domingo, 30 de agosto de 2020

Recordando o Ti’Telmo


Recordando o Ti’Telmo 


O Ti'Telmo, mais conhecido por Telmo Pinho Grosso, foi um dos verdadeiros lobos do mar, o barqueiro exímio da Arte Xávega de Esmoriz. Infelizmente, já cá não está entre nós, mas o seu legado permanece nas memórias descritivas de todos nós.

Graças a ele e a vários pescadores da nossa terra, seriam servidas nas mesas de várias casas e restaurantes as melhores sardinhas, carapaus, robalos, solhas, peixes-aranhas, cavalas, etc.

Sabemos ainda que escreveu alguns versos que integraram os seus poemas e fados. 

Deixamos um deles que reflecte as aflições vividas em alto mar, quando se procurava garantir o sustento da comunidade diante de ondas e correntes terríveis, e em alturas, em que só a intercessão divina era a derradeira esperança para abençoar a coragem destes homens que ajudaram a erguer uma terra durante décadas, honrando uma tradição de séculos! 



O MAR

(Poema da autoria de Ti'Telmo)


Pescador, velho lobo do mar

Que pedes para te levar

Com saudades de te ver

Porque não te posso esquecer

No tempo que eu andava

Em cima de ti navegando

Trabalhando e chorando

E te pedia por amor

Ó mar não sejas traidor!



O céu azul revoltado

Enraivecido pelo vendaval

O tempo não pode acalmar.

O que fazes lobo do mar?

Ó Deus peço-vos rezando

Que o tempo vá acalmando

E que o céu fique claro

Para eu poder navegar 

Que eu não posso mais chorar

Ó mar não sejas traidor!



Já não vejo espuma branca

Das tuas enormes vagas

Já tenho as velas rotas

Já não tenho forças nos braços

E não vejo o tempo de abrandar

Ó Deus, como hei-de passar?

Os mastros já caíram ao mar

Está-se tudo a despedaçar

E eu ficarei sem vida

Ó mar não sejas traidor!



Agora navegamos devagar

Sem nada poder arranjar

Com tudo desmantelado

E tudo esfarrapado

E o barco moribundo

São medalhas deste mundo

Que nós podemos ganhar

Enquanto não há calmaria

É trabalhar de noite e de dia

Ó mar não sejas traidor!






Imagem retirada algures do Google

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