domingo, 31 de janeiro de 2021

2020 – o ano mais atípico do último meio século em Esmoriz

 Já nos despedimos do ano de 2020, mas nunca é demais relembrar o ano atípico que se viveu no ano anterior. Janeiro e Fevereiro ainda foram meses “ditos normais” com a realização de eventos, nomeadamente o Cantar dos Reis e o Carnaval. Contudo, a partir de Março a pandemia da COVID-19 irrompeu em força neste país, originando mesmo a implementação de dois períodos de Cerca Sanitária no concelho de Ovar. A peripécia inesperada deveu-se ao crescente número de infectados, uma disseminação comunitária que colocava em causa a saúde pública e que levou mesmo à criação de um Gabinete de Crise, estrutura determinante que conjugou os esforços da Protecção Civil, especialistas e autarcas e que ajudou a salvar vidas humanas no terreno. No entanto, a factura económica a pagar foi cara para muitos estabelecimentos da restauração e do comércio. Muitas micro-empresas ficaram igualmente em sérias dificuldades, e nem os apoios governamentais foram suficientes para aliviar o seu estado crítico. Na verdade, o Estado de Emergência prolongou-se entre Março e Abril, sendo que Maio se tornaria numa espécie de “mês zero” para muitas casas. Outras conseguiram a retoma parcial a partir de Junho.

O Verão trouxe consigo, na verdade, uma esperança acrescida. O número de casos diários por infecção abrandou e os meses de Junho, Julho, Agosto e Setembro possibilitaram algumas receitas a variadas casas. A afluência turística às praias (embora com sinalização de bandeiras que remetiam para a observância das lotações) foi positiva. Na verdade, a tendência dos aglomerados sociais na época balnear não se repercutiu num cenário de descalabro. Muitos acreditavam, na altura, que o confinamento de Março e Abril não se voltaria a repetir e o optimismo começava a regressar timidamente, mas 2021 veio logo provar-nos que estávamos errados.

O Outono de 2020 deu-nos os primeiros sinais de que a pandemia não iria ser assim tão facilmente subvertida. Os números de infecções diárias voltaram a aumentar entre Outubro e Novembro, com algum abrandamento em Dezembro. Apesar dos especialistas terem alertado para uma potencial “terceira onda” em Janeiro, a verdade é que o mês festivo de Dezembro motivou a aglomeração de pessoas e as suas idas às compras. Também o Governo e as Autarquias com o intuito nobre de apoiarem o comércio local contribuíram nesse sentido, aliviando restricções e propondo novos apoios. A chegada das novas vacinas a Portugal renovou o sentido já existente de relaxamento e “normalização” da sociedade. Talvez, todos pensavam que 2021 iria ser um passeio e ninguém pensava que o país poderia voltar a parar.

Em Esmoriz, sabemos que há casas que fecharam em 2020. Como é lógico, não iremos revelar os seus nomes, contudo temos estado em contacto permanente com algumas pessoas da restauração e feirantes. A maior parte admite que as suas receitas decresceram face aos anos anteriores. Alguns assumem que têm dificuldades em honrar os seus compromissos com os seus funcionários e o pagamento de rendas por aluguer. 

Na cultura, os artistas da nossa terra também sofreram na pele o cancelamento ou adiamento dos espectáculos. Entidades como o Grupo de Teatro Renascer e os Arautos tiveram que adiar os seus festivais. Por seu turno, o Imaginar do Gigante ainda conseguiu realizar, com claro sucesso, o Festival Tan Tan Tann no final do Verão, tendo sido talvez o maior ponto alto do ano cultural de 2020 em Esmoriz.

No desporto, e no âmbito da temporada 2019/2020 o SC Esmoriz, no futebol, e o Esmoriz Ginásio Clube, no voleibol, tiveram as suas temporadas abruptamente interrompidas. 

Em termos da realidade verificada na cidade de Esmoriz, não se propiciou a conjuntura ideal para obras, pese as intervenções nalguns arruamentos. Na verdade, o foco passou por fomentar as acções de resposta à pandemia, tendo a Comissão Social de Freguesia de Esmoriz assumido um papel importante no auxílio às famílias mais carenciadas.

2020 foi um ano madrasto – roubou vidas humanas (portadoras de COVID e de outras doenças), sentenciou negócios à ruína, despediu vários cidadãos, empobreceu inúmeras famílias e colocou-nos completamente à prova. Nem a cidade de Esmoriz escapou a esta saga. Mas como já dizia Friedrich Nietzsche (1844-1900), filósofo alemão, “da escola de guerra da vida: o que não nos mata, torna-nos mais fortes”. E Esmoriz pode ter sofrido as suas próprias baixas na sua guerra contra o vírus, esse inimigo invisível, mas irá certamente sobreviver por muitos mais séculos. 




