quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Eutanásia sem Referendo é um disparate (Opinião)

Despenalizar a eutanásia sem um referendo é, a nosso ver, mais uma prova da presunção desmesurada dos nossos políticos. Deveria ter havido um debate mais amplo com os argumentos a serem esgrimidos e apresentados à opinião pública. E depois sim, procedia-se a um referendo bem organizado porque uma decisão desta natureza (despenalizar a Eutanásia) não pode alocar-se apenas na vontade do hemiciclo parlamentar. Os políticos tomaram uma decisão. Mas sabem eles mais da matéria do que os médicos cujas vontades e conhecimentos não foram sequer inquiridos nesta votação? 
Eu até sou a favor da eutanásia (mas com limites bem definidos e com médicos ou profissionais com conhecimento de causa sobre o problema do paciente, além do consentimento fundamental deste para tal procedimento), mas da forma como o processo já está a ser conduzido, parece que vai sair daqui uma grande trapalhada... Estará a classe médica preparada para o que aí vem? De um momento para o outro, terão que aceitar que, em certos casos, terão que esquecer o papel nobre de defensores a todo o custo da vida humana, e desempenharem o papel agora indesejável de Anjo da Morte (nesses casos de eutanásia). Os médicos devem pois ter uma palavra muito importante a dizer neste processo. Aliás, os políticos percebem tanto disto como nós aqui que escrevemos sobre o assunto.
E se a capacidade de resposta da Eutanásia (cada requerimento deverá exigir papelada e etapas a cumprir) revelar índices de burocracia como as tradicionais esperas para as cirurgias, as pessoas certamente falecerão antes de serem determinadas quaisquer ordens ou autorizações. É que já somos um país com poucos cuidados paliativos (disto poucos falam!), mas queremos dar um salto, sabe-se lá, como!
O assunto é muito sério. Em certos países lá fora, já vi pessoas a serem eutanasiadas só porque padeciam de uma grave depressão, um problema sério, sem dúvida, mas não-incurável.
Eutanásia sim, mas apenas em casos extremos e incuráveis (em estado terminal), em que a vontade do paciente e as opiniões dos médicos estejam em consenso. 
Agora camuflar suicídios com a eutanásia, não obrigado!
Terá de haver bom senso sob a pena de poderem acontecer consequências trágicas.



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Um comentário:

  1. Olá
    Toda a pessoa gravemente doente deve ter o direito de escolher o momento da sua Morte. Se precisar de ajuda para o fazer, o outro, tem que ter o direito para poder dizer Não. Se disser Sim, não pode ser penalizado por ter acedido á vontade validamente expressa por uma Pessoa doente.
    Objecção de consciência por parte do Técnico de Saúde, tal como já existe na interrupção voluntária da gravidez.
    Relativamente aos Cuidados Paliativos, também se sofre...e muito, neste tipo de Serviços.
    Cumprs
    Augusto

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