terça-feira, 14 de abril de 2020

Em diálogo com Carla Madureira


À conversa com uma convidada especial
5 Perguntas de Rotina, 5 Respostas de Quarentena

Hoje é dia de falarmos com Carla Madureira, deputada eleita pelo PSD na Assembleia da República. Vamos tentar saber o que ela nos tem para dizer sobre este momento conturbado vivido pela sociedade portuguesa.


1 – Olá Sra. Deputada Carla Madureira. Que impacto sentiu quando foi decretado o Estado de Quarentena em Ovar? Acha que foi uma medida justa? Ou o Estado de Emergência Nacional só por si bastaria?

R: A restrição de direitos e da liberdade plena tem um impacto muito forte em cada um de nós e na nossa vivência, mas temos que ter a consciência de que é por um bem maior. O cerco sanitário em Ovar é anterior à declaração de estado de emergência e resulta de uma decisão da autoridade local de saúde pública, a que o Governo, ouvida a Câmara Municipal, deu seguimento. Não sou expert em saúde pública, mas a minha perceção da situação no território, da forma como a propagação da doença estava a evoluir, diz-me que foi uma decisão correta, mas, todos - autoridade de saúde pública e decisores políticos e nós – navegamos num mar nunca antes navegado, porque o vírus e o seu comportamento são ainda um ponto de interrogação para a própria ciência. Foi uma decisão técnica e política corajosa e muito difícil de tomar pelas consequências, no imediato e a prazo, que acarretam para os trabalhadores, as famílias e as pequenas, médias e grandes empresas. Face aos dados que dispunham, essas mesmas autoridades entenderam que a medida deveria ser renovada, mas permitindo a laboração de um leque maior de indústrias. Independentemente da posição que, cada um possa ter sobre o assunto, uma coisa não pode mudar: a nossa responsabilidade individual e coletiva de nos protegermos e de protegermos os outros.



2 – A propagação do COVID-19 tem deixado um lastro social preocupante. Como avalia a intervenção do Governo Português neste dossier? Acha que têm lidado bem com a situação? O que faria diferente?

R: Nesta altura devemos estar focados em resolver os problemas e não em criticar quem tem a espinhosa missão de gerir o país e o concelho de Ovar neste cenário de autêntica guerra. O que os ovarenses e os demais portugueses esperam dos responsáveis políticos é que cerrem fileiras, se concentrem no desafio coletivo de conter a propagação do vírus, tratar dos doentes, salvar vidas e, tanto quanto possível procurar amortecer e suavizar os danos sociais e económicos que inevitavelmente daqui resultarão.
A avaliação política far-se-á mais tarde, quando a emergência sanitária estiver ultrapassada. Aí, será o momento de analisarmos tudo e, se for caso disso, apontar e pedir responsabilidades. Isso não nos inibe, obviamente, de, neste quadro de emergência, dar o nosso contributo, de alertar e propor. Foi o que fiz, enquanto deputada, ao chamar a atenção do ministro da Economia para a necessidade de uma discriminação positiva para os trabalhadores e empresas do concelho de Ovar, atendendo à singularidade das medidas a que estão sujeitas e que as prejudicam relativamente às demais do resto do país. Na mesma linha de atuação, nós, deputados de Aveiro do PSD, sensibilizámos a ministra da Saúde para se concretizarem e acelerarem os testes nos lares de idosos do distrito de Aveiro.
Acompanho diariamente a evolução da situação, a partir do nosso Concelho, já pude constatar o trabalho hercúleo que o gabinete de crise do Município está realizar, e espero que esta semana se concretize, finalmente, a abertura do hospital de campanha, dada a premência e a enorme urgência da situação que se vive.



3 – A Junta de Freguesia de Esmoriz criou recentemente uma página de orientação para os cidadãos, ao nível dos serviços ainda disponibilizados na cidade. O que pensa desta iniciativa?

R: Nestes momentos de crise a gestão da comunicação é um fator crítico. A Junta de Esmoriz, no âmbito da sua atuação, decidiu criar um site e uma página de Facebook com informação específica e útil sobre a pandemia, o reporte diário da evolução da doença em Esmoriz e no Concelho, os serviços essenciais disponíveis na cidade, bolsa de voluntariado, produção legislativa de interesse para o quotidiano das pessoas nesta altura. Sou suspeita para avaliar, porque me foi solicitada colaboração e tenho dado o meu humilde contributo nesse projeto. Permita-me, também, reconhecer o papel importantíssimo que as IPSS da cidade e os voluntários que se organizaram para levar ajuda e um pouco de conforto e carinho aos cidadãos mais vulneráveis.



4 – Salvador Malheiro, Presidente da Câmara Municipal de Ovar, tem sido incansável na defesa dos direitos da comunidade vareira. Como avaliaria o seu desempenho ao longo deste período?

R: Como disse antes, este não é um momento para fazermos avaliações definitivas, mas constato que tem sido publicamente reconhecida, dentro e fora do concelho, a sua entrega e dedicação na defesa do município e das suas gentes, a sua presença permanente no terreno e o seu papel de interlocutor. Salvador Malheiro, Presidente da Câmara Municipal de Ovar, tem sido incansável na defesa dos direitos da comunidade vareira.



5- E quanto ao impacto económico, acredita que o país e, em concreto, o concelho de Ovar poderão ultrapassar as consequências provocadas pela paragem forçada da actividade laboral/comercial?

R: Ainda não sabemos por quanto mais tempo se prolongará este combate sanitário, mas o País precisa de uma estratégia de mitigação dos danos nas empresas e nas famílias, que abra caminho a um posterior processo de recuperação e de relançamento da nossa economia.
Neste processo, sinalizámos desde já, que o governo não poderá tratar por igual aquilo que é diferente, ou seja, os trabalhadores e as empresas de Ovar que estiveram e estão sujeitos a medidas excecionais que paralisaram completamente a sua atividade e que não tiveram paralelo em qualquer outro município do continente.
Ao governo e às autarquias competirá, articuladamente, tratar de mobilizar meios e mecanismos de capitalização das empresas, de recuperação económica e de melhoria da competitividade da nossa economia. Em simultâneo, fomentar o emprego, apoiar as famílias, especialmente as mais vulneráveis, e dotar as nossas IPSS e o setor social de recursos para ajudar quem precisa.
Estou convencida de que o concelho de Ovar, com o espírito de resiliência e de solidariedade que o caracteriza, e que são tão visíveis nestes dias difíceis, vai dobrar o cabo das tormentas, voltar a sorrir e a ser um território próspero, económica e socialmente dinâmico, e empreendedor.


Agradecemos o tempo que nos concedeu.
Um abraço






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