Foto da autoria de Carlos Alves





Frente de Praia em Esmoriz será requalificada

 Apesar de ainda se tratar de um programa preliminar, a autarquia liderada por Salvador Malheiro está a trabalhar num projecto que visa intervir na Frente de Praia em Esmoriz, proporcionando um perfil urbano mais funcional e acessível para os cidadãos.

O projecto prevê a intervenção em arruamentos, espaços de lazer e demais áreas, favorecendo uma maior acessibilidade por parte dos cidadãos e garantindo, através da requalificação da frente marítima, uma maior integração em conformidade com o areal.

Na Avenida Joaquim Oliveira e Silva, está prevista a beneficiação de passeios, separador central, lancis, baías de estacionamento e estruturas de drenagem das redes pluviais.

Na Avenida Infante D. Henrique, a requalificação deverá contemplar grande parte do arruamento e está a ser equacionada a possibilidade de se materializar uma rotunda na intersecção com a Avenida Joaquim Oliveira e Silva. A zona sul da via merecerá uma requalificação mais intensa, passando a ser de apenas de um sentido (sentido norte-sul) e com os passeios a serem alargados. Poderão ser criadas esplanadas a nascente.

Relativamente à frente de mar, espera-se reduzir o número de obstáculos e facilitar a circulação futura dos cidadãos, além de harmonizar do ponto de vista paisagístico a ligação com o areal.

Salvador Malheiro, Presidente da Câmara Municipal de Ovar, admitiu que esta solução já está a ser trabalhada, pelo que em breve, serão conhecidas mais novidades.






quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Umas eleições com resultados que nos preocupam (Opinião)

Os resultados das eleições presidenciais de 2021 já foram conhecidos, e como se esperava, Marcelo Rebelo de Sousa venceu à primeira volta. Não votei nele por uma questão de protesto face à realidade actual, mas considero que era o candidato com melhores argumentos para a função. Mas os 60,7% que obteve são um "exagero" porque não o posso considerar como um grande presidente, contudo a modesta concorrência permitiu-lhe uma vitória fácil. 

Marcelo é um presidente que, na minha opinião, se expõe demasiado, ao ponto de se tornar vulgar em certas ocasiões. É precisamente o contrário de Cavaco Silva que passava despercebido e que, muitas vezes, preferiu o silêncio em vez de criticar a política de austeridade que se abateu sobre o povo português. Claro que se pedia um presidente mais interventivo, contudo Marcelo fez que se passasse do 8 para o 80, e como diz o ditado, o que é demais também é demais. Não penso que tenha feito um primeiro mandato medíocre porque ajudou nos consensos políticos, contudo também não cumpriu algumas das metas que havia estabelecido (uma delas, o objectivo de dar uma segunda oportunidade aos sem-abrigo).

Marcelo teve certamente os votos de muitos sociais-democratas e socialistas porque soube conjugar a sua orientação política de origem com a interpretação da realidade governativa actual. Tem esse mérito, mas voltamos a mencionar que a sua vitória esmagadora se deve também muito a uma concorrência retalhada e com nomes pouco galvanizadores. 

Poderia ter surgido um bom candidato na esquerda, mas os socialistas (que não se reviam em Marcelo), os bloquistas e os comunistas não souberam trabalhar numa candidatura conjunta. Ana Gomes não é má de todo, mas a questão é que também faz muita demagogia e se envolve nalgumas lutas que não são as dela, embora tenha o direito à sua opinião. Ana Gomes também teve algumas escolhas discutíveis para a sua lista e os apoios que recolheu (embora tivesse do seu lado o ministro socialista Pedro Nuno Santos e o deputado do PAN - André Silva) não foram suficientes. Marisa Matias, candidata do BE, poderia ter desistido a favor de Ana Gomes, talvez teria sido o mais sensato porque a bloquista, de acordo com as sondagens prévias, não iria repetir o resultado de há anos atrás. Claro que ainda temos João Ferreira que, na nossa opinião, discursa bem e de uma forma fluída, mas que nunca iria conseguir alavancar um grande resultado porque a sua votação não iria muito além da esfera social de inclinação comunista.

