sábado, 8 de junho de 2013

Assembleia de Freguesia Explosiva - dia 7 de Junho (Escola da Praia)

O nosso informador, embora tenha feito um esforço tremendo, não conseguiu acompanhar toda a sessão que se prolongou ainda por depois da 1 hora da madrugada! E porque não conseguiu? Porque o caldo já estava mais que entornado. O mau ambiente grassava completamente na assembleia. Houve gritos, berros, murros na mesa, provocações mútuas durante a Assembleia. As informações que nos chegam são muito graves e desprestigiam a cidade de Esmoriz. Os autarcas mereceram as cadeiras e as mesas, apropriadas para as crianças da Escola da Praia,  nas quais tiveram forçosamente que se sentar (o mesmo aconteceu com a plateia que foi "torturada" com este triste espectáculo). Nem as crianças teriam atitudes tão irreflectidas. A meio da reunião, uma das empregadas da escola até parece ter dito, em tom de ironia - "Falem mais alto". Pois bem, o mau ambiente estava instalado, sendo visíveis as fortes desavenças entre Rosário Relva, Líder do GIPE, e Fátima Ramalho, Presidente da Assembleia de Freguesia, e António Bebiano, Presidente da Junta de Freguesia. Mas já lá vamos...
A reunião começaria por volta das 21:30, com Fátima Ramalho a elogiar o facto da Junta de Freguesia descentralizar as suas assembleias pela Cidade inteira. Depois de Gondesende, chegava a vez da zona da Praia. Neste aspecto, concordo que a ideia foi exemplar, pois é uma forma interessante de ir ao encontro de todos os cidadãos (mas não da forma que observamos ontem à noite). 
Exposto isto, a Plateia, composta por entre 15 a 20 pessoas, poderia lançar questões, de forma a abrir a discussão.
Arménio Moreira, Presidente do Movimento Cívico Pró-Barrinha, pretendeu iniciar a reunião com o assunto do ultimato ao Governo Português sobre a Barrinha de Esmoriz, mas a sua pretensão não foi aceite e a agenda não foi assim alterada. Teve que assistir quase até ao fim para ter as informações que desejava. 
Florindo Pinto insistiu na descentralização das mesas de voto, embora António Bebiano só garanta tais mudanças no pós-eleições autárquicas. 
Por fim, Dinis Gonçalves exigiu ainda intervenções na Rua da Malta Cigana.
Após esta parte destinada ao público, começaria a "tortura", só com os autarcas a fazerem uso (muitas vezes indevido) da palavra.
Dois elementos da Bancada do GIPE afirmaram que não tinham acedido às actas, por algumas imprecisões nos e-mail's de contacto. Mas tratava-se até então de um mal menor...
Entretanto, Rosário Relva interveio, afirmando que se sentia ofendida por parte do Presidente da Junta de Freguesia, António Bebiano, quando este alegadamente terá referido que ela esteve disposta a perdoar as dívidas do Parque do Campismo de Esmoriz à Junta de Freguesia, isto na sequência do temporal de 19 de Janeiro. 
Em jeito de resposta imediata, António Bebiano tratava a ex-Presidente como "senhorita" (algo que irritava profundamente Rosário Relva), acusou-a ainda de se enganar nas chamadas que, em vez, de parar ao Responsável pelo Parque do Campismo, acabava por se destinar a um dos elementos do executivo do PSD. Rosário Relva refutou tais acusações, mas o tom de voz já estava a subir demasiado. Fátima Ramalho manifestava já algumas dificuldades em conter o tom. O descalabro começava agora, embora com algumas pausas, pois seguiram-se ainda algumas intervenções com decência...
Do lado do Partido Socialista, Miranda Gomes defendeu a necessidade de se fazer um levantamento, não só patrimonial mas do número de pessoas que passavam por dificuldades em Esmoriz na conjuntura actual. Em jeito de resposta, António Bebiano garantiu que já houve intervenções em alguns casos, nomeadamente em Gondesende e no Campo Grande, reforçando ainda a essencial colaboração com o Centro Comunitário e o Centro de Assistência Social de Esmoriz.
Por parte do Bloco de Esquerda, Carlos Jorge Ferreira defendeu um maior apoio às colectividades, isto para além duma maior aceleração das obras no âmbito do projecto de "Regeneração Urbana". Também criticou o facto da construção a betão armado junto à Praia, lamentando que já não existam espaços verdes para acolher os cidadãos. Como resposta, o Presidente da Junta de Freguesia refere que não possui muitos mais meios para intervir na questão do apoio financeiro às colectividades e remete a responsabilidade das questões urbanísticas para a Câmara Municipal de Ovar.
A bancada do GIPE defendeu uma intervenção na Rua de Gondensende (ideia lançada pela líder Rosário Relva) e um ajustamento, em termos de horário e espaço, das práticas da Arte Xávega (técnica de pesca) e das suas posteriores vendas, de forma a não interferir negativamente com as pretensões dos visitantes durante o Verão. Ambas as recomendações foram consideradas com alguma pertinência, embora não suficientes para acalmar a Assembleia.
Destaque ainda para a participação dos deputados do Grupo Parlamentar do PSD que demonstraram maiores preocupações pelo plano de urbanização. Carlos Alves, num jeito surpreendente, cedeu os seus 15 euros (valor do subsídio de transporte ou de presença na Assembleia) a uma colectividade, relembrando que é uma atitude habitual da sua parte. Achei o gesto interessante, embora alguns possam achar como "populista". O mesmo deputado do PSD tinha encetado contactos com Manuel de Oliveira, Presidente da CM de Ovar, ficando no ar a possibilidade de se criar um espaço museológico em Esmoriz, fomentando assim o valor das nossas tradições. Também se apelou a uma maior atenção para a Praia Velha de Esmoriz, nomeadamente a criação duma casa de banho amovível. O Presidente reagiu que poderia tentar pressionar a Câmara Municipal nesse ponto, embora salientasse o processo de limpeza nas Praias, acrescentando ainda que Esmoriz, para além da Bandeira Azul, terá a Bandeira de Qualidade de QUERCUS, o que é uma vitória para a cidade!
