quarta-feira, 17 de agosto de 2016

É necessário evitar o risco de "humanização excessiva" da Barrinha de Esmoriz

Em primeiro lugar, gostaríamos de deixar bem claro um ponto prévio - somos a favor da realização de obras de requalificação na Barrinha de Esmoriz, e acreditamos que o projecto encabeçado pela Sociedade Pólis Litoral da Ria de Aveiro (entidade promotora) possui as suas próprias vantagens. Neste âmbito, apoiamos a criação de uma ponte entre Esmoriz e Paramos (e do respectivo passadiço envolvente), a construção de um cais, a reabilitação do dique fusível, a remoção de plantas infestantes e as acções (embora algo "superficiais") de desassoreamento. Como nos disseram, a lagoa será devolvida à Cidade e à população que ali poderá então encetar caminhadas e mirar a paisagem que lhe é oferecida. Será certamente um golpe fortíssimo no cenário de abandono e de ausência de vigilância em que a lagoa estava até então votada.
O problema é que quando falamos de obras ambientais, não estamos certamente a referirmo-nos às típicas obras infra-estruturais de construção de edifícios urbanos. Estamos pois perante uma tipologia distinta que assume diversas (e, por vezes, imprevisíveis) variáveis, pelo que exige uma maior complexidade.
Neste contexto, é imprescindível que se tente conservar o lado selvagem da lagoa, conciliando-o com a vertente da utilização humana. Este equilíbrio terá de ser respeitado, sob pena de muitas aves de rapina (águias, falcões, milhafres...) e de diversas garças (entre outras espécies mais raras) abandonarem definitivamente a lagoa porque a sua alta sensibilidade pode não coadunar-se com uma presença humana demasiado próxima. E claro aqui teremos de ser directos, claros e concisos - para ver humanos, já temos a cidade propriamente dita; agora para observar aves e a restante vida selvagem, só temos aqui a Barrinha de Esmoriz! Não pretendemos pois uma lagoa turística para fins exclusivos de "consumo humano"! Sim, pensamos que é importante realçar isto, de forma a que as obras corram minimamente bem. Queremos uma lagoa, onde todos possam estar presentes e viver no seio de uma harmonia saudável. Entretanto, li por aí algures que está prevista a colocação de mais passadiços (além daquele que fará a conexão com a ponte entre Esmoriz e Paramos), numa área localizada mais a nascente da lagoa (onde a presença da avifauna é seguramente bem maior!). Penso que esses "segundos" passadiços não fazem qualquer sentido porque, além de rasgarem uma parte da área envolvente da lagoa (humanização?), poderão constituir uma adversidade para a manutenção da rica avifauna que ali se localiza. E achamos por bem, num gesto de cidadania, alertarmos para estas situações, de forma a que as intervenções corram pelo melhor. Sabemos que esta é ainda a posição oficial do Movimento Cívico Pró-Barrinha, com o qual temos estado em permanente contacto. A biodiversidade (em particular a avifauna e a flora) é o principal tesouro da lagoa, e creio que todos estamos de acordo nessa questão.
Por fim, aproveitamos este mesmo texto para fazer o mesmo apelo do costume - neutralizem, por favor, as fontes poluentes. E aí deixamos a dica - façam análises à "qualidade" da água que provém da ribeira de Rio Maior (o afluente da Barrinha localizado a norte) para que todos tenham noção de que, enquanto os focos de poluição não forem eliminados, então a lagoa nunca será propícia nem para banhos, nem para a própria actividade pesqueira. 





Imagem nº 1 - É necessário saber compatibilizar a presença humana com a avifauna existente na Barrinha de Esmoriz.
Foto retirada de: https://www.youtube.com/watch?v=YO-3g-YZ4yM ("Defesa da Barrinha").

2 comentários:

  1. Olá

    Permitir que se observe a Avifauna da Barrinha contribuirá decisivamente para um maior respeito do Homem, pela Natureza que o rodeia. Creio que há formas de se observar as aves sem as «incomodar», basta ver como se faz, por exemplo, no Parque Biológico de Gaia;
    Ribeira de Rio Maior...tanta vez tenho «falado» neste «cancro poluente»....
    Cumprs
    Augusto

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