quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Ucrânia reduzida a uma espécie de matraquilhos

Autocarro atingido por bombardeamento em Donetsk, Ucrânia. Pelo menos 13 mortos
Um conflito que não parece ter fim à vista e que promete aumentar a "fileira de mortos".
Ninguém pode negar que a Rússia apoia os separatistas do Leste da Ucrânia (sediados em Donetsk), se é que não tem mesmo efectivos militares no terreno. Do outro lado, a NATO está do lado de Kiev e apresenta uma postura mais defensiva, sem querer envolver-se directamente na guerra, procurando apenas fomentar sanções económicas à Rússia (causando mesmo a desvalorização drástica do rublo) e dirigir discursos nada amigáveis contra Moscovo.
O que sabemos é que um avião foi abatido durante a guerra, gerando centenas de mortos, e nas últimas horas, um autocarro civil também acabou por ser destruído, causando mais de uma dezena de mortes. Como já é natural, ambas as facções acusam-se mutuamente, instrumentalizando os órgãos de comunicação social mundiais que lhes são mais afectos. 
O Kremlin do sr. Vladimir Putin (o tal que trocou de cargo com Dmitri Medvedev para se manter no poder) alimenta todo este separatismo, e já se apoderou inclusive da Crimeia, e parece que não quer ficar por aqui. As provocações aéreas que até chegaram a visar o território português demonstram bem que a Rússia quer mostrar o seu poderio bélico ao mundo. Não nos iludimos, o arsenal russo foi reforçado desde que aquele senhor chegou ao poder, invertendo o anterior declínio militar. Se estamos a recomeçar uma nova "Guerra Fria" é porque a Rússia voltou a dar-se ao respeito a nível mundial. Uns anos antes, tinha sido a Geórgia a ser invadida pelo exército russo, um episódio que causou um número considerável de mortes, mas que acabou ao fim de pouco tempo por traduzir-se num acordo diplomático.
Entretanto, a NATO garantiu um maior patrulhamento nos Estados Bálticos e noutros espaços do leste europeu, mas relativamente à Ucrânia (estado não-membro daquela organização ocidental), julga que as sanções económicas farão o Kremlin pagar uma factura bastante cara. Mas não chega, é preciso fazer ver ao povo russo que o ciclo de Putin já terminou, e que é necessário um novo rumo da política até porque a pobreza naquele extenso país é enorme, e isso é que deveria ser a prioridade dos futuros governantes, e não as questões belicistas que farão com que a Rússia ganhe mais inimigos no exterior. O isolamento não trará boas notícias para a economia russa, aliás só extremará a miséria que será paga pelos mais pobres e pela classe média.
De acordo com a OCDE, a guerra da Ucrânia já causou mais de 5 mil mortos e 10 mil feridos, além de um milhão de civis que tiveram de abandonar as suas casas por causa do conflito. Em termos económicos, cidade, vilas e aldeias encontram-se arrasadas. A economia ucraniana está nas ruas da amargura, pelo que a sua recuperação, no futuro, será penosa.
Nesta história, não há santos, mas os protagonistas são invariavelmente quase sempre os mesmos. Já as vítimas inocentes, os civis indefesos, esses são os matraquilhos de máquinas de interesses maiores e intocáveis. 
Que a paz volte um dia à Ucrânia, é o que desejamos!


Fotografia: Um soldado ucraniano em acção de combate. Direitos da Foto: Reuters (Diário de Notícias).

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