segunda-feira, 1 de junho de 2015

A Democracia da FIF(i)A

Sim, estas eleições da FIFA que se realizaram no dia 29 de Maio foram uma farsa, um atentado à transparência e à verdade desportiva. Depois de mais um escândalo de corrupção que rebentou no início da semana passada (7 altos dirigentes da organização, entre os quais 2 vice-presidentes, chegaram a ser detidos devido à presumível recepção de subornos), Joseph Blatter não teve o bom senso de adiar as eleições para outra data, até que a investigação em curso esclarecesse todos os contornos envolventes.
O que sabemos é que o presidente da FIFA, impedido agora de sair da Suiça, demonstrou ser um homem que está agarrado ao poder como uma lapa. Já lá está há 17 anos, e pelos vistos, quer continuar à frente duma organização, quando a sua autoridade e credibilidade estão nas ruas da amargura. A FIFA está a ser assim arrastada para a lama. Muitos são aqueles que duvidam da sua transparência, e quando isto acontece, é muito grave. Exige-se de urgência um novo ciclo no mundo do futebol. Blatter ainda não percebeu isso, e depois de tantos anos no poder, veio agora falar em "mudança", discurso que considerei anedótico e sem qualquer nexo. 
A atribuição do Mundial de 2022 ao Qatar foi, por exemplo, um dos processos mais tristes da FIFA, e já está ferido de morte quanto à sua credibilidade porque as suspeitas de subornos são imensas. 
Blatter poderia ter renunciado ao cargo, ou pelo menos, ter adiado as eleições, mas temendo que isso viesse a prejudicá-lo numa futura reeleição (em data incerta), insistiu na manutenção das eleições para a data marcada, isto é, poucos dias depois do escândalo ter rebentado. Ele sabia perfeitamente que o tempo jogava contra ele, e por isso, não valia a pena adiar o acto eleitoral até porque isso só iria alimentar ainda mais as polémicas até lá, o que decerto não favoreceria os seus planos de reeleição. Contudo, é incrível como não houve ninguém que o obrigasse a aceitar o adiamento das eleições que, na verdade, se impunha depois de tudo o que se passou. Infelizmente cada vez mais me convenço que o poder na FIFA está quase todo ele concentrado num homem que já não tem mais nada para oferecer (o seu ciclo já terminou!) de bom ao futebol, e é evidente que isso constituirá um péssimo augúrio nos próximos tempos.
Blatter ganhou as eleições contra um adversário de modestos argumentos, mas ao fim de 17 anos, ainda não venceu a maior batalha - devolver a credibilidade total e inequívoca à FIFA. Aliás, está cada vez mais distanciado desse objectivo... 
Não, isto não está mesmo nada famoso!




Imagem nº 1 - Joseph Blatter voltou a ser reeleito para novo mandato, vencendo o opositor Ali Bin Al Hussein, numas eleições marcadas pela polémica dos subornos (que gerou detenções) e por uma ameaça de bomba já no decurso do congresso eleitoral.

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