Nesta próxima sexta-feira, pelas 21:30, a apresentadora do Porto Canal, Gabriela Relvas (natural de Esmoriz), irá apresentar o seu mais recente livro "A Ilha da Formiga". A sessão de apresentação decorrerá na FNAC do Gaiashopping.
Deixamos, por fim, uma descrição técnica da sua nova obra que nos foi remetida por esta personalidade que agora tem vindo a revelar um talento especial para a escrita.
A AUTORA E O LIVRO
Estou frente a ele. O meu livro. Duzentas e
vinte e duas páginas e uma capa. O coração finalmente a abrandar esta
ânsia de o tocar com as mãos. O amarelo torrado como eu imaginava. O
peso entre os dedos e a palma da mão. Todas as palavras que o preenchem.
A aragem que vem de dentro. Vou levá-lo comigo ao café, passeá-lo.
Tantos que já carreguei na mão para cafés da manhã. Nunca o meu!
Perdoem-me a vaidade. Há coisas que queremos mais do que imaginamos. Escrever é um querer constante. Uma cura que não vem de agora. Água quente nas costas, um banho, num novembro quase frio e pegajoso. Estou tão feliz! Se calhar é isto que é mesmo um sonho, o querer dar-lhe continuidade. Não deixar morrer, por precisar. Curiosidade máxima para perceber o que significa viver.
Uma vida inteira aconteceu-me enquanto escrevia. Juntei um mais um. A Ilha da Formiga, um nome extraído do café das 8 da matina, enquanto comia pão de alfarroba com azeite, que mais sabia a chocolate. Noutros cafés, outras coisas. Aconteceu-me a Helena, com a música espanta-merdas perfeita a provocar-me o ouvido. Invadiram-me Bestas, Dias de glória e de Desapego. E dias em que o amor foi Amoras. O narrador nem sempre foi preciso. Aconteceu com o tempo. O tempo tolda-nos os pensamentos ao mesmo tempo que nos põe nus.
Perdoem-me a vaidade. Há coisas que queremos mais do que imaginamos. Escrever é um querer constante. Uma cura que não vem de agora. Água quente nas costas, um banho, num novembro quase frio e pegajoso. Estou tão feliz! Se calhar é isto que é mesmo um sonho, o querer dar-lhe continuidade. Não deixar morrer, por precisar. Curiosidade máxima para perceber o que significa viver.
Uma vida inteira aconteceu-me enquanto escrevia. Juntei um mais um. A Ilha da Formiga, um nome extraído do café das 8 da matina, enquanto comia pão de alfarroba com azeite, que mais sabia a chocolate. Noutros cafés, outras coisas. Aconteceu-me a Helena, com a música espanta-merdas perfeita a provocar-me o ouvido. Invadiram-me Bestas, Dias de glória e de Desapego. E dias em que o amor foi Amoras. O narrador nem sempre foi preciso. Aconteceu com o tempo. O tempo tolda-nos os pensamentos ao mesmo tempo que nos põe nus.
As primeiras crónicas fazem-me corar. Coro da
minha ingenuidade como também a gosto. Coro do meu aprender a falar
escrevendo. Corarei da penúltima numa dentada, da última, num mergulhar
de bolacha no leite. Ao saber que me vou perder, no entretanto, ainda as
vivo. As últimas. Ainda estou aí. Sei-o porque me vejo agora do lado de
fora da Ilha. Serviu-me como exercício e ainda serve. Que sirva aos
homens de entendimento sobre as mulheres. Que sirva a mulheres tão
delirantes e normais como eu. Que sirva de companhia a alguém! E que
sirva para me curar das obsessões que não sabia que tinha. Ser-me-ia
bastante útil eliminar a obsessão por tempo e por bolas de berlim.
Aqui na Ilha, neste chão de isolamento onde me formigam mil pensamentos trabalhadores, sou quase sempre feliz. Acredito que contar me dá tamanhos imensos, os que não tenho quando não conto. E o bom do crescer na impossibilidade de parar de crescer é isto mesmo. Ter de me contar de novo, para poder ser verdade outra vez.
Já não sou a pessoa dos 31 e a pessoa dos 35 acabou agora mesmo de rescindir contrato comigo. Ainda que a Ilha muito me seduza, isto com companhia vai melhor, especialmente quando os anos nos deixam.
