Há medida que os testes se vão realizando, mais casos surgem naturalmente. Ao todo, já estão confirmados 94 casos de infecção por COVID-19. O número deverá ultrapassar, nos próximos dias, a fasquia dos 100, o que é certamente preocupante para um concelho de dimensão média como Ovar.
Chega a ser intrigante esta estatística. Como é que foi possível atingir-se um foco destas dimensões? Logicamente, não estamos a culpabilizar ninguém. Aliás, consideraria doentio se algum partido político tirasse proveito desta situação.
Apesar de não sermos propriamente fãs do Carnaval, não acreditamos que tenha sido por causa deste evento mega-cultural que o vírus se tenha propagado (embora o mesmo já estivesse bem alojado na China e em vários pontos do Oriente). Também pensamos que a autarquia não poderia ter feito nada para impedir a entrada do COVID-19 no concelho.
Mas a forma como isto se disseminou vertiginosamente merece ser averiguada com detalhe. Talvez seja sinal de que as restrições adoptadas pecaram por tardias e que determinadas empresas ou centros médicos deveriam ter deixado logo de laborar sempre que existissem suspeitas.
Felizmente, a Câmara Municipal de Ovar soube impor-se no terreno e reivindicar a atenção governamental, mesmo ganhando a inimizade eterna de alguns empresários. Criou um Gabinete de Crise, liderado por profissionais e voluntários de alto brio - os quais são também heróis nesta história. Os autarcas locais foram corajosos, e esse mérito deve ser reconhecido. Muito sinceramente, marcaram pontos porque senão isto tinha alcançado proporções ainda mais dramáticas.
No entanto, a guerra está longe de ser ganha.
Duas pessoas do concelho já partiram, e este número, infelizmente, não deverá ficar por aqui porque o Serviço Nacional de Saúde terá um desafio muito duro ao enfrentar, muito em breve, o pico de Abril.
Mas uma coisa é certa - em Ovar, está a fazer-se tudo o que é possível.
Direitos da Imagem: EPA/Estela Silva
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