À direita, André Ventura, líder do Chega, conseguiu um terceiro lugar, superando duas das três anteriores candidaturas de esquerda. A comunicação social considera que o responsável pelo novo partido de extrema-direita teve um mau resultado por não ter chegado ao segundo lugar (Ana Gomes teve 12,9% contra 11,9% de André Ventura), mas não é essa a leitura que deve ser feita. André Ventura testou a sua popularidade nestas eleições. Se o Chega repetir um resultado destes nas próximas legislativas (2023), conseguirá automaticamente eleger entre 15 a 20 deputados de uma assentada. Como é lógico, a concorrência em legislativas é bem mais forte do que em presidenciais, e será difícil a André Ventura repetir os 11,9%, contudo se a conjuntura económica se mantiver desfavorável (e o impacto da pandemia será duro nos próximos anos), poderá alcançar um resultado similar e tornar-se no partido de alternativa à direita tradicional. Como é lógico, é um risco para a nossa democracia - André Ventura não vê todos os portugueses de uma forma igual e utiliza um discurso, bem articulado, mas populista e, nalguns casos, retrógrado e utópico. André não tem a "varinha mágica" (ninguém se iluda!) que vai salvar o país, mas a verdade é que, o seu partido cresce e seduz inclusivamente novos eleitores (que já não votavam há muito tempo) e outros que antes costumavam votar no CDS-PP ou no PSD (isto é, pertenciam à ala direita deste partido). É altura para uma reflexão profunda!

Eduardo Mayan Gonçalves, candidato da Iniciativa Liberal, obteve 3,2 %. Foi um bom resultado que lhe permitiu apresentar algumas medidas que podem favorecer a iniciativa privada e a circulação saudável da economia com a "menor intervenção possível" do Estado, mas o problema é que estas ideias só serão profícuas em tempos de prosperidade, cenário que está longe de acontecer, neste momento, em Portugal. 

Tino de Rans, o mais humilde de todos, não foi além dos 2,9%, mas ajudou a animar um pouco estas presidenciais. Talvez, tenha sido o candidato mais genuíno, rebatendo qualquer artificialismo, mas lá está, ter "bom coração", só por si, não chega para ocupar o cargo mais alto da nação. São necessárias outras competências, nomeadamente "conhecimento de causa". 

Por fim, uma palavra sobre a abstenção. 60,5% dos portugueses não foi votar. Ou seja, 6 em cada 10 pessoas preferiram ficar em casa. Compreende-se que a pandemia tenha provocado o medo em muitos cidadãos que preferiram resguardar a sua própria saúde. Talvez tivesse sido melhor adiar as eleições presidenciais, mas os apelos sociais de nada valeram... No entanto, a abstenção não se poderá justificar apenas pela "conjuntura covidiana" - há pessoas que não foram votar porque já não confiam no sistema político em Portugal. Mais um assunto para reflexão!

Esperemos sim é que o próximo mandato de Marcelo Rebelo de Sousa (2021-2025) seja produtivo e benéfico para a evolução económica e social do país. A verdade é que terá, pela frente, desafios e obstáculos mais difíceis e que, na maior parte dos casos, resultarão do impacto deste vírus que teima em não desaparecer.





Imagem nº 1 - Marcelo Rebelo de Sousa vence Eleições Presidenciais de 2021 e avança para segundo mandato.
Retirada do "Jornal Alvorada"

domingo, 24 de janeiro de 2021

Hoje é dia de ir votar nas eleições presidenciais (Opinião)

Hoje é o dia em que os portugueses podem sair de casa para irem votar nas eleições presidenciais que, por teimosia da classe política, não foram adiadas. Os últimos números de infecções diárias (com a fasquia dos 14 mil a ser superada) são assustadoras e deveriam ser motivo mais que suficiente para adiar o sufrágio, mas ninguém quis alegar a situação de catástrofe natural ou algo equiparável e reagendar as eleições para Março ou Abril.

Mas agora não vale a pena reclamar. As coisas são como são! A abstenção dirá se estas eleições serão ou não legítimas, embora a Constituição não determine a anulação do plebiscito em face de qualquer percentagem de abstenção.

Os portugueses devem ir votar, é claro. Mas devem proteger-se e é simultaneamente necessário que, no dia de hoje, as autoridades e associações voluntárias monitorizem e façam cumprir o distanciamento de segurança social entre os eleitores. Causa-me arrepios ver as "filas indianas" de quem foi votar antecipadamente no fim de semana anterior porque isso sim é um risco para a saúde pública.

Em Esmoriz, isso não deverá suceder-se porque há 3 locais de voto que servem áreas diferentes da cidade - Palacete dos Castanheiros (edifício do Patronato) e as Escolas Básicas da Praia e de Gondesende. Ou seja, prevê-se uma participação célere dos votantes, embora existam restricções e procedimentos a cumprir. 

