sábado, 13 de junho de 2015

Movimento Cívico Pró-Barrinha e Campo Aberto apresentaram dois ex-libris da região

O Movimento Cívico Pró-Barrinha e a entidade Campo Aberto (sediada no Porto) organizaram uma visita ao Castro de Ovil e à Barrinha de Esmoriz/Lagoa de Paramos. A digressão decorreu neste sábado e juntou cerca de 20 participantes que desejaram conhecer o potencial destes espaços. Apesar da chuva torrencial, nada impediu estes aventureiros de examinar com rigor estes dois ex-libris da região. 
De manhã, o grupo usufruiu da oportunidade de visitar o Castro de Ovil, sito na freguesia de Paramos. À sua espera esteve o guia e arqueólogo Jorge Salvador que procedeu à apresentação do sítio arqueológico. Pelo que foi possível apurar, o Castro de Ovil remonta ao século IV a. C. e terá sido povoado até ao primeiro quartel do século I d. C., podendo o seu desaparecimento estar relacionado com a ocupação romana que entretanto se vinha a consolidar. Em termos defensivos, o povoado estaria protegido à volta por fossos profundos, além da presença da ribeira de Rio Maior a sul que constituiria um obstáculo natural. No interior do castro propriamente dito, destacavam-se as estruturas circulares (revestidas de xisto e argamassa) que outrora serviram de habitações. Esta comunidade pré-romana deveria garantir a sua auto-sustentabilidade através da recolecção, caça, pesca (proximidade de cursos de água), agricultura (embora incipiente) e criação de gado. O seu culto religioso seria essencialmente politeísta, com a veneração de deuses ou elementos ligados à Natureza (por exemplo, poderia ser o caso do Sol). Sabemos ainda que recorriam à incineração dos seus mortos. Segundo uma estimativa avançada para o local, terão vivido, no auge da sua ocupação, cerca de 200 pessoas. Naquele espaço arqueológico, foram ainda recolhidos milhares de fragmentos de materiais antigos (cerâmicas indígenas, potes, panelas, talhas, vasos de suspensão, alguidares; cossoiros, pesos de tear, pesos de rede, pedaços de barro, escórias de fundição, mós de vaivém; objectos de adorno pessoal - contas de colar em pasta vítrea ou fíbulas em bronze; ponta de uma lança em ferro para fins bélicos). Curiosamente, e pese a sua inequívoca antiguidade, o Castro de Ovil só seria finalmente (re)descoberto e identificado pela arqueologia contemporânea em 1981. 
Foram ainda visitadas as imponentes ruínas da extinta Fábrica de Papel "Castelo" (fundada em 1836 e desactivada posteriormente em 1975), envolvidas por um espaço verdejante envolvente que tornou agradável e convidativa a digressão. No entanto, lamentamos o péssimo estado do leito da ribeira de Rio Maior que atravessa essa zona. De facto, as águas estavam escuras o que sugere um alto nível de contaminação, em termos de poluição industrial e doméstica.
O Castro de Ovil merece ser, sem dúvida, mais valorizado e divulgado, pois está repleto de história e cultura, e situa-se ainda num meio harmonioso em termos de natureza. Para já, é de saudar a plantação de 400 árvores junto à Fábrica e referida Ribeira.













































Da parte da tarde, o grupo voltou a reunir-se, desta feita, para visitar a Barrinha de Esmoriz ou Lagoa de Paramos. Aí seriam exemplarmente guiados pelo engenheiro Joaquim Sá (Câmara Municipal de Espinho) e biólogo Eduardo Ferreira (Universidade de Aveiro). No imediato, foi efectuado o devido enquadramento geográfico e ambiental do espaço. Os participantes rumaram depois pelos passadiços de madeira, onde desfrutaram da observação da vegetação diversificada. Durante o percurso, foram avistadas cegonhas, garças-reais, águias sapeiras, gaivotas, patos, melros, gralhas, entre outras aves que enriquecem diariamente a biodiversidade em torno da lagoa. Por outro lado, é necessário salientar que os danos do incêndio recente parecem ter sido já praticamente ocultados pela flora presente, o que minimizou assim o drama que testemunhamos há uns tempos atrás.
Quando chegamos às margens da lagoa, o cenário não era muito animador. A areia estava suja e o cheiro era nauseabundo. A razão é simples. Disseram-nos que, no dia anterior, a lagoa tinha sido aberta ao mar porque a mesma já se encontrava então demasiado cheia. Como consequência directa do desaguamento, restava hoje pouca quantidade de água no perímetro habitualmente ocupado pela Barrinha, e por isso, denotava-se alguma da poluição no areal que tinha deixado de ficar submerso. Nesse contexto, abordou-se novamente a temática das vindouras obras de requalificação da lagoa, as quais são necessárias, embora seja imperioso neutralizar todos os focos de poluição e de pugnar pelo assertivo desassoreamento da mesma.  
Os participantes, oriundos de diversas localidades do país, reconheceram o potencial turístico e testemunharam a biodiversidade que o sítio apresenta, e querem acreditar que haverá luz ao fundo do túnel, quando começarem as obras de reabilitação programadas ainda para este ano de 2015.
Arménio Moreira, Presidente do Movimento Cívico Pró-Barrinha, elogiou o evento de cariz interpretativo que foi efectuado em parceria com o Campo Aberto bem como a atenção evidenciada pelos 20 visitantes que procuraram sempre desenvolver o diálogo, através da formulação de interrogações pertinentes.





























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