Muito se tem dito e escrito, tendo como tema a “Barrinha”. Opiniões de solução do problema são aos montões. Algumas medidas de correcção têm sido tomadas, e postas em execução. Os resultados práticos, poucos são os que têm acontecido, já que no que respeita a resultados definitivos tenhamos de ficar pela miragem.
Mas, nunca é demais trazer o assunto às páginas dos Jornais, por razões de uma qualquer ordem, já que “tudo”, aproveitado aqui e ali, é o “todo” Barrinha.
O apaixonado, Sr. Sá Ferreira, teve o cuidado de transcrever um esboço de mapa, recolhido junto do dicionário geográfico do Padre Luís Cardoso, que nos mostra a Barrinha no ano de 1758.
Fez uma distribuição desse exemplar por alguns esmorizenses, ilustrado com fotografias de 1929, que nos mostram barcos à vela, sulcando as águas da Lagoa, e um hidrovião que poisou em 1938.
São factos que ilustram a história da tão amada e cantada Barrinha. E para que em Esmoriz mais se conheça da história daquela Lagoa, que definha e que se encontra “atulhada” de promessas de políticos, nos permitimos transcrever uma carta que da Câmara de Ovar seguiu para o Governo Civil de Aveiro, datada de 26 de Dezembro do ano de 1883.
Este documento relata o propósito da tentativa de ocupação particular, alicerçada em um pedido formal, que justificou a elaboração de um processo.
“Transcrição”
“Satisfazendo ao officio de V. Exª. de 29 de Novembro ultimo sob nº. 813 acompanhando o processo em que o Visconde da Trovisqueira e Charles Manay (??) pedem a consessão da Lagoa denominada a Barrinha situada parte na freguezia de Esmoriz, deste concelho, e parte na de Paramos, do concelho da Feira, devo informar a V. Exª. o seguinte.
Que a Lagoa denominada a Barrinha, tem sido considerada desde epocha muito remota, pertença daquellas freguezias, por isso que os terrenos que ella allaga, e que circundam são propriedades de muitos moraddores das mesmas, e da Junta da Parochia da freguezia de Esmoriz, os quais todos estão na posse immorial de usufruirem da mesma tudo aquillo que lhes pode approveitar, como peixe, estrumes, junco, pastagens, etc. e assim também a custa d’elles está o darem vasante a esta lagoa para o mar quando cheia de mais abrindo-lhe caminho.
Chamei à minha presença grande numero de pessoas mais importantes da freguesia de Esmoriz, como Parocho, Juiz Ordinário, Junta de Parochia, Regedor, ect. E todos manifestaram grande opposição a uma consessão do que elles consideram sua propriedade. Devo ainda dizer mais a V. Exª. que esta opposição é tão manifesta que se tal consessão fosse feita, é minha oppinião, que a mesma se não poderia tornar effectiva sem grandes desordens e conflictos d’aquelles povos.
Ovar, 26 de Dezembro de 1883
a)Domingos Aralla
Leia-se a “Informação Paroquial, do abade de Esmoriz, Bento Assumpção Pimenta, de Abril de 1758, a paginas 21/22 (Questão nº. 23) em “O Concelho de Ovar nas Memórias Paroquiais”, edição da Paróquia de Ovar.
São curiosíssimas as informações ali dadas, confirmando e esclarecendo melhor, quais e como, os direitos dos povos à Barrinha de Esmoriz.
Florindo Pinto (in OvarNews)
Imagem nº 1 - A Barrinha de Esmoriz/Lagoa de Paramos.
Foto da autoria do Cusco de Esmoriz
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