Se for votar, proteja-se e evite aproximar-se demasiado dos outros eleitores, evite conversas em aglomerados, apenas exerça o seu direito e regresse o mais depressa possível a casa.

Quanto aos candidatos que hoje se apresentam às urnas, irei tecer as minhas considerações depois dos resultados. Até lá, não me quero pronunciar para não influenciar o sentido de voto de ninguém.

Votem e protejam-se!




Imagem nº 1 - Fachada do Palacete dos Castanheiros, um dos locais de voto na cidade de Esmoriz.

domingo, 17 de janeiro de 2021

A guerra contra o vírus entra na fase mais cruel (Opinião)

Esta quinzena final de Janeiro não irá trazer boas notícias, e podemos aferir, desde logo, através das últimas actualizações diárias de infecções que muito dificilmente abrandarão até ao final do mês. O número de contágios continua a rondar os 10 mil casos diários, e os hospitais aguardam por mais internamentos nos próximos dias. A tendência do número de mortes, que agora ronda a fasquia dos 150 por dia, deverá sofrer um acréscimo. Por outras palavras, as melhorias, a acontecerem, só começarão a tornar-se visíveis em Fevereiro, isto num cenário mais optimista. 

Mas o confinamento que hoje assistimos é apenas cirúrgico e não está a ser observado da forma rigorosa como no ano passado tinha acontecido. E apesar de ser legítimo que cada um lute pelos seus negócios (direito à subsistência), a verdade é que este comportamento apenas retardará o objectivo de conter definitivamente o número de contágios. Por outro lado, não concordo que as escolas permaneçam abertas, e as eleições presidenciais deveriam ter sido adiadas por uma questão de bom senso. 

Por este caminho, só poderemos vir a sair disto em Março ou até mesmo em Abril, e lamentavelmente não será tanto pelo esforço social deste confinamento (na prática, parcial), mas sim pelo avanço gradual da vacinação e surgimento de temperaturas mais quentes que condicionem a propagação da pandemia. Esperamos estar equivocados e que a sociedade volte a dar o exemplo, e decerto que, se assim for, este pesadelo terminará mais depressa do que pensamos!

No concelho de Ovar, existem neste momento 629 casos activos. Em relação a Esmoriz, não foram fornecidos dados concretos relativos a este sábado passado, mas segundo os balanços anteriores, o número de infecções activas ronda os 100 nesta cidade. Estes números já igualam, senão superam mesmo, aqueles que tinham motivado, no ano anterior, a instalação de uma Cerca Sanitária no município vareiro. É evidente que essa hipótese não está agora em cima da mesa porque a realidade crítica é generalizada e transversal à maior parte dos concelhos deste país.

No concelho de Ovar, já pereceram 65 pessoas devido ao vírus, e no restante país, o número total de mortes já se aproxima a passos largos dos 9 mil. O Serviço Nacional de Saúde vai ter o teste mais difícil pela frente, e poderá mesmo colapsar, caso o confinamento geral não seja factor suficiente para travar o rumo dos acontecimentos.

Do ponto de vista económico, a COVID-19 provocou a extinção de, pelo menos, 110 mil postos de trabalho em 2020, segundo o balanço da CIP (Confederação Empresarial de Portugal) em Dezembro passado. Com o novo confinamento, António Saraiva teme que o número possa ascender, em breve, a uma fasquia entre os 200 e os 400 mil empregos perdidos durante a época da pandemia. São números que decerto se traduzirão na quebra de rendimentos das famílias e em maiores vulnerabilidades sociais. 

A restauração, a hotelaria e o comércio enfrentam uma crise provavelmente mais profunda do que aquela que haviam enfrentado nos tempos em que a gestão económica portuguesa era influenciada pelas directivas da Troika. Nunca estes sectores tinham sido forçados a fechar portas.

Não parece haver luz ao fundo do túnel, pelo menos, neste primeiro trimestre, mas a "psicologia do medo" parece que vai perdurar ainda ao longo de 2021 e irá certamente reflectir-se na quebra de receitas de muitas casas. 

Depois de um ano em que o país teve um comportamento exemplar no combate ao vírus, parece que agora estamos a perder batalha nas duas frentes (saúde e economia), e isso é motivo de grande preocupação.

Nunca é demais apelar aos cidadãos para que usem sempre máscara, adoptem o distanciamento social de segurança, desinfectem as mãos e se confinem nos seus domicílios, sempre que for possível. Porque na verdade, a mudança do cenário depende de todos nós!




