No dia 21 de Setembro (isto é, ontem!), o Cusco de Esmoriz efectuou uma valente caminhada que se tornou benéfica a todos os níveis. Durante este importante percurso, foram testemunhadas variadas situações, umas mais agradáveis, outras nem por isso!
Dentro deste contexto, este ser lendário saiu dos seus aposentos por volta das 15 horas, avançando em direcção à Praia de Esmoriz, escolhida pelos nossos leitores como a principal maravilha da Cidade. É óbvio que também não iria perder a oportunidade de observar a nossa amável Barrinha!
Quando cheguei junto ao BarraMar's, deparei-me com esta estrutura, no mínimo original, que alerta os banhistas para a importância das dunas que devem ser protegidas e conservadas.
Imagem nº 1 - Esta placa é, em simultâneo, cativante e elucidativa!
Fotografia da autoria do Cusco de Esmoriz tirada em 21/09/2012
Continuei o meu percurso pelos passadiços, contudo quase que ia dando um valente trambolhão! É necessário que alguém os reabilite urgentemente sob pena de ocorrerem algumas quedas aparatosas, susceptíveis de arrancar alguns risos maldosos nas restantes testemunhas curiosas!
Imagem nº 2 - Maldito buraco que quase me enviavas para os cuidados médicos!
Fotografia da autoria do Cusco de Esmoriz tirada em 21/09/2012
Imagem nº 3 - Outra parte manhosa do passadiço!
Fotografia da autoria do Cusco de Esmoriz tirada em 21/09/2012
Imagem nº 4 - Os buracos só desaparecem quando a areia (das dunas) se apodera dos passadiços! Alguma entidade tem que assegurar a sua remoção imediata.
Fotografia da autoria do Cusco de Esmoriz tirada em 21/09/2012
Entretanto, as gaivotas assumiram o controlo da praia com o ser humano a preparar-se para o inevitável Outono. As imagens falam por si!
Imagem nº 5 - As gaivotas agora são as novas donas da praia de Esmoriz.
Fotografia da autoria do Cusco de Esmoriz tirada em 21/09/2012
Imagem nº 6 - Elas sobrevoam o "Capitão Gancho", demonstrando a sua vertente expansionista.
Fotografia da autoria do Cusco de Esmoriz tirada em 21/09/2012
Imagem n º 7 - Lá estão elas, vaidosas, a fazer a sua pose para as minhas fotografias!
Fotografia da autoria do Cusco de Esmoriz tirada em 21/09/2012
Imagem nº 8 - As gaivotas brilham na nossa praia, junto às instalações do Bar "Terra do Nunca".
Fotografia da autoria do Cusco de Esmoriz tirada em 21/09/2012
Após a epopeia das gaivotas, chegou altura de continuar o meu caminho pelo longo passadiço que, embora debilitado, me ajudava a concretizar o referido percurso.
Finalmente, aproximava-me cada vez mais da fantástica e sempre admirável Barrinha de Esmoriz! Inicialmente, fui interpelado por um batalhão de gaivotas que me exigiu a documentação bem como os requisitos necessários para poder visitar a Barrinha que, não é, nada mais nem menos, do que uma das suas principais colónias na região. Como as minhas intenções eram as melhores, as gaivotas lá me deixaram passar, sem me bombardearem furiosamente!
Imagem nº 9 - Muitas gaivotas saíam da Barrinha em direcção ao mar. Também nesta imagem se verifica a existência duma avioneta.
Fotografia da autoria do Cusco de Esmoriz tirada em 21/09/2012
Imagem nº 10 - A Barrinha está cada vez mais próxima. Uma avioneta sobrevoa o espaço.
Fotografia da autoria do Cusco de Esmoriz tirada em 21/09/2012
Ainda antes de chegar à Barrinha de Esmoriz, encontrei a mini-lagoa poluída que se localiza à sua frente. O cenário era desolador. Nas suas bordas, vislumbrei bidões entornados, gaivotas mortas (provavelmente devido à poluição), lixeira diversa... Mesmo assim, falta lá um letreiro ou um sinal a interditar o espaço para banhos, algo que ainda não foi feito! Muitas pessoas se aventuraram, durante este Verão, nessa Mini-Barrinha sem terem a mínima noção dos riscos que enfrentavam! Podiam apanhar problemas de pele, intoxicações... Enfim!
Imagem nº 11 - A água da Mini-Barrinha está totalmente amarelada!