Mas a verdade é que a conversa ia correndo lentamente. Muito paleio, mas se espremessemos ao máximo, o sumo reunido era muito pouco. Como sabem, Quantidade (de tempo desperdiçado!) não é sinónimo de Qualidade! O ambiente era tenso. As pessoas desviavam-se dos pontos da mesa. A reunião deveria durar até às 2 ou 3 da Manhã. A vizinhança deveria ter dificuldades em adormecer com tanta gritaria! Eh eh eh
Fátima Ramalho, Presidente da Assembleia de Freguesia, procurou acelerar o curso da reunião, tentando interromper, por mais vezes, os deputados que, na sua óptica, fugiam ao assunto em debate. Rosário Relva lançava os discursos mais longos e por vezes, um pouco repetitivos. Por isso, o choque entre as duas foi brutal. De novo, o tom de voz elevou-se na sala, tornando a discussão feia. Acreditem que houve um senhor de idade ao meu lado que desejou tapar os ouvidos! Tudo isto perdurou até que o Deputado Guálter do PSD deu um valente murro na mesa (se fosse com mais um bocado de força, a Escola da Praia ainda ficaria com prejuízo de acolher tal reunião) para tentar colocar ordem na Assembleia, de forma a que se seguisse "religiosamente" os pontos da mesa.
Os burburinhos e os risos sucediam-se na Plateia. Não era caso para menos.
Mas a parte mais cómica veio com uma proposta, alegadamente do Grupo Parlamentar do PSD, que procurava mandatar a Junta de Freguesia junto da CM de Ovar no âmbito do Plano de Urbanização. O deputado do Bloco de Esquerda, Carlos Jorge Ferreira discordou que tal não seria necessário e que se iria abster pois tal é já uma competência da Junta que não precisa de ser votada. António Bebiano, Presidente da Junta de Freguesia, lembrou que não é com abstenções que Esmoriz vai dar o próximo salto, afirmando que tal proposta reforçaria as competências da Junta nos contactos encetados com o Município. Certo é que a referida proposta foi analisada e então o verbo mandatar  foi trocado por exigir ou até sugerir, sendo até analisada a possibilidade de envolver a assembleia toda nesta causa. Mas esta questão do português mais correcto na carta foi coisa que durou cerca de 3 quartos de hora. Infelizmente, não havia um dicionário à mão ou um linguista para se encontrar o sinónimo mais adequado. Fizeram-se mesmo intervalos, utilizados mais para apanhar ar do que para reflectir...
O mais engraçado é que a proposta não sofreu alterações, apesar de tanta discussão, e voltou à sua forma original. Rosário Relva referiu que andavam a brincar com a Assembleia. Mas não teve muito tempo para falar já que Fátima Ramalho propôs a votação imediata, na qual os autarcas levantavam a mão, ora para votar a favor, abster ou votar contra. O mais engraçado é que a primeira votação não resultou. Houve 2 ou 3 elementos que não votaram, isto é, não levantaram o braço em nenhuma das 3 situações. A votação foi repetida, mas de novo interrompida, desta feita, por Rosário Relva que desejava fazer uma declaração de voto do seu Grupo Parlamentar. Aqui o tom de voz voltou a aumentar entre as duas responsáveis. Rosário acusava Fátima de não a deixar falar, enquanto a Presidente da Assembleia de Freguesia exigia a Rosário que fizesse por escrito tal declaração e devidamente assinada por todos, alertando que é preciso ter muito cuidado com a senhora Rosário. Em jeito de resposta, Rosário Relva invocou a defesa da honra (por várias vezes), de forma a apresentar a sua (longa) versão de defesa sem ser interrompida. Exposto isto, foi necessário um novo intervalo de forma a que se reflectisse com mais frieza no assunto. E foi aí que alguém, farto de tanto mal-dizer, tomou a decisão mais correcta da noite!
De facto, foi, nesse preciso momento, que o nosso informador, farto daquelas cenas lamentáveis, abandonou a reunião. Não sei o que aconteceu depois. Provavelmente, as intrigas continuaram até às 2 ou 3 horas da manhã. Por isso, não creio que tenham existido mais novidades, até no dossier da Barrinha, o último a ser discutido.
Em suma, o que se passou ontem foi muito grave. Mais do que apontar culpados, é necessário que três elementos procurem urgentemente sentar-se à mesa e conversar saudavelmente, de forma a resolverem as suas contendas. Já na Assembleia de Gondesende, estiveram envolvidos na troca de acusações. Façam isso ao menos pela cidade/comunidade, já que ontem, desculpem, não foi uma assembleia de freguesia, mas antes uma brincadeira de muito mau gosto (uma autêntica peixeirada) para com os esmorizenses que assistiam a tudo o que se passava. Há comportamentos a mudar! E não me venham com a velha história de que "não tenho culpa absolutamente nenhuma, já que a mesma é apenas do outro", pois se continuarem todos assim, estarão de volta à Escola Primária, mais cedo do que julgam, e não é isso o que se pretende, digo eu. Falem sem criar picardias e tenham mais paciência uns com os outros. Eu sei que não é fácil, mas por vezes, é a melhor estratégia para levar a bom porto uma reunião! Tenho dito!