Direitos da Foto: Rui Oliveira/Global Imagens/JN

segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

O Desnorte Natalício recoloca-nos no cenário impensável (Opinião)

Muito sinceramente, fui daqueles que pensava que, quando saímos em Maio de 2020 do confinamento geral, não voltaríamos a viver tal experiência. Julgava que a pior parte já tinha passado, que a vacina não iria demorar muito tempo a chegar e que os erros cometidos (que até não foram muitos na altura!) numa primeira abordagem não voltariam a ser repetidos ao longo do processo, tanto pela parte do Governo como pela própria Sociedade. O Verão quente trouxe esperança, o Outono sinuoso voltou a fazer soar o alarme, mas o Dezembro não foi temivelmente avassalador. O anúncio da primeira vacina a ser aplicada em Portugal teve honras de abertura de noticiários televisivos, e todos esperavam que 2021 iria ser o ano da mudança, embora os sacrifícios tivessem que perdurar por mais um semestre. 

O que ninguém esperava - é que esta "terceira onda" do Vírus estivesse a ser tão implacável ao ponto de se baterem recordes diários, tanto ao nível de infecções como de mortes. Aliás, a COVID-19 está revelar uma taxa de contágio e um número crescente de fatalidades nunca antes vistos. Como isto foi possível? Uns culpam o aleatório, a conjuntura internacional e a disseminação do vírus que se conjuga da pior forma com as temperaturas frias. Outros apontam a culpa ao Governo por ter levantado as restricções da época natalícia, permitindo que o pequeno comércio e a restauração pudessem facturar sem salvaguardar a possibilidade de surgirem novos focos de contágio. E ainda há quem aponte o dedo à irresponsabilidade da sociedade que subestimou o vírus, talvez motivada pela chegada da vacina (e do show-off que o momento merecera), pela tentação de se aglomerar nas celebrações natalícias (e idas às compras) e pela postura de uma aparente normalização e "aceitação" perante a pandemia.

Na verdade, foi um bocado de tudo isto. A conjuntura climática, a força do vírus (que já ganhou "estirpes" novas lá fora), a falta de planeamento e ingenuidade do Governo (no Natal) e o baixar da guarda da própria Sociedade. Factores que só poderiam convergir para o descalabro. 

O resultado vai ser novamente trágico, e não há-que escolher palavras mansas ou entrar pela via de eufemismos. A arenga que se popularizou do "vai ficar tudo bem" é hoje um mito que não pode ser levado a sério. Há muita gente que infelizmente ainda vai perecer do vírus (agora serão centenas, quando antes eram dezenas por dia) e muitos outros ficarão com sequelas graves, o Serviço Nacional de Saúde vai ter hospitais à beira da saturação, o comércio e a restauração locais sofrerão uma crise enorme (só se safarão praticamente as casas que antes facturavam bem), o número de despedimentos vai aumentar e claro, a psicologia do medo vai estar bastante presente ainda neste ano de 2021.

Desenganem-se os que julgam que o confinamento geral que se iniciará na próxima quinta-feira apenas irá perdurar por quinze dias. Inicialmente, e como dita a constituição, é esse o prazo que tem de ser dado para a renovação dos Estados de Emergência, mas atendendo que os números actuais da pandemia são muito mais nefastos que o do primeiro surto do ano passado, é 99% seguro que o período será renovado. Pelo menos, muitos estabelecimentos terão que ficar assim um mês parados. E repito, nada nos garante que, a 14 de Fevereiro, a situação esteja já controlada, embora possam ser levantadas algumas restricções se a evolução for minimamente favorável. 

O país enfrenta um momento bastante difícil. E uma recaída é sempre muito mais preocupante do que o primeiro tombo. Não duvido que se avizinham tempos bastante adversos porque, na verdade, quase que voltamos à estaca zero. E só não digo que voltamos definitivamente ao ponto de partida dado que a vacina já cá está fora, mas pressinto o drama e a impotência de muitas famílias nos próximos tempos. É necessário reforçar os apoios às IPSS's, ao Serviço Nacional de Saúde, às corporações de bombeiros, às autoridades policiais e militares porque eles serão fundamentais para devolver o país à normalidade. E depois, quando vencida a pandemia, é preciso que Governo e as Autarquias aprovem um mega-plano de apoio aos comerciantes e pequenos empresários, de forma a salvarem os seus empreendimentos. Até este momento, sei que algumas medidas úteis já foram tomadas, mas será necessário fazer muito mais!

Não sei o que hei-de dizer mais. Custa-me a aceitar este novo confinamento, mas sei que não tenho hipótese. (Quase) Todos iremos ser prejudicados mas é inevitável porque a outra perspectiva em cima da mesa (a de ignorar ou "deixar andar") ainda pode ser mais cruel. 