Fotografia da autoria do Cusco de Esmoriz tirada em 21/09/2012
Imagem nº 12 - Alguém se esqueceu do chinelo e do iogurte. Veja-se ainda os restos mortais duma ave!
Fotografia da autoria do Cusco de Esmoriz tirada em 21/09/2012
Imagem nº 13 - O famoso bidão e a sua espuma nociva na Mini-Barrinha! A isto chama-se irresponsabilidade humana que, segundo a lei, também pode constituir crime!
Fotografia da autoria do Cusco de Esmoriz tirada em 21/09/2012
Após todas estas incidências e já com um cheiro nauseabundo (derivado do meu suor), atingi a Barrinha! Quão bela ela é! Se o ser humano tivesse noção da sua grandeza, não teria deixado que a poluição a fizesse sofrer, de forma constante e interminável! Perante esta divindade natural, só me posso ajoelhar e contemplar a sua magnificência!
Imagem nº 14 - Barrinha, como tu és grande!
Fotografia da autoria do Cusco de Esmoriz tirada em 21/09/2012
Imagem nº 15- Outra perspectiva sobre esta adorável lagoa que chegou a encantar Júlio Dinis, um dos maiores escritores portugueses do século XIX.
Fotografia da autoria do Cusco de Esmoriz tirada em 21/09/2012
Antes de a deixar só, declarei-lhe, em voz alta, o poema que elaborei recentemente:
Após esta experiência indescritível, o Cusco de Esmoriz, esse ser mítico, regressou definitivamente ao seu doce lar, de forma a recuperar as suas energias e redigir o texto que estais a ler, neste momento!
Barrinha do Meu Coração! (Poema do Cusco de Esmoriz)
No passado, era uma lagoa magnificente,
Atraía Pescadores e Agricultores
Que necessitavam dos seus favores
Para viverem decentemente
Assinalada nas Inquirições do rei D. Dinis,
Detinha um porto medieval
Que forneceria apoio à causa naval,
Engrandecendo Esmoriz[1].
Possuidora de águas calminhas,
Cativava inúmeros visitantes
Nos dias mais escaldantes,
Encantando as demais criancinhas.
As aves coloriam o seu céu
Os peixes mostravam a sua irrequietude
Enquanto que a diversa flora era uma espécie de véu
Deste belo espaço da juventude.
Contudo, o Homem não a preservaria,
Com a sua típica ingratidão
Trouxe consigo a indesejável poluição
Bem como actos de patifaria.
A Barrinha foi abandonada,
E, pior do que tudo, discriminada
Pelo ser humano desrespeitador
Que afinal não passa dum traidor.
As aves mantêm a sua lealdade,
Os peixes, apesar de tudo, procuram aí sobreviver,
Mas os homens ignoram qualquer laço de fidelidade,
E não têm noção daquilo que estão a perder.
[1] Durante
a Idade Média, o número de portos existentes no reino de Portugal era muito
reduzido.
As horas passavam, o cansaço apoderava-se do Cusco de Esmoriz. Também o meu estômago me aconselhava a repor as calorias! Estava a chegar ao fim esta primeira saga das Cusquices de Esmoriz!
No retorno, ainda observei alguns estrangeiros a jogar animadamente voleibol (sim, as potencialidades turísticas de Esmoriz ultrapassam fronteiras!). Quando me preparava para abandonar a praia, eis que ouço um homem de 50 anos aos gritos - "Vejam!!! Vejam!!!". Ele apontava efusivamente para o mar e, de facto, constatei uma tremenda surpresa! Estavam patos negros a boiar no nosso mar!!!
De facto, corri depressa, de forma a conseguir uma fotografia de qualidade que atestasse tal testemunho. Nesse momento, não escondia a minha ansiedade total! Tinha que conseguir aquela imagem, nem que fosse para um dia mais tarde mostrar aos meus futuros netos! Todavia, não tive lá muita sorte! Estava a passar um barco a motor que acabou por dispersar os inúmeros patos! Ainda tirei algumas fotos, mas sem sucesso! Tive azar!
Imagem nº 16 - Um pato negro pode ainda ser observado na zona central da fotografia, embora a distância tenha dificultado a sua detecção!
Fotografia da autoria do Cusco de Esmoriz tirada em 21/09/2012
Imagem nº 17 - Aproveitei também para tirar imagens da costa esmorizense a partir do nosso paredão!
Fotografia da autoria do Cusco de Esmoriz tirada em 21/09/2012
Imagem nº 18 - A Praia do Cantinho/ Praia Velha ainda tinha gente a usufruir de belos banhos!
