segunda-feira, 9 de março de 2015

Precipitação Presidencial...

Cavaco Silva tem sido um presidente pouco interventivo. Muito sinceramente, já o disse aqui e volto a repeti-lo, esperava que o responsável máximo da nação falasse mais aos portugueses e não tivesse qualquer tipo de receio em enviar recados à classe política. O problema é que, apesar da crise que assolou o país nos últimos 5 anos, o Presidente da República Portuguesa optou preferencialmente pelo silêncio. E lamentei bastante que isso tivesse acontecido.
Eu já nem vou abordar aquela declaração surreal do presidente sobre a sua reforma, o que aconteceu aqui há uns anos atrás e que já caiu praticamente no esquecimento dos portugueses. Contudo, o Presidente da República voltou a usufruir da palavra recentemente, desta vez, para resumir a história da dívida de Passos Coelho à Segurança Social, categorizando a situação como fruto da campanha pré-eleitoral e das lutas político-partidárias. 
Se é verdade que este acontecimento está a ser utilizado como arma de arremesso pelos partidos adversários contra Pedro Passos Coelho, isso não é motivo suficiente para ocultar os outros prismas de observação que fazem igualmente todo o sentido. O primeiro-ministro não pagou as contribuições que devia à Segurança Social entre 1999 e 2004 (cinco anos!), é certo que as regularizou posteriormente (o que atenua a sua culpabilidade), contudo o que aqui está em causa é a diferença de tratamento. Fosse um cidadão comum (e isso é extremamente fácil de comprovar através de milhares de testemunhos que passaram por casos iguais ou semelhantes) era logo intimado, sob pena de penhora e juros, a pagar a dívida à Segurança Social e não haveria lugar a prescrições nem a perdões de dívida como aconteceu com o primeiro-ministro português. Sim, é isto que me choca. Eu bato-me por um país mais justo e igualitário. E por isso, desvalorizar este caso é um erro, pois estes casos têm de ser divulgados de forma a que se proceda à correcção posterior. Não pode haver portugueses de primeira e portugueses de segunda. O sistema tem de ser credibilizado!
É claro que também considero um exagero pedir-se a demissão de Pedro Passos Coelho. A infracção é grave, sem dúvida, mas nunca ao ponto de justificar a queda dum governo constitucional e até porque as eleições estão mesmo aí à porta. Contudo, abafar esta história e tentar classificá-la como mera campanha eleitoral é um erro crasso de quem deve, em primeiro lugar, defender os interesses de todos (repito todos) os portugueses. 
Para muitos, Cavaco Silva terá evitado uma crise política ao segurar este governo até ao fim, mas por outro, terá desempenhado um papel secundário, tornando-se numa sombra, e não na luz que o país precisava, durante o intenso nevoeiro que se abateu sobre o país nos últimos anos.
O próximo Presidente da República tem de ser mais activo e revelar a coragem necessária para afrontar ou advertir aqueles que, por vezes, saem da linha, sejam eles de que partido forem...




Imagem nº 1 - Cavaco Silva, Presidente da República Portuguesa, deveria ter sido mais interventivo.

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