Psicologicamente, este novo isolamento vai requerer uma nova vaga de sacrifícios. Mas não vale a pena esta litania de lamentos. Não fomos sensatos ou conscientes, e agora estamos a pagar o preço com um amargo sentimento de frustração.

Só gostaria de, por fim, perceber como é que se mantém uma data de eleições presidenciais nesta conjuntura? Será que os cientistas estão prestes a descobrir que o vírus é alérgico às urnas de voto e aos comícios partidários? 

Como é lógico, justifica-se o adiamento do sufrágio para Fevereiro ou Março. Mas quando se fala dos políticos portugueses, já todos sabemos que não se pode esperar muito...




Foto de Nélson Garrido - Jornal "O Público"

quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

Surf continua activo mesmo no Inverno

 Apesar das temperaturas menos convidativas, o surf continua a ser um desporto praticado no mar de Esmoriz. Assim foi durante o mês de Novembro, e até mesmo nos dias iniciais de Dezembro.

É de enaltecer a coragem dos praticantes que não hesitam em enfrentar as águas frias desta época do ano, divertindo-se e aprimorando as suas qualidades neste desporto repleto de adrenalina. A imagem que apresentamos de seguida pertence à Barrinha Surf School que tem dado cartas nesse sentido, nos últimos tempos. 






Campeonato SABSEG está ao rubro

O ano civil de 2020 findou, tendo sido fortemente condicionado pela pandemia da COVID-19. Como já foi referido, as partidas do campeonato SABSEG (ou Divisão de Elite de Aveiro) tinham sido suspensas, contudo o seu reatamento poderá já ocorrer neste mês de Janeiro de 2021, desde que os balanços diários de infecções por COVID-19 diminuam nos próximos dias. 

Nesta época, o campeonato foi dividido em duas séries: Norte e Sul.

Na Zona Norte, não se têm afigurado grandes surpresas. O Alvarenga que se reforçou bem para esta temporada comanda com 22 pontos, estando em igualdade pontual com o União de Lamas que é já uma equipa de valor reconhecido na prova durante os últimos anos. Ambas as equipas estão bem encaminhadas para alcançar o playoff dos primeiros (ou de apuramento do campeão), onde estarão as quatro melhores equipas de cada série. No terceiro lugar, surge o Canedo FC com 16 pontos que talvez é uma das principais surpresas da prova, e que se apresenta como uma equipa bem organizada tacticamente e pragmática na forma como aborda as partidas. O quarto classificado é para já o Fiães SC que, depois de uma experiência malograda no Campeonato Nacional de Seniores, procura voltar a disputar uma vaga que lhe permita um eventual regresso. No entanto, a equipa tem pela frente a concorrência do Sporting Clube de Esmoriz. A turma orientada por Gabriel Silva tem vindo a melhorar a sua performance dentro de campo, estando em igualdade pontual com o Fiães (ambos com 12 pontos), mas com uma partida a menos que decorrerá diante do Paços de Brandão, uma oportunidade valiosa para que os esmorizenses possam ocupar uma vaga de apuramento.

Na Zona Sul, encontramos uma classificação mais surpreendente. 

O CD Estarreja que, no ano passado, estava na 15ª posição, quando as competições foram interrompidas, lidera agora a Zona Sul com 18 pontos. O Avanca (6º classificado na época anterior) segue naturalmente na segunda posição com 16 pontos. Outra surpresa é, sem dúvida, o terceiro classificado – o Oliveira do Bairro (no ano anterior, achava-se na penúltima posição do campeonato) que agora contabiliza 15 pontos. O quarto e derradeiro lugar de acesso ao playoff está a ser disputado neste momento por equipas como o FC Pampilhosa, o SC Bustelo, o SC Fermentelos e a Ovarense (a equipa vareira tem estado consideravelmente abaixo das expectativas iniciais, embora ainda tenha hipóteses de qualificação). 

Quanto às equipas mais desinspiradas, Carregosense, Paços de Brandão e S. Vicente Pereira estão a apresentar sérias dificuldades em pontuar na Zona Norte, enquanto que o Alba, o LAAC e o Vista Alegre passam um mau bocado na Zona Sul.

Em termos de melhores marcadores do Campeonato SABSEG, e já incluindo as duas séries, Mário Costa, artilheiro do GD Alvarenga, lidera isoladamente com 8 golos apontados. De seguida, temos Batistuta (Fiães SC), Edu Ferreira (SC Esmoriz), Nuno Soares (AC Cucujães) e Tiago Oliveira (AC Cucujães), todos com 4 golos somados.

