Em primeiro lugar, é de enaltecer a qualidade das reportagens dos jornais Expresso e Observador (este último digital). Só leitores de má fé ou com uma cegueira partidária fora do comum poderão negar as evidências ali reunidas. São muitos atropelos, irregularidades que num país a sério teriam de ser melhor explicadas nos tribunais. São militantes fantasma, são dezenas de militantes a viver numa mesma casa ou a possuir o mesmo número de telemóvel, são residências que afinal não existem, enfim, uma trapalhada que até uma criança de dez anos descortinaria ao olhar para os cadernos de registos.
Tudo isto começou, pelo menos, em 2015, aquando das eleições distritais do PSD Aveiro, em que Salvador Malheiro destronou Ulisses Pereira. Passaram-se então dois anos, e houve tempo mais que suficiente para que este imbróglio, já na altura muito falado, pudesse ter sido devidamente regularizado para não dar azo a novas polémicas. Tal não aconteceu, e os seus protagonistas não hesitaram em lançar-se em nova aventura, apoiando a candidatura de Rui Rio à liderança do PSD Nacional. Claro que os órgãos de comunicação social mais afectos à lista de Pedro Santana Lopes não pensaram duas vezes em desenterrar esta questão. E uma vez mais, Esmoriz foi notícia pelos piores motivos.
Só que desta feita, a história foi longe demais. Já não foram apenas as inscrições absurdas a serem notícia, mas também o recurso a uma carrinha de uma colectividade que foi filmada por jornalistas do Observador durante o dia do acto eleitoral. Se antes já se desconfiava de semelhantes tácticas, a gravação em flagrante desfaz quaisquer tipo de dúvidas e pode até comprometer seriamente a instituição que foi envolvida em toda esta confusão, caso venha a decorrer uma investigação posterior. A lei é clara - nenhuma colectividade pode colocar em causa a sua isenção em questões políticas. Uma coisa são apoios individuais, naturalmente legítimos, outra é colocar os meios logísticos de uma instituição, que se requer imparcial, em prol de uma eleição.
Enquanto director de campanha de Rui Rio, Salvador Malheiro já veio a público dizer que não tem nada a ver com isso, apesar de ter cumprimentado calorosamente os eleitores que saíam da carrinha. Diz que foi tudo uma iniciativa espontânea, fruto do acaso.
Apesar de o vídeo não o comprometer directamente (pelo menos, do ponto de vista penal), são tudo desculpas esfarrapadas que não convencem ninguém, ou melhor, que apenas são suficientes para os seus fervorosos apoiantes. Pelos vistos, a dita carrinha já tinha sido utilizada em eleições anteriores (existem registos fotográficos que o comprovam, disponibilizados até na página de apoio da candidatura ao actual presidente), e o edil pouco se importara com a situação e com a polémica que daí poderia advir, negligenciando a imagem e a credibilidade de uma instituição de vinte e seis anos que havia desenvolvido um bom trabalho cultural em prol da cidade de Esmoriz. E esperemos que a justiça não venha agora a cair sobre esta colectividade, porque aí sim, o vídeo já poderá ser comprometedor para esta.
Claro que os que defendem que tudo se tratou de um acto natural e normal (inscrições mais carrinha) são os mesmos que logo a seguir se desculpam que a lista concorrente cometeu o mesmo tipo de irregularidades. Ou seja, à boa maneira portuguesa, gostamos de desculpar os nossos erros com os erros dos outros, mas entretanto a nossa democracia continua doente, e nem as novas gerações da classe política parecem interessadas em proporcionar um novo advento de ética e transparência. É muito fácil recorrer a estas duas palavras, mas na prática, nada acontece.
Outros alegam que isto apenas diz respeito à família PSD, mas é mais uma inverdade que pode ser facilmente desmontada, porque ao envolver uma colectividade local e o facto de cidadãos, sem filiação partidária, terem sido incomodados nestas eleições porque as suas residências se cruzavam com os duvidosos registos dos cadernos partidários, só vem confirmar que isto tem uma amplitude bem maior que se julga.
