Durante o mês de Agosto levamos a cabo uma campanha de angariação de sócios. Durante esse mês dinamizamos, em associação estreita com a Cafetaria do Parque Ambiental do Buçaquinho (PAB), um conjunto de actividades, que passaram por cursos de fotografia e visitas à Barrinha. Admito que os naturais de Esmoriz não queiram ir visitar a Barrinha porque ... a conhecem (Será?!) ... a maioria dos que o fizeram eram naturais sobretudo de locais como o Porto ou mais longe até.
O que me surpreendeu é que os naturais de Esmoriz, tendo passeado pelo PAB, não se tivessem interessado sequer por saber aquilo que o Movimento faz, preconiza e tenciona fazer nos tempos vindouros. O que me surpreende é que praticamente ninguém de Esmoriz se quis associar ao Movimento e ás suas causas. Não falo sequer dos 12 € que custaria passar a ser sócio do Movimento e que tanto poderiam fazer para que pudéssemos e ousássemos ir mais longe, sem apoios nem subsídios, já que desde 2001 tentamos fazer aquilo que mais ninguém está disposto a realizar.
Surpreende-me, admira-me, deixa-me até incomodado que os esmorizenses não se interessem/importem em saber que o MCpB esteve desde o primeiro momento na fundação do PAB, que somos parte participativa e interessada de projectos e realizações como o PDM de Ovar sobre o qual fomos chamados a pronunciar-nos.
Que somos uma entidade calma e tranquila que participa na formação e educação dos jovens desta cidade, organizando palestras, participando e colaborando com as actividades das escolas das freguesias, na organização de exposições que divulgam e levam a Barrinha a outras freguesias e concelhos, que organizamos campanhas de limpeza das praias (Esmoriz incluída) e do ambiente, que pugnámos por um melhor ambiente e por uma Esmoriz mais forte, mais sustentável e mais apelativa aos interesses de todos.
Foi o MCpB que esteve na base de movimentos que trouxeram os governantes a Esmoriz e que a colocaram nos jornais e, ao contrário de gente que o afirma, não se gastaram milhares de euros para os trazer, até porque nunca tivemos uma centena da dita moeda, quanto mais milhares. Se os tivéssemos, também teríamos melhores destinos para eles.
Deixa-me profundamente desgostoso - e NOTEM que não sou natural desta linda terra - que a cultura passe ao lado de tanto e tanto esmorizense. Tanta actividade fantástica que a Cafetaria do PAB organizou no Verão e que foram canceladas por falta de inscrições (sobretudo atendendo ao facto dos preços serem simbólicos).
Afinal quem quer defender e promover Esmoriz?
Afinal quem se preocupa em criar uma cidade mais sustentável e mais amiga do ambiente e do turismo?
Sim, é certo que temos agora um Presidente da CMO que é "filho da terra", alguém com um projecto no qual eu acredito, reputo como coerente e inteligente e sobretudo que sabe o que quer e para onde ir, mas não esperem que ele seja um fazedor de milagres. Não se tiram coelhos da cartola a não ser em espectáculos de magia. E o concelho vai exigir que se coloquem todos os recursos do Município ao serviço de TODOS (não só Esmoriz) para aplacar os efeitos da crise e para desenvolver projectos muito mais abrangentes e muito mais importantes nesta época.
Se estão à espera de milagres, desenganem-se. Ele há limites para o que pode ser feito pela autarquia ainda que o executivo o queira e tenha uma palavra a dizer.
A melhoria da cidade, e refiro-me aos seus aspectos culturais, educacionais, ambientais e tanta outra coisa terminada em "ais" ... passa por cada um de nós.
O fundador e actual Presidente do MCpB é outro filho da terra. Ao longo dos anos pugnou pela defesa da Barrinha com coragem, com sentido de responsabilidade, com energia, com amor e dedicação, com orgulho e muita, mas muita abnegação. De tal modo, que descobrimos recentemente que o MCpB lhe deve milhares de euros. Que a maioria das actividades que realizamos foi a expensas suas e assim continua a ser. Haverá quem dirá que foi porque quis. Haverá quem diga que ... "é parvo" (???!). Até poderá ser. Mas, enquanto cidadão deste país, alguém que foi esmorizense por que aí viveu e sentiu, que acha que a Barrinha, jóia a Norte do Tejo e único sistema lagunar de mérito e importância, apenas posso sentir-me feliz e honrado por conhecer uma pessoa assim.
O mesmo pode ser dito de quem hoje explora a Cafeteria do PAB. Num curto espaço de tempo trouxeram a cultura à cidade de forma desinteressada porque têm um projecto: dar vida a e sentido a Esmoriz!
Trouxeram um centro novo de cultura, dinâmico, ofereceram e deram música (sim, não ganharam para pagar o que gastaram), trouxeram um polo Ciência Viva no Verão, organizaram actividades e continuam a pensar como podem melhorar, mesmo depois de terem tido de cancelar inúmeras actividades por falta de participação (com os gastos que isso acarreta).
Não deixou de ser curioso ver como as pessoas só iam ao PAB quando o tempo não praia não era de feição a ganhar um maior "bronze".
Sei que sou parte interessada dado que integro o MCpB mas NOTEM TAMBÉM que isso não me torna mais rico. O meu salário não é pago pelo MCpB e o tempo que dedico a esta associação é o meu tempo livre. Portanto acho que posso pronunciar-me sem temer nem dever.
Afinal onde estão os esmorizenses à hora de mostrar que querem uma Esmoriz moderna, mais bonita, mais amiga do ambiente, mais interessante, mais participada e mais sustentável?
São apenas desabafos de um Esmorizense, não de nascimento, mas de coração, que cada vez se sente mais triste porque muitos falam e muito poucos são aqueles que fazem.
Texto da autoria de Rubim Almeida
Membro da Direcção do MCpB
Foto da autoria de Rubim Almeida
O comentário do Cusco:
Decidi publicar este texto, pois de facto, esta é uma situação que já no passado também mereceu reparos da minha parte.
Sempre pensei que uma Barrinha despoluída era aquilo que todos os esmorizenses desejavam, mas por passividade ou até indiferença, fico com a sensação de que a maior parte da população desligou-se da lagoa. Não quer saber disto para nada!
Parece-me que os mais jovens não têm sequer noção da história e biodiversidade da Barrinha que é só o maior sistema lagunar a Norte do País.
Sinceramente, com esta atitude, não vamos mesmo lá.
Não está em causa tanto o dinheiro, mas sim a indisponibilidade das pessoas em se associarem ou integrarem o Movimento, de forma a participar nas acções de sensibilização e sugerir novos projectos ou ideias.
Não pensem que criar exposições, como aquela que esteve no Novo Parque do Buçaquinho, para agradar ao público saem barato! Há dinheiro e muito tempo investido.
Este raspanete é só para aqueles que não querem mesmo saber nada sobre este assunto. Aos que realmente se importam, peço que ignorem então este meu sermão pois não se destina a vós.
Eu luto, à minha maneira e como posso, pela Barrinha, e você aí em casa?