Aqui na Ilha, neste chão de isolamento onde me formigam mil pensamentos trabalhadores, sou quase sempre feliz. Acredito que contar me dá tamanhos imensos, os que não tenho quando não conto. E o bom do crescer na impossibilidade de parar de crescer é isto mesmo. Ter de me contar de novo, para poder ser verdade outra vez.
Já não sou a pessoa dos 31 e a pessoa dos 35 acabou agora mesmo de rescindir contrato comigo. Ainda que a Ilha muito me seduza, isto com companhia vai melhor, especialmente quando os anos nos deixam.
A SINOPSE
Deixem-me voltar ao
narrador, na tentativa de não me parecer tão eu e ficar mais à vontade
para falar-me. Talvez por nada particularmente emocionante acontecer,
ela, conta que aconteça. Então, à mínima oportunidade, elabora. A Ilha
da Formiga estava-lhe atravessada! “Um nome cheio de potencial para ser
uma vida inteira!”
Uma vida inteira aconteceu-me enquanto
escrevia. Juntei um mais um. A Ilha da Formiga, um nome extraído do café
das 8 da matina, enquanto comia pão de alfarroba com azeite, que mais
sabia a chocolate. Noutros cafés, outras coisas. Aconteceu-me a Helena,
com a música espanta-merdas perfeita a provocar-me o ouvido.
Invadiram-me Bestas, Dias de glória e de Desapego. E dias em que o amor
foi Amoras. O narrador nem sempre foi preciso. Aconteceu com o tempo. O
tempo tolda-nos os pensamentos ao mesmo tempo que nos põe nus.
Naquela manhã o nome Ilha da Formiga vestiu-me. Pôs-me pronta. Talvez dê
nome a isto, pensei. Este estado de isolamento com mil pensamentos
trabalhadores cheios de fome de voz. Alguns a fazerem-me cócegas, outros
a foderem-me o juízo. É que isto de viver vai-nos às emoções.
A NOTA BIOGRÁFICA
Gabriela Relvas nasceu no Porto, em 1983. Natural de Esmoriz,
licenciou-se em Comunicação Social na Escola Superior de Educação de
Coimbra em 2005, formação que contemplou uma passagem por 6 meses na
Universidade de Ciências Aplicadas Hanze, em Groningen. Já com um pé em
Lisboa para terminar o estágio em produção televisiva na Endemol
Portugal, acabou por pousar o outro. Frequentou o Curso Intensivo de
Formação de Atores da Associação Cultural e Teatral In Impetus e uma
diversidade de workshops em teatro, cinema e televisão. Fez musicais,
teatro, revista, séries televisivas, telefilmes e novelas. Projetos que
passaram pelo Teatro Tivoli, Teatro Sá da Bandeira, Casino Estoril,
RTP2, RTP1, SIC e TVI. Em 2008 lançou um álbum de originais de hip-hop e
R&B com mais 4 vocalistas. Abraçou a comunicação como apresentadora
e repórter. Apresentou programas dedicados à cultura (Beat Generation,
TVI24), entretenimento (Giro, Record TV) e economia (EDP On TV). Uma
salada de frutas que cedo lhe deu sumo para o guionismo e para a
produção de conteúdos, postos à prova no ano de 2017, na Direção de
Comunicação da EDP.
Em 2018 inverte a marcha e regressa à origem, Esmoriz, depois de mais de duas mãos cheias de anos na capital. No Porto faz pela primeira vez cinema (Sefarad), integra a primeira série de educação para a saúde em Portugal (2’ Minutos para mudar de vida, RTP1), colabora pela primeira vez com o Porto Canal (Olá Maria) e edita o primeiro livro - A Ilha da Formiga. Um livro que começou a ser escrito em 2015, quando cria o blogue A Vida em Play. É daqui que nasce a grande maioria das crónicas, contos e diálogos autobiográficos que o preenchem e percorrem os anos de 2015, 2016, 2017, 2018 e 2019.
Em 2018 inverte a marcha e regressa à origem, Esmoriz, depois de mais de duas mãos cheias de anos na capital. No Porto faz pela primeira vez cinema (Sefarad), integra a primeira série de educação para a saúde em Portugal (2’ Minutos para mudar de vida, RTP1), colabora pela primeira vez com o Porto Canal (Olá Maria) e edita o primeiro livro - A Ilha da Formiga. Um livro que começou a ser escrito em 2015, quando cria o blogue A Vida em Play. É daqui que nasce a grande maioria das crónicas, contos e diálogos autobiográficos que o preenchem e percorrem os anos de 2015, 2016, 2017, 2018 e 2019.
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