É pena porque assim o país continuará a ser minado por interesses e influências, e não pela credibilidade.
Francisco Sá Carneiro já dizia "a política sem ética é uma vergonha", e José Saramago "o pior cego é aquele que não quer ver".
Só que desta feita, a história foi longe demais. Já não foram apenas as inscrições absurdas a serem notícia, mas também o recurso a uma carrinha de uma colectividade que foi filmada por jornalistas do Observador durante o dia do acto eleitoral. Se antes já se desconfiava de semelhantes tácticas, a gravação em flagrante desfaz quaisquer tipo de dúvidas e pode até comprometer seriamente a instituição que foi envolvida em toda esta confusão, caso venha a decorrer uma investigação posterior. A lei é clara - nenhuma colectividade pode colocar em causa a sua isenção em questões políticas. Uma coisa são apoios individuais, naturalmente legítimos, outra é colocar os meios logísticos de uma instituição, que se requer imparcial, em prol de uma eleição.
Enquanto director de campanha de Rui Rio, Salvador Malheiro já veio a público dizer que não tem nada a ver com isso, apesar de ter cumprimentado calorosamente os eleitores que saíam da carrinha. Diz que foi tudo uma iniciativa espontânea, fruto do acaso.
Apesar de o vídeo não o comprometer directamente (pelo menos, do ponto de vista penal), são tudo desculpas esfarrapadas que não convencem ninguém, ou melhor, que apenas são suficientes para os seus fervorosos apoiantes. Pelos vistos, a dita carrinha já tinha sido utilizada em eleições anteriores (existem registos fotográficos que o comprovam, disponibilizados até na página de apoio da candidatura ao actual presidente), e o edil pouco se importara com a situação e com a polémica que daí poderia advir, negligenciando a imagem e a credibilidade de uma instituição de vinte e seis anos que havia desenvolvido um bom trabalho cultural em prol da cidade de Esmoriz. E esperemos que a justiça não venha agora a cair sobre esta colectividade, porque aí sim, o vídeo já poderá ser comprometedor para esta.
Claro que os que defendem que tudo se tratou de um acto natural e normal (inscrições mais carrinha) são os mesmos que logo a seguir se desculpam que a lista concorrente cometeu o mesmo tipo de irregularidades. Ou seja, à boa maneira portuguesa, gostamos de desculpar os nossos erros com os erros dos outros, mas entretanto a nossa democracia continua doente, e nem as novas gerações da classe política parecem interessadas em proporcionar um novo advento de ética e transparência. É muito fácil recorrer a estas duas palavras, mas na prática, nada acontece.
Outros alegam que isto apenas diz respeito à família PSD, mas é mais uma inverdade que pode ser facilmente desmontada, porque ao envolver uma colectividade local e o facto de cidadãos, sem filiação partidária, terem sido incomodados nestas eleições porque as suas residências se cruzavam com os duvidosos registos dos cadernos partidários, só vem confirmar que isto tem uma amplitude bem maior que se julga.
É pena porque assim o país continuará a ser minado por interesses e influências, e não pela credibilidade.
Francisco Sá Carneiro já dizia "a política sem ética é uma vergonha", e José Saramago "o pior cego é aquele que não quer ver".
Imagem nº 1 - A nosso ver, Rui Rio era a melhor escolha para a liderança do PSD Nacional. Apesar de tudo, foi um justo vencedor. Não é isso o que está aqui em causa, mas tudo o que aconteceu em Esmoriz.
Foto - Observador
Onde esta a ética de RR?
ResponderExcluirhora bem quando o malheiro foi a esmoriz e eu vi o video comentei logo dizendo que na politica nunca há fumo sem fogo e que não acreditava em bruxas mas que lhas há há não conheço politicos que de uma maneira ou de outra não tenham uma pontinha de currupto se es pobre e queres ficar rico vai para a politica deita ir na onda perde a vergonha encosta-te aos espertos e logo ves 2 anos e ficas safo e uma vergonha
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