O melhor ataque da prova é do GD Alvarenga com 19 golos em 8 jogos. As melhores defesas do Campeonato SABSEG são a do CD Estarreja e do União de Lamas que apenas sofreram 3 golos. 

Por sua vez, o Sporting Clube de Esmoriz terá ainda de batalhar bastante para alcançar o objectivo de se qualificar na terceira ou quarta posições da Zona Norte de modo a disputar o posterior playoff de apuramento de campeão. A qualidade técnica e colectiva do plantel para esse efeito é evidente, mas a concorrência (Canedo FC e Fiães SC) também não promete facilitar. 




Direitos da Foto - Página do AC Cucujães nas redes sociais

Cabazes alimentares ajudarão famílias carenciadas da cidade

Em dia de Reis, a Comissão Social de Freguesia de Esmoriz recebeu da Empresa Generali Seguros – marca Tranquilidade Seguros, 10 cabazes alimentares, com o objectivo de apoiar famílias carenciadas de Esmoriz.

Os cabazes serão depois redistribuídos por quem mais necessita.

A Comissão Social de Freguesia de Esmoriz agradeceu num curto comunicado o gesto da entidade doadora.

Recorde-se que, por outro lado, a Comissão Social de Freguesia de Esmoriz tem desempenhado um papel muito activo nos últimos meses através de iniciativas de altruísmo social como campanhas de angariação e redistribuição de bens alimentares e a realização da “Árvore de Natal Solidária” (entrega de prendas a crianças desfavorecidas).




quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Fernando Cardoso “Tenho orgulho no trabalho feito por esta enorme equipa”

Fernando Cardoso, Presidente da Direcção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Esmoriz, foi a derradeira personalidade a ser entrevistada na edição de Dezembro do Jornal A Voz de Esmoriz, após ter estado no Programa "Expresso da Barrinha" (Rádio Voz de Esmoriz) então conduzido pelo locutor José Carlos Macedo.

Fernando Cardoso relembrou o empenho incansável dos bombeiros voluntários de Esmoriz nos tempos do Gabinete de Crise, salientando que assim foi possível salvar vidas humanas no concelho.

Atendendo à actual conjuntura, pediu mais ajuda do Estado, sobretudo para a necessidade da aquisição de equipamentos. Espera igualmente que a Autoridade Nacional venha a ceder mais meios técnicos.

Recordou o papel incansável dos nadadores-salvadores dos Bombeiros Voluntários de Esmoriz na faixa costeira de todo o concelho de Ovar que evitaram qualquer afogamento fatal, no decurso da última época balnear.

Quanto aos projectos prioritários, ao nível da comunicação, procedeu-se ao lançamento de um novo site e de uma nova app para o telemóvel, falou da forte campanha de angariação de sócios e na aposta em parcerias com empresas de forma a proporcionar mais benefícios para quem é sócio ou quem ajuda os bombeiros.

Neste momento, a Associação Humanitária tem cerca de 3500 sócios, embora, no seu entender, a entidade deveria merecer um número maior de associados, e daí a necessidade de um serviço de maior proximidade para com as populações.

Fernando Cardoso tem também um projecto para requalificar o antigo quartel, hoje utilizado pelo Grupo de Teatro Renascer e pelo Grupo Coral de Esmoriz, de forma a proporcionar melhores condições.

Por outro lado, a valorização do potencial museológico da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários é outra meta em cima da mesa, segundo relatou Fernando Cardoso à nossa rádio. O objectivo passa por contar uma história a todos os que visitem o espólio histórico da corporação. Nesse sentido, pretende enaltecer os testemunhos de muitos membros que integram o Quadro de Honra da instituição e que serviram no passado, com bravura e coragem, a sociedade.

Fernando valorizou igualmente as valências da piscina (que está aberta ao público desde 31 de Agosto deste ano e que tem uma vasta oferta de modalidades: hidroginástica, hidro sénior, aqua bike, natação, hidroterapia, regime livre; tem sido requisitada por alunos de várias escolas) e dos serviços da clínica.

Frisou igualmente a visibilidade que a comunicação da Associação Humanitária tem vindo a conquistar no Facebook (já com 17 mil seguidores) e no Instagram, páginas que podem ajudar a captar mais jovens para o projecto da instituição.

Elogiou ainda a sua equipa da direcção que é coesa e que, a custo zero, tem dado o seu melhor. Diz que o projecto é motivador, desafiante e gratificante. Também demonstrou reconhecimento aos membros da corporação que, sem temer os riscos de contágio da pandemia, continuam a fazer autênticos “milagres” no terreno.

