o tempo. O tempo tolda-nos os pensamentos ao mesmo tempo que nos põe nus.
Naquela manhã o nome Ilha da Formiga vestiu-me. Pôs-me pronta. Talvez dê nome a isto, pensei. Este estado de isolamento com mil pensamentos trabalhadores cheios de fome de voz. Alguns a fazerem-me cócegas, outros a foderem-me o juízo. É que isto de viver vai-nos às emoções. 


A NOTA BIOGRÁFICA

Gabriela Relvas nasceu no Porto, em 1983. Natural de Esmoriz, licenciou-se em Comunicação Social na Escola Superior de Educação de Coimbra em 2005, formação que contemplou uma passagem por 6 meses na Universidade de Ciências Aplicadas Hanze, em Groningen. Já com um pé em Lisboa para terminar o estágio em produção televisiva na Endemol Portugal, acabou por pousar o outro. Frequentou o Curso Intensivo de Formação de Atores da Associação Cultural e Teatral In Impetus e uma diversidade de workshops em teatro, cinema e televisão. Fez musicais, teatro, revista, séries televisivas, telefilmes e novelas. Projetos que passaram pelo Teatro Tivoli, Teatro Sá da Bandeira, Casino Estoril, RTP2, RTP1, SIC e TVI. Em 2008 lançou um álbum de originais de hip-hop e R&B com mais 4 vocalistas. Abraçou a comunicação como apresentadora e repórter. Apresentou programas dedicados à cultura (Beat Generation, TVI24), entretenimento (Giro, Record TV) e economia (EDP On TV). Uma salada de frutas que cedo lhe deu sumo para o guionismo e para a produção de conteúdos, postos à prova no ano de 2017, na Direção de Comunicação da EDP.
Em 2018 inverte a marcha e regressa à origem, Esmoriz, depois de mais de duas mãos cheias de anos na capital. No Porto faz pela primeira vez cinema (Sefarad), integra a primeira série de educação para a saúde em Portugal (2’ Minutos para mudar de vida, RTP1), colabora pela primeira vez com o Porto Canal (Olá Maria) e edita o primeiro livro - A Ilha da Formiga. Um livro que começou a ser escrito em 2015, quando cria o blogue A Vida em Play. É daqui que nasce a grande maioria das crónicas, contos e diálogos autobiográficos que o preenchem e percorrem os anos de 2015, 2016, 2017, 2018 e 2019.









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