Fotografia da autoria do Cusco de Esmoriz tirada em 21/09/2012
Após esta experiência indescritível, o Cusco de Esmoriz, esse ser mítico, regressou definitivamente ao seu doce lar, de forma a recuperar as suas energias e redigir o texto que estais a ler, neste momento!
Em suma, todos os meus incansáveis esforços não foram em vão e foi uma honra partilhar convosco estas emoções que fazem parte da nossa bela Cidade!
Li e deixe-me que lhe diga - Gostei imenso do seu texto. O senhor é um génio. Esmoriz precisa de gente que a promova desta forma!
ResponderExcluirAgradeço imenso os seus elogios, caro Rui! Continuarei a dar o meu melhor, enquanto cronista (e não jornalista!) e promotor da nossa terra. Volte sempre! Abraço!
ExcluirOlá
ResponderExcluirBelo texto complementado por belíssimas imagens.
Já agora, a estrutura da primeira foto tem escondida pela areia, umas tábuas que mais não eram do que um banco que tanto servia para contemplar a praia como para auxilio dos veraneantes.
Por esta imagem se pode ver o belíssimo trabalho que as defesas em madeira têm feito, coletando toda esta areia.
Cumprs
Augusto
Olá, caro Augusto. Subscrevo por inteiro a sua opinião! É importante dar valor aos trabalhos feito em madeira junto à Praia, tornando-a mais bela e promovendo a sua defesa. Cumprimentos.
ExcluirEu fiquei fascinado com o seu trabalho, agora sim vejo que Esmoriz tem grandeza, realmente as pessoas responsaveis por Esmoriz se tivessem apenas um pouco do seu génio e vissem as coisas da maneira que você vê, com amor e carinho pela terra, isto certamente que não estariam assim, o meu obrigado pelas suas publicações e continue a divulgar porque você tem grande futuro, e quem não diz um dia você estar a presidente da junta e ir ainda a tempo de recuperamos a BARRINHA.
ResponderExcluirNOTA-A foto da água da Barrinha estar amarela, pergunto eu aonde estão os fiscais da CÂMARA DE OVAR???os responsáveis das fabricas que poluem a barrinha, não há multas pesadas?pois comem todos do mesmo tacho...
Finalmente alguém que valoriza a nossa cidade, salientando aquilo que ela tem de melhor e que devia ser recuperado e preservado.
ResponderExcluirÈ uma cidade pequena mas cheia de potencial a nível paisagístico, com belas praias e simultaneamente áreas verdes para disfrutar, isto claro sem falar da zona da Barrinha que é extraordinariamente bela e é uma pena que não esteja ao alcance da generalidade das pessoas, que habitantes quer visitantes.
Muito obrigado pelos seus elogios, cara Gina! Volte sempre!
ExcluirOlá
ResponderExcluirDe facto já foi fácil, muito mais fácil, caminhar na área envolvente da Barrinha. E olhem que a sensação de paz que se respirava era indescritível. Essa sensação acompanhada da visualização de peixes e rãs nos charcos e um pato aqui e ali que levantava do ninho....ficaram-me na memória.
Optou-se por vedar a circulação em vez de ensinar a respeitar a Natureza....o resultado está à vista......os caminhos tornaram-se intransponíveis.
P.S. Registo o cada vez maior número de comentários no Blog.
Cumprs
Augusto
Olá
ExcluirAs pessoas costumam dizer que a Barrinha cheira mal e isso não é completamente verdade. Está poluída, mas como as águas estão paradas, o cheiro quase nem se sente, sobretudo para as pessoas que estão cá fora a observá-la...
Quanto à questão dos caminhos, tens toda a razão. A vegetação cobriu-os quase todos e agora é quase difícil atingir a lagoa, algo que a maioria costuma fazer apenas pela praia. Esta situação só acontece graças à indiferença política e quiçá cultural que paira sobre a Barrinha. Por isso, a nossa lagoa está praticamente ao abandono!
Muito obrigado pela sua generosidade e volte sempre, caro Augusto!
Cumprimentos
Olá
ExcluirRelativamente ao cheiro das águas da Barrinha, sempre que esta está fechada ao mar e o vento vem de Norte, no final da tarde o cheiro que paira a Sul da Barrinha é insuportável....pode acreditar!
Cumprs
Augusto
Acredito, mas vou lá muitas vezes, durante a manhã, e nunca detectei um cheiro nauseabundo! Mas isso deve estar relacionado com o vento e a agitação das águas. Mas não sei...
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