quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Resultados das Autárquicas de 2021 em Ovar - um remake de 2017? (Opinião)

As eleições autárquicas no concelho de Ovar ditaram uma vitória claríssima do PSD. Podemos escrever muitas coisas, mas a verdade é que o plebiscito culminou com uma vantagem inequívoca dos sociais-democratas, semelhante à de 2017. Como é evidente, as previsões iniciais apontavam para uma perda de votos dos sociais-democratas, e isso efectivamente aconteceu neste sufrágio, mas a diferença foi praticamente reduzida, ao ponto de suscitar poucas modificações. 

Na Câmara Municipal de Ovar, Salvador Malheiro não teve 65% dos votos como aconteceu em 2017, mas teve 58%. Mas o PS também perdeu votos, passou dos 18,6% para os 17,5%. No entanto, ambos mantiveram o mesmo número de vereadores que antes detinham: 7 para o PSD, 2 para o PS. Todos os outros partidos não conseguiram eleger qualquer vereador. Até para o Movimento 2030, esse dado foi um sinal de uma noite eleitoral para esquecer. Na Assembleia Municipal de Ovar, o PSD também teve alguma quebra, e aí sim perdeu 2 deputados municipais que foram praticamente atribuídos ao Movimento 2030 que surgiu como terceira força política mais votada. Por sua vez, PS (7), CDS-PP (1), BE (1) e PCP (1) mantiveram o mesmo número de vogais em relação a 2017. Os sociais-democratas ainda mantêm a maioria absoluta (15 contra 12 da oposição), embora o equilíbrio tenha aumentado ligeiramente, algo que consideramos ser saudável para a democracia, seja em que contexto for.

Nas freguesias em Esmoriz, Cortegaça e Maceda, os sociais-democratas venceram os sufrágios com maioria absoluta. É certo que o PS conseguiu colocar mais dois deputados em Esmoriz e mais um em Cortegaça, contudo António Sá (com 48,9 % dos votos), Sérgio Vicente Prata (com 58% dos votos) e Miguel Silva (com quase 60% dos votos) venceram claramente com maioria absoluta. E daí podemos rematar que os projectos de continuidade mereceram o voto de confiança das suas comunidades. 

Em Válega e na União de Freguesias de Ovar, os socialistas mantiveram a liderança devido aos méritos de Raul Teixeira (42,5%) e de Bruno Oliveira (36,8%; embora este último tivesse uma corrida muito renhida com Fátima Rosas do PSD).

O PSD não fez propriamente uma grande campanha e, na nossa opinião, até se lançou algo tarde, e mesmo assim, foi suficiente para ganhar expressivamente. Por sua vez, o Movimento 2030 fez um claro "all in" desde o início, e acreditavam muitos que poderia fazer mossa aos sociais-democratas, contudo tal não aconteceu. O resultado traduziu-se apenas na eleição de 2 deputados municipais e 1 deputado para as respectivas Assembleias de Freguesia de Esmoriz, Válega e União de Freguesias de Ovar. O PS também ressurgiu com mais vigor, nomeadamente em Esmoriz, e daí terem melhorado o resultado na cidade (aqui há-que reconhecer o empenho de Carlos Jorge Ferreira), contudo insuficiente ainda para desafiar António Sá, sucessor de António Bebiano, que conseguiu convencer a população com o seu projecto e equipa. 

Relativamente a Esmoriz, consideramos salutar a presença de três partidos na Assembleia de Freguesia porque pensamos que isso proporcionará um ambiente enriquecedor de troca de ideias e perspectivas. Serão 8 do PSD (48,9%), 4 do PS (26,6%) e 1 do Movimento 2030 (11,8%; representado por Sílvio Graça). Contudo, temos a esperança que todos agora representem o "partido da terra" e remem todos para o mesmo lado em prol do progresso da cidade porque é isso que importa nos próximos quatro anos. 

Quanto aos outros partidos vareiros, todos eles mantiveram praticamente os mesmos resultados que em 2017. O CDS-PP pode queixar-se de uma espécie de "empate com sabor a derrota" porque previa-se um acréscimo da sua votação sobretudo na Assembleia Municipal de Ovar (mantêm ainda um elemento), o que até aconteceu mas que não deu para eleger mais representantes (em Maceda, perderam por poucos votos a possibilidade de eleger uma vogal). O Bloco de Esquerda manteve um membro representante na Assembleia Municipal de Ovar e conquista um na União de Freguesias de Ovar, mas não apostou em listas para as restantes freguesias, o que no nosso entender, foi um erro visto que poderia ter potenciado a sua votação geral. Por sua vez, a CDU continuará a ter um deputado na Assembleia Municipal de Ovar, mas perde o elemento que tinha na União de Freguesias de Ovar, e o partido já reconheceu que os resultados ficaram aquém das expectativas.

O Chega ainda tentou intrometer-se na luta, mas a formação recente da sua delegação em Ovar e a entrada tardia em campanha (e os debates não tão bem conseguidos pelo seu cabeça-de-lista) não permitiram causar qualquer surpresa, mas mesmo assim, com 2% de votos para a Assembleia Municipal, fica o aviso de que podem vir a ganhar representatividade neste organismo nas próximas eleições autárquicas.

Em jeito de rescaldo, o PSD, independentemente dos elogios e críticas (não estamos aqui a analisar os mandatos, mas apenas os resultados), venceu as eleições no concelho de Ovar. Na lista de derrotados, não podemos excluir o PS, o Movimento 2030 e o Chega. O primeiro por não ter conseguido quebrar a hegemonia dos sociais-democratas (nem condicionar sequer as suas maiorias absolutas), o segundo porque elegeu poucos representantes e o terceiro por ainda não ter qualquer voz nos organismos públicos locais. Quanto a CDS-PP, BE e CDU é certo que esperavam um resultado melhor, mas mantêm a sua voz na esfera municipal - não é o que ambicionavam, mas também não é um retrocesso. 

Por fim, uma palavra sobre a abstenção. No concelho de Ovar, esteve perto dos 47% (Portugal teve cerca de 46,3%) e isso deveria motivar uma séria reflexão. É preciso estreitar as políticas de proximidade e envolver mais as pessoas no processo de decisão e cidadania. 




Créditos da Imagem: O Jogo

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