quinta-feira, 16 de abril de 2020

Em diálogo com Luís Miguel Ferreira


À conversa com o representante máximo de uma instituição primordial
5 Perguntas de Rotina, 5 Respostas de Quarentena
(Publicado originalmente na Página da Comissão de Melhoramentos de Esmoriz)


Hoje é dia de falarmos com Luís Miguel Ferreira, Presidente do Conselho Directivo do Hospital Francisco Zagalo (Ovar). Vamos tentar conhecer o papel imprescindível desta unidade hospitalar e da sua equipa no combate ao terrível vírus do COVID-19.


1 – Olá Luís. Neste momento, existem 581 infectados confirmados e 23 mortos registados. Considera estes números preocupantes ou pensa que poderia ter sido pior se não tivesse havido uma mobilização prévia no concelho? 📌

R: Uma morte que seja é sempre motivo de preocupação. O que é necessário é que, em todo o momento, façamos aquilo que está ao nosso alcance para tratarmos bem os nossos doentes e salvarmos vidas. De qualquer modo, houve sempre esta preocupação de antecipação de necessidades por parte das entidades locais, em particular da Câmara Municipal no contexto do Gabinete de Crise, onde se incluem as entidades da Saúde como o Hospital de Ovar, Autoridade Local de Saúde Pública, Aces e ARS_Centro. E é isso que vamos continuar a fazer.



2 – Que impacto foi sentido no Hospital de Ovar? Houve meios médicos e materiais suficientes para responder a esta pandemia do Coronavírus? Tem havido camas disponíveis para doentes nos cuidados intensivos que padeçam deste vírus? 📌

R: O impacto no nosso Hospital tem sido enorme. O nosso Hospital hoje não é o mesmo que se via há 1 mês atrás. Foram reconfigurados serviços e criados outros, realinhadas equipas e reformulados espaços no sentido de nos adaptarmos à nova realidade. Estamos a contratar novos profissionais, uma vez que as nossas equipas, também elas, foram reduzidas pelo facto de termos também profissionais infetados. Por outro lado, abrimos uma nova enfermaria no Hospital de Campanha para aumentarmos a nossa resposta. Para clarificar, o nosso hospital não tem cuidados intensivos nem intermédios. Quando existe essa necessidade, o doente é encaminhado para os hospitais de referência desta região.



3- Nesta segunda-feira, foi inaugurado o novo Hospital de Campanha na Arena do Dolce Vita de Ovar, uma extensão da vossa unidade. Como avalia este passo? Foi mesmo necessário? 📌

R: A nossa capacidade instalada de camas para receber doentes Covid no Hospital estava esgotada. Temos 21 camas e estão já todas ocupadas. Daí que aumentar a nossa capacidade para mais 38 camas seja muito importante, naturalmente. De qualquer modo, replicar uma enfermaria do Hospital num espaço como a Arena Dolce Vita é um exercício muito exigente e desafiante. Os cuidados a prestar aos utentes devem ser feitos com segurança, rigor e conforto quer para os utentes quer para os profissionais.



4 – Como tem sido a vossa articulação com o Gabinete de Crise de Ovar? E como avalia a actuação deste organismo? 📌

R: O Hospital de Ovar participa ativamente nos trabalhos do Gabinete de Crise que, na minha opinião, tem funcionado muito bem. A minha avaliação é muito positiva pela partilha de informação que se gera e pelas decisões que se tomam e que permitem uma melhor articulação entre as várias entidades presentes e a própria comunidade. Todas as instituições estão a desempenhar exemplarmente o seu papel e o Senhor Presidente da Câmara, que lidera o Gabinete, bem como os Senhores Presidentes de Junta de Freguesia, têm feito tudo para apoiar, no terreno, as iniciativas que protejam o melhor possível o povo vareiro, nesta fase de grande dificuldade coletiva, quer para os cidadãos quer para as empresas.



5 – Por fim, sabemos que foi lançada uma parceria entre o Coração Vareiro Solidário e o Hospital Francisco Zagalo. O projecto Hope visa a angariação de fundos para o vosso Hospital de forma a lidarem com as vossas despesas ou adquirirem equipamentos para dar resposta a esta crise. Poderá conceder-nos mais pormenores sobre o projecto Hope? 📌

R: O HOPE é um movimento da sociedade civil, organizado por ativistas voluntários que pretendem ajudar o nosso Hospital. Depois de um processo de recolha de EPI’s junto de empresas, pretendem agora desenvolver uma campanha de angariação de fundos a reverter para o Hospital. Entre 13 e 19 de abril, serão transmitidos eventos por artistas performativos (música, teatro, dança, entre outros) e artistas plásticos. Ontem ouvi o José Cid e foi fantástico. É uma iniciativa muito interessante que, de forma comovida, agradecemos.


Agradecemos o tempo que nos concedeu.
Um abraço



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