Quando apanharem os assassinos que entraram na redacção do Charlie Hebdo para assassinar aqueles que tinham feito desenhos satíricos sobre Maomé, consola-me saber que não passarão mais de 25 anos na cadeia.
Os fanáticos desprezarão o sistema francês que não só não mata os assassinos como lhes restitui a liberdade após vinte e poucos anos. Todos estarão cá fora antes de fazerem 60 anos, não obstante terem tirado as vidas a (pelo menos) doze pessoas.
Tal como fizeram os noruegueses com o assassino de massas que foi condenado a 21 anos de prisão preventiva os franceses serão igualmente indiferentes à lei de talião.
O "olho por olho, dente por dente" é um castigo estúpido. Não matar assassinos é um castigo inteligente. Os psicopatas assassinos que invocam o Islão para passarem por pessoas religiosas podem achar que a nossa misericórdia é um sinal de fraqueza.
Não é. É uma prova de força. Tal como já não se sacrificam animais, não se matam pessoas. Pelo menos na Europa que, por muitos problemas que tenha, está sempre à frente dos países mais antigos (como a China) ou mais novos (como os E.U.A) que continuam a tolerar as penas de morte.
Com o desprezo dos assassinos e dos intolerantes podemos nós bem. As pessoas que acham que está certo matar pessoas que matam já são desprezíveis. Mas não é preciso matá-las por causa disso.
A vingança certa é ser condescendente com os assassinos. É tirar-lhes a razão. É não termos pena deles. Nunca.
Miguel Esteves Cardoso
(In Jornal O Público online)
Imagem nº 1 - Cartoon de homenagem às vítimas.
Retirada de: http://www.bbc.com/news/in-pictures-30712925
Muito sinceramente, é isto que eu penso exactamente, e por decidi citar este sábio artigo da autoria de Miguel Esteves Cardoso.
Nós europeus, pese os nossos defeitos (que também os possuímos!), somos diferentes, e adoptamos o pensamento mais respeitador das liberdades humanas. É isso que faz com que a nossa civilização seja cobiçada por muitos! Podemos viver num velho continente, mas igualmente experiente e com uma história singular e que assim aprendeu com os erros do passado, abolindo a pena de morte e pugnando pela defesa dos direitos humanos.
Por várias vezes, me queixei da falta de solidariedade entre os países da União Europeia em momentos de crise económica, mas nestas alturas, apetece-me gritar bem alto - tenho orgulho em ser europeu! Aqui não condenamos ninguém por ter preferências religiosas, sexuais ou partidárias distintas. Afinal, todos cabem neste mosaico tolerante de culturas.
VIVA A EUROPA!
Nenhum comentário:
Postar um comentário