domingo, 27 de abril de 2014

25 de Abril - Valeu mesmo a pena?

25 de Abril – Valeu mesmo a pena?
O Olhar do Cusco, publicado in Jornal A Voz de Esmoriz


Até hoje, já ouvi as mais diversas teorias e opiniões sobre esta temática. Uns dizem que sim, outros, mais desconsolados, referem que foi tudo em vão.
Não vamos negar uma evidência – desde 1974 até 2014, perdemos muitos dos nossos direitos e regalias, o povo sente-se cada vez mais lesado, e esta crise não veio reforçar obviamente o moral dos portugueses que, diga-se de passagem, está em baixo, muito em baixo. Apesar dos primeiros sinais tímidos de melhoria no sector da Economia, o desemprego tremendo (com incidência forte nos mais jovens e nas camadas mais envelhecidas) atingiu recordes estatísticos que não podem ser ignorados.
O povo queixa-se ainda da corrupção, do chico-espertismo, tráfico de influências e gestões danosas que, em muito, terão lesado o País nos últimos 30-40 anos. A falta de segurança também é outra realidade que motiva muitas denúncias por parte dos cidadãos.
Mas poderemos nós dizer que o 25 de Abril fracassou inteiramente? A resposta é seguramente não. Pela liberdade de expressão, valeu certamente a pena. Podemos opinar sobre o que quisermos – política nacional e internacional, sociedade, economia, religião, desporto, história; sem temer represálias de polícias, espiões ou demais bufos. Acabaram-se com práticas de censura, discriminação e intimidação do anterior regime, ao qual reconheço praticamente apenas o mérito de ter equilibrado minimamente as contas do país e de ter mantido uma posição neutra na Segunda Grande Guerra Mundial.
É claro que muitos gostariam de voltar ao passado, mas era horrível acordar com o coração nas mãos, sabendo que os nossos filhos ou netos estavam em frentes de combate terríveis nas até então colónias portuguesas que lutavam pela sua independência. Já para não falar dos traumas que ainda hoje são vivenciados por muitos dos nossos corajosos ex-combatentes que marcharam pela nossa pátria por uma causa inglória.
Portugal precisava de liberdade, paz, democracia (embora que esta ainda esteja numa fase imatura e demagoga, penalizando em parte os interesses dos portugueses) e acima de tudo, harmonia. Era altura de experimentar uma nova realidade. Pena é que muita gente se tenha aproveitado para manchar os ideais puríssimos da revolução de Abril, até então cantada pelo trovador da liberdade – o inigualável e sincero Zeca Afonso, cuja alma espero que repouse em paz. Este sim é um herói nacional que deve ser idolatrado porque acreditava mesmo naquilo que defendia. Acrescentaria evidentemente Salgueiro Maia como outra personalidade que arriscou a sua vida pela liberdade.
Curiosamente, no dia 25 de Abril de 2014, fará seguramente 1 ano em que o Novo Parque do Buçaquinho, até então promovido por Manuel de Oliveira e seu executivo, foi inaugurado para encanto das comunidades de Esmoriz e Cortegaça. Ou seja, será um dia especial para recordarem nesse dia, um marco que também seguramente fará parte da história destas duas localidades.



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