Imagem nº 1 - A Assembleia da Escola da Praia foi marcada por inúmeros berros!
Foto da autoria de H. A.

PS: Refira-se ainda que Carla Madureira, responsável pela Pasta da Cultura, sentiu-se indisposta durante a reunião e teve que sair. Não sabemos o que lhe terá acontecido. Esperemos sim que tenha recuperado de tal contrariedade porque a Saúde é o maior bem do ser humano. As melhoras!

8 comentários:

  1. Uma vergonha, se as assembleias do executivo anterior eram más, estas são bastante piores: insultos, mentiras, má educação, política de baixo nível,murros na mesa e uma presidente da assembleia sectária deliberadamente ao serviço do executivo sem autoridade. Fiquei atónito ao assistir a um murro na mesa de um deputado do PSD com tal violência que só posso entender isto como uma atitude monopolizadora e intimidatória, e a presidente da Assembleia assistia a tudo isto de forma serena, pois assistia a tudo isto ao serviço do PSD. A presidente da Assembleia Fátima Ramalho só tem uma saída, demitir-se de presidente da Assembleia, porque a partir do dia 07-06-13 qualquer deputado tem a mesma legitimidade de dar murros na mesa uma vez que o deputado Gualter do PSD nao foi sequer advertido pela presidente, mas há mais; o Sr. Arménio do movimento Barrinha pediu à presidente da assembleia para alterar a ordem de trabalho porque tinha uma reunião mais tarde e a presidente da Assembleia nada fez para que esta alteração fosse possível. Só há uma explicação para esta actitudes demissão
    Assistiu-se do princípio ao fim a um ataque provocatório da Fátima Ramalho e António Bebiano tentando tirar proveito da forma impulsiva da deputada Rosário Relva. Nesta assembleia a Rosário Relva teve uma atitude construtiva ao apresentar uma proposta alternativa à do PSD muito mais abrangente e edificante sobre a nossa Barrinha.
    O Dinis Gonsalves pediu uma intervenção na rua da Malta Cigana, e presidente da Junta disse que estava a planear essa intervenção (parecia marionetas manupuladas) por favor não chamem parvos aos esmorizenses.
    Fátima demite-te

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  2. Frequentador de Gondesende9 de junho de 2013 às 12:35

    Agora a culpa é toda da Fátima Ramalho? Talvez ela até interrompeu vezes a mais a Assembleia, e lançou uma ou outra picardia, mas a Dra. Rosário não pode utilizar aquele tom de voz inadmissível perante dois Presidentes da Junta, o do Executivo e o da Assembleia. O murro na mesa foi sim um acto irreflectido e deveria ter sido advertido o deputado Guálter, mas foi o único incidente em que este senhor esteve envolvido.
    Mas continuo a dizer que o problema não se concentra em apenas uma pessoa. O mau ambiente na Junta já tem um historial vasto. Não é de agora. Há maus hábitos que perduram e é contra eles que temos de lutar.
    E não atirem areia para os olhos. Não é nada fácil gerir reuniões onde não existe harmonia.