Apesar dos momentos difíceis, a Associação Humanitária tem honrado o pagamento de salários a funcionários e a fornecedores, e procura fazer com que a verba restante sirva para algumas melhorias do ponto de vista estrutural. Fernando Cardoso salienta, desde já, melhorias assinaláveis no funcionamento da piscina e do campo de treinos situado na Feira da Revenda.

Desejou por fim que o estado de saúde de Óscar Alves, 2º Comandante dos Bombeiros Voluntários de Esmoriz, evolua favoravelmente, depois de um acidente de viação sofrido por aquele elemento em Outubro do ano passado.




Direitos da Foto - Jornal A Voz de Esmoriz & Comissão de Melhoramentos de Esmoriz

sábado, 2 de janeiro de 2021

2021 tem tudo para ser melhor porque 2020 foi péssimo (Opinião)

O ano de 2020 já faz parte do passado. É um ano que vai ficar certamente na memória de todos nós pelas piores razões. Uma pandemia, denominada pelos cientistas de COVID-19, alastrou-se pelo mundo inteiro, causando a morte de mais de um milhão e meio de pessoas e forçando o confinamento de milhões de cidadãos. Vários negócios se encerraram, muita gente foi para o desemprego e outros testemunharam a quebra dos seus rendimentos. 

Em Esmoriz, também se verificou a mesma situação, embora numa escala certamente bem inferior. 

Falamos com alguns lojistas e responsáveis pela restauração local (cafés, bares...). Uns foram mais afectados que outros, mas todos concordam que tiveram uma quebra de rendimentos em comparação com 2019. Não foi portanto um ano fácil. E daí os apelos sociais recorrentes no sentido de viabilizar o consumo permanente no comércio local revelarem-se como absolutamente necessários, foco esse que não pode ser abandonado em 2021. É essencial que a Câmara Municipal de Ovar e a Junta de Freguesia de Esmoriz concentrem esforços nesse sentido. Sabemos que algumas medidas úteis já foram tomadas (nomeadamente a isenção da derrama, a diminuição do IMI e a isenção da taxa de esplanada), contudo é necessário estabelecer um mega-projecto que identifique e auxilie os comerciantes e empresários que se encontrem numa situação bastante precária. Defendemos que a autarquia deveria redistribuir o lucro ou o excedente do orçamento num grande projecto de revitalização do comércio e restauração locais. Pensamos que essa deveria ser a prioridade maior de 2021. Claro que também deverão ocorrer obras importantes na cidade de Esmoriz, as quais já deverão estar contempladas nas rubricas do orçamento, e o Esmoriztur, aproveito já para dizer, deve ser tratado com urgência até porque é um dossier que já se arrasta há demasiado tempo.

Não temos dúvidas de que 2021 será o ano da mudança, o momento da inversão do rumo do derradeiro ano. A vacinação chegará a todos os cantos do país, e a "psicologia do medo" que retraiu vários cidadãos vai começar a desaparecer. Claro que este processo ainda vai durar o seu tempo, sendo provável que teremos ainda um primeiro semestre condicionado, contudo pensamos que, se tudo correr como previsto, o Verão nos contemplará com várias melhorias substanciais e poderá catapultar a economia e o comércio locais para um nível mais próximo do que se registara nos anos de 2018 e 2019. 

Em 2021, teremos também as eleições autárquicas. Será certamente um dos pontos altos na cidade de Esmoriz e no concelho de Ovar. Voltaremos a ter um debate democrático em que serão afloradas novas ideias e projectos, e o nosso blogue pretenderá entrevistar os candidatos à Junta de Freguesia de Esmoriz. Será também a altura ideal para que as comunidades se façam ouvir e, por conseguinte, exigirem as reivindicações que considerarem justas. No caso de Esmoriz, queremos mais obra física - o Esmoriztur tem de ser reabilitado pela autarquia, a Escola Secundária tem de ser intervencionada pelo Governo, o Palacete dos Castanheiros tem de ser igualmente requalificado e as fontes de poluição da Barrinha de Esmoriz têm de ser neutralizadas! Além disso, o tema da erosão costeira deve merecer um debate de alto nível porque não podemos continuar a adiar uma questão que irá causar um terrífico impacto daqui a algumas décadas se nada for feito. A distribuição dos fundos comunitários (que estão aí a chegar!) não pode passar ao lado deste assunto porque é a integridade do território nacional que está em causa. 

Em 2021, esperamos que os esmorizenses vivam um ano mais próspero, feliz e harmonioso e que, logo que possível, possamos ter os convívios sociais que tanta falta nos fazem! Mas até lá cumpram as normas emanadas pelas entidades de saúde! Já não falta muito para derrotarmos este vírus!




Imagem da autoria de Carlos Luís da Cruz