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  3. No geral, a noticia que nos é apresentada constitui um retrato fiel daquilo que foi a Assembleia de Fregusia.
    No entato, creio que existem alguns aspetos que não estão totalmente corretos. É referido que a pretensão do Sr. Arménio Moreira não foi aceite. Não é completamente verdade. A pretensão foi aceite, aliás, foi proposta à mesa e ninguém se opôs. No entanto, creio que terá acontecido um erro de compreensão da Sra Presidente da Assembleia, que entendeu que o Sr. Arménio pretendia tomar a palavra em primeiro lugar, quando se chegasse ao ponto em questão, enquanto que o que o Sr Arméno pretenderia seria falar ainda antes do periodo da ordem do dia. Trata-se de uma falta de compreensão, não de falta de aceitação.
    Por fim, deixar uma palvra de apreço pela atitude do deputado Carlos Alves.

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    1. Olá Emanuel

      Então se foi assim, o lapso fica então assinalado. De qualquer das formas, trarei novidades sobre o ultimato pela causa da Barrinha porque isso agora é o mais importante. Agradeço, desde já, o seu relato.

      Os melhores cumprimentos

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  4. Se alguma incompreensão houve relativamente à mudança do timing da discussão sobre o ultimato, essa incompreensão resultou de não quererem mudar esse ponto.
    Eu estava presente e bem ouvi o que sr. Arménio pediu. Disse e passo a citar "Estão aqui 3 membros do Movimento Cívico, que têm outros assuntos a tratar e, dado que a reunião poderá ultrapassar a 1 h da manhã, agradecíamos que fosse mudada a ordem da agenda, para se poder proceder à discussão do assunto".
    Ora se isto gera "incompreensões" não me admira que as reuniões sejam todas como a que eu assisti.
    Decididamente há gente que aquilo que mais gosta é ouvir-se a si próprio. A maior parte das intervenções são feitas numa linguagem que mais não é do que uma tentativa de descarregarem o léxico mais duro e pouco usual, provavelmente para mostrarem uns dotes de oratória atabalhoados e tentarem impressionarem-se uns aos outros, sem saber o que estão a dizer e que no final resultam apenas numa coisa: nada de nada.
    Por favor: sejam sucintos e práticos.
    Que vergonha!

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    1. É verdade que o Sr. Arménio disse exatamente o que relatou no seu comentário. E , visto que eu estava presente, o meu entendimento foi que o Sr Arménio pretendia obter a palavra imediatamente. Tal como terá o entendimento da maioria dos presentes. No entanto, a Presidente da Assembleia não terá entendido que era isso que o Sr Arménio pretendia.
      No entanto, e com todo o respeito, não me parece que essa incompreensão se deve ao facto de "não quererem mudar esse ponto". O ponto era da maior relevância, aliás, seguramente um dos únicos assuntos capazes de unir as diversas forças políticas em Esmoriz, pelo que discordo que se tenha tratado de má vontade da Assembleia.
      Quanto ao seu conselho "sejam sucintos e práticos" não podia estar mais de acordo consigo.

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  5. No caso do Sr. Arménio, eu não acredito muito que tenha existido má vontade, mas de facto, não podemos negar que, por qualquer motivo, o seu pedido não foi atendido. De qualquer das formas, considero a incompreensão observada como uma "atenuante" neste caso e acho que o leitor Emanuel Bandeira fez bem em referir isso!

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  6. Atenção, em nenhum momento deste blog, acusei alguém individualmente do que seja o que for! É claro que falei em nomes, mas tive o cuidado de não individualizar. Não pretendo com isto condenar nem perseguir ninguém em concreto. Foi tudo por uma questão de imparcialidade. Agora, pode existir uma ou outra imprecisão e até pode existir pessoas que tivessem uma perspectiva distinta, talvez mais habituadas já a este tipo de situações, mas aproveito para dizer que mantenho, no geral, aquilo que disse. Pode ter existido uma ou outra imprecisão, repito, mas como confirmou o nosso caro Emanuel Bandeira (não foi o único, pois fisicamente estive em contacto com mais 2 pessoas), o retrato apresentando foi fiel, talvez não a 100%, mas, pelo menos, a 85-90%. Estou de